Candidato derrotado do PT à Presidência da República em 2018, Fernando Haddad criticou nesta quinta-feira (09), em Vitória, os cortes na educação anunciados pelo governo Jair Bolsonaro (PSL). O ex-ministro da Educação discursou para militantes, próximo ao teatro da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
A primeira grande derrota do Bolsonaro vai ser devolver cada centavo que tirou da educação. Cada centavo que tirou dessa federal. E se demorar, vai ter que pagar com juros, afirmou Haddad. Neste momento, arrancou aplausos e gritos dos militantes.
Em entrevista coletiva, Haddad afirmou que quem conhece a história do Brasil, sabe que a educação é um problema para a direita. A direita tem alergia à educação, sobretudo a superior, pois é ali que a pessoa desenvolve senso crítico, afirma.
Lideranças locais do Partido dos Trabalhadores (PT), como o deputado federal Helder Salomão e a deputada estadual Iriny Lopes, estiveram ao lado do ex-ministro da Educação durante o ato e também durante entrevista coletiva realizada horas antes.
Em conversa com jornalistas, Haddad também criticou a reforma da Previdência, que tramita no Congresso Nacional. O ex-ministro diz que, da forma como é a proposta atual, as pessoas de baixa renda são prejudicadas. O governo tem discurso que está atacando privilégios. Mas, quando abrimos as contas, vemos que 80% da reforma incide sobre o trabalhador que ganha até três salários mínimos. Haddad comentou, ainda, sobre a condenação do ex-presidente Lula e sobre a perda de bancada do PT nas últimas eleições.
Confira a entrevista:
Em 2016, a presidente Dilma falava que o Brasil precisava enfrentar uma reforma da Previdência. Como está a discussão interna? Não é o caso de ter um novo entendimento de como a bancada do PT deve enfrentar essa reforma?
O presidente Lula fez, em 2003, uma reforma. Não só reconhecida como necessária como fez. Hoje o governo tem discurso de que está atacando privilégios. Somos a favor da previdência por repartição simples. E não por capitalização.
Quando você abre as contas, percebe que 80% da reforma em cima do trabalhador que ganha três salários mínimos. A população não consegue fechar o mês. Como vai criar regime em que é obrigado a poupar o que não tem para título de capitalização? Não vai funcionar.
Quais são os planos do partido em nível nacional e estadual? Como pretende aumentar a bancada no Espírito Santo nas próximas eleições, visto que perdeu bancada nas eleições gerais?
Estamos começando a discutir 2020 agora. O PT tem uma das melhores experiências municipais do país. João Coser ganhou projeção nacional. Todos os partidos diminuíram. O PT tem uma bancada muito qualificada. Não tenho dúvidas de que vamos ter um bom time para 2020. Vamos saber apoiar partidos do campo progressista que estejam bem posicionados. É um dever cívico evitar o que está acontecendo no Brasil.
Há uma defesa do PT sobre não ter provas contra o Lula. Como o senhor avalia o fato de ele ter sido condenado não só por Moro, mas também pela Turma do STJ e pelo TRF-4?
Nada mudou desde que a sentença de Moro foi proferida. Não conheço nenhum presidente que tenha sido condenado por corrupção por um ato indeterminado. Quando é condenado por corrupção, exige-se que diga o que a pessoa fez. Digo que você é corrupto, mas não o que você fez. O STJ se recusou a discutir provas. Lamento contrariar uma decisão judicial, mas a Justiça também erra.
O senhor acha que os cortes na educação são uma retaliação?
A universidade pública é muito representativa no país. A direita tem alergia à educação, sobretudo a superior, porque é ali que a pessoa desenvolve um senso crítico. A extrema direita tem dificuldade em formar pessoas autônomas, que pensam com a própria cabeça. Filosofia, sociologia... Todas as coisas que podem fazer as pessoas pensarem, para não serem só mão de obra barata no país, é um problema para eles. Tem sido assim ao longo da história do país.
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