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'Apoio eleitoral a presidentes deixa Brasil mais vulnerável', diz professor

'Apoio eleitoral a presidentes deixa Brasil mais vulnerável', diz professor

Ao manifestar preferência por um líder específico, Bolsonaro rompe de novo com uma tradição da política externa brasileira

Publicado em 7 de junho de 2019 às 10:13

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Presidente Jair Bolsonaro. ((Windows))

Ao manifestar preferência por um líder específico, Jair Bolsonaro rompe de novo com uma tradição da política externa brasileira, segundo o professor de relações internacionais da Fundação Getúlio Vargas, Vinícius Vieira. A seguir, trechos da entrevista concedida por ele ao jornal O Estado de S. Paulo.

Bolsonaro manifestou preferência aos 4 presidentes que visitou. Isso tem precedente no Brasil?

Não me recordo de nada com esse padrão. Claro que há discussões acadêmicas sobre se determinada atitude do presidente pode beneficiar indiretamente outro chefe de governo. Por exemplo, oferecer mais facilidades para importação, estímulo ao comércio exterior. É esperado. Mas não um apoio ostensivo como Bolsonaro faz.

Quais as possíveis consequências desse comportamento?

Ao fazer isso, Bolsonaro coloca o Brasil em uma situação de vulnerabilidade. No caso da Argentina, tem a possibilidade de Macri não se reeleger. Como ficaria a relação entre Brasil e Argentina num cenário em que outro candidato vença? Da mesma maneira não sabemos como ficarão as relações com os EUA sob um eventual governo democrata, já que ele tem proximidade com Donald Trump. A afinidade entre líderes é positiva, desde que não provoque constrangimento às relações bilaterais.

Como seria uma troca de governo nos EUA?

Existe uma ala mais à esquerda do Partido Democrata que tem grandes chances de fazer um candidato para enfrentar Trump. Se alguém como Bernie Sanders virar presidente, pode dificultar, por exemplo, a ascensão brasileira à OCDE.

Essa prática é uma ingerência?

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Não, porque esse tipo de ação nos bastidores é mais comum do que imaginamos. Mas ela acontece de maneira sutil. Nossa política externa sempre seguiu o princípio de não intervenção. Bolsonaro segue sua própria linha. Mas, se observarmos a história da nossa política externa, trata-se claramente de uma ruptura.

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