No Espírito Santo, houve aumento nos gastos dos candidatos ao cargo de deputado federal na campanha de 2018. Entretanto, isso não se refletiu, necessariamente, em resultado positivo nas urnas. É o que mostra o estudo Os Custos da Campanha Eleitoral no Brasil, realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com a Fundação Brava, divulgado nesta segunda-feira (13).
O levantamento aponta que houve aumento em torno de 35% dos gastos por todos os candidatos a deputado federal nas eleições de 2018 no Espírito Santo. Outras 14 unidades federativas também apresentaram aumento, entre elas Acre, Amapá e Roraima. O Espírito Santo foi o 6° no ranking dos que mais tiveram variação de gastos nas eleições de 2014 para a disputa de 2018.
Para o coordenador da pesquisa, o professor da FGV George Avelino, houve descentralização da verba. Os gastos aumentaram porque, provavelmente, entrou mais dinheiro via fundo eleitoral e partidário. Mais dinheiro foi distribuído entre os candidatos.
A comparação é realizada entre as duas últimas eleições porque, em 2016, o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu o financiamento eleitoral por empresas. No Espírito Santo, os gastos aumentaram porque, provavelmente, o maior financiamento não vinha de empresas, então não sofreu muito, explica Avelino.
MENOR
O aumento de gastos nas campanhas de deputados federais, segundo o pesquisador, não se reflete nas urnas. Gastaram mais, mas não necessariamente foram eleitos, diz o professor. É que, desse aumento, apenas 38% dos gastos totais são parte dos candidatos eleitos. Número inferior ao da eleição de 2014, quando os gastos dos eleitos totalizava 46%, diz Avelino.
A taxa é a menor do Espírito Santo desde a eleição de 2002, quando os eleitos gastaram 47% da verba total. O pico aconteceu em 2006, quando 66% foram dos gastos totais foram dos deputados federais eleitos. Desde então, o índice diminuiu e atingiu o menor número na eleição passada.
A participação dos eleitos nos gastos totais também sofreu queda na taxa nacional. Em 2014, foi de 63% e, em 2018, 44%.
O pesquisador traça o perfil dos prejudicados com a proibição da doação de empresas. São homens, brancos, com ensino superior, e com certo patrimônio. Configuram um cara mais provável a ter financiamento empresarial, explica Avelino.
A desigualdade de gastos entre candidatos brancos, negros e pardos também caiu. De acordo com a pesquisa, também houve diminuição na diferença do valor de gastos em relação a gênero. Em 2014, homens gastaram R$ 1,2 bilhão a mais. Na eleição passada, a diferença foi de R$ 550 milhões a mais para os candidatos homens.
A pesquisa aponta, também, a evolução do gasto médio dos candidatos ao cargo de deputado federal eleitos por estado. Em 2014, o gasto médio no Estado foi de R$ 1.091.205. Já, em 2018, o gasto aumentou para R$ 1.218.679 por cargo.
A pesquisa, embora tenha foco nos deputados federais, também traz dados sobre os cargos de deputado estadual, senador, governador e presidente.
O valor médio entre os candidatos a deputado estadual no Brasil, na eleição de 2014, foi de R$ 729,400 mil. Já em 2018, caiu para R$ 308,221 mil. Os que concorriam ao cargo de senador, tiveram gastos médios, em 2014, de R$ 5.761.590. Já, na eleição passada, o valor foi de R$ 1.750.139.
Os cargos de governador e presidente, aponta o estudo, foram os que mais sofreram com a proibição de doação por parte das empresas. As variações foram, de acordo com a pesquisa, -78.23% e -99.37%, respectivamente.
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