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Servidores externos captam demandas da população, dizem deputados

Servidores externos captam demandas da população, dizem deputados

Relatórios obtidos pelo Gazeta Online por meio da Lei de Acesso a Informação mostram que funcionários registraram idas a festa e igreja como atividades de trabalho

Publicado em 18 de maio de 2019 às 00:34

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(Gazeta Online)

Deputados citados na reportagem sobre o conteúdo dos relatórios dos seus respectivos assessores externos, publicada nesta sexta-feira (17), garantem que todo o trabalho desempenhado pelos funcionários que dão expediente fora da Assembleia Legislativa é de interesse público.

Para os parlamentares, é por meio desses profissionais que os mandatos conseguem descobrir necessidades da população instalada nas mais remotas regiões do Espírito Santo. E, em seguida, trabalhar para saná-las.

A assessoria do deputado Marcos Mansur (PSDB), pastor evangélico, garante que há interesse público no ato de enviar servidores a igrejas para anunciar que está à disposição. Alega que os líderes das congregações também exercem liderança nas respectivas regiões. Portanto, conhecem desafios locais.

É por isso, acrescenta a equipe de Mansur, que o deputado busca "conectar o mandato a essas pessoas". "Essas pessoas fazem parte do corpo da sociedade e têm demandas a serem resolvidas", sustentou.

Sobre ter designado a um assessor a tarefa de participar de entrega de cestas básicas em bairro carente, Danilo Bahiense (PSL) informou, por meio de seu gabinete, que o funcionário apenas acompanhou a ação, realizada por uma igreja do bairro Barramares, em Vila Velha.

E não foi só. O gabinete acrescentou que o servidor voltou de lá com demandas por serviços públicos na chamada Região 5 da cidade. A agenda, inclusive, resultou na elaboração da indicação 620/2019 ao governo do Estado, aprovada em plenário e enviada à Casa Civil. O pleito é para a implantação de uma delegacia da Polícia Civil no Parque Residencial Jabaeté, localizado na região.

A assessoria do deputado Alexandre Xambinho (Rede) confirmou recolher demandas de faltas de vagas para consultas médicas. Uma servidora externa do político descreveu que "recebeu e atendeu" demandas na área da saúde como parte do trabalho.

"Atendimentos na área da saúde, tais como recolhimento de demandas médicas, onde, muitas vezes, como por exemplo, o servidor vai ao encontro do cidadão, estas demandas em sua maioria são reclamações de falta de vagas e longas filas de esperas de atendimento na área de especialidades médicas nos hospitais. Enfatizamos que trabalhamos de forma transparente em prol do cidadão capixaba, visitando as comunidades e atendendo aos pedidos de melhorias na área da saúde, educação, segurança, entre outros", declarou, sem especificar, no entanto, como viabiliza atendimento médico para a população que o procura.

Questionado sobre o que seria a sucinta "visita a hospital", relatada por funcionária como parte do trabalho, Luciano Machado (PV), por meio do gabinete, disse que a ação faz parte da rotina do mandato dele.

"Faz parte da rotina estar próximo das comunidades e visitar setores prestadores de serviços à população para ouvir as demandas junto às entidades e servir de ponte para levar informações ao gabinete, auxiliando no trabalho do parlamentar", informou, por meio de nota.

A respeito do colocar funcionária para trabalhar na "abertura do Festival Penha Roots", um evento de reggae em Divino de São Lourenço, justificou dizendo que a servidora acompanhava o deputado. "(O evento) possui apelo turístico e cultural e atraiu turistas de várias partes do Estado. Vale ressaltar que a agenda foi na região do Caparaó, à qual o deputado pertence", acrescentou a assessoria.

A assessoria do deputado José Esmeraldo (MDB), de quem assessores relataram ida a aniversário, preparação de festa e busca de apoio na véspera da eleição, não deu retorno. O parlamentar não atendeu a reportagem.  

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Quando veio à tona que um servidor externo dele ficou 40 dias sem trabalhar, a assessoria informou que Esmeraldo tem interesse no esclarecimento dos fatos. Caso comprovada irregularidade, "medidas cabíveis" poderiam ser tomadas.

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