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Corpo do jornalista Clóvis Rossi é sepultado em São Paulo neste sábado (15)

Corpo do jornalista Clóvis Rossi é sepultado em São Paulo neste sábado (15)

O jornalista morreu em casa, onde se recuperava de infarto tido na semana passada

Publicado em 15 de junho de 2019 às 18:35

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Morre aos 76 anos o jornalista Clóvis Rossi. (Reprodução/TV Globo)

O corpo do jornalista Clóvis Rossi, decano da Redação da Folha de S.Paulo que morreu nesta sexta-feira (14) aos 76 anos, foi enterrado no final da manhã deste sábado (15) no Cemitério Gethsêmani, na zona sul de São Paulo.

Participaram familiares, amigos, políticos, colegas de profissão e leitores que admiravam seu trabalho.

Cláudia Rossi, 52, uma de suas filhas, fez questão de ressaltar a importância de Rossi como pai, avô e amigo.

“Sempre foi a pessoa para quem eu corria em busca de resolução de todas as coisas. Meu pai tinha a sabedoria de transformar algo que parecia um problema gigante em quase nada. Era o meu eixo. Era o eixo de nossa família.”

“Meu pai sempre viajava muito. Passei vários aniversários longe dele, mas isso não quer dizer que ele era ausente. Ele sempre ligava e trazia para mim e para minha irmã [Clarissa] uma bonequinha de cada parte do mundo que ele visitava”, contou, durante a cerimônia.

Emocionada, Claudia também contou do carinho e dedicação de Rossi como pai no encerramento da cerimônia.

Patrícia Campos Mello, repórter especial da Folha de S.Paulo, homenageou em discurso a generosidade e a importância do jornalista para três gerações de jornalistas. Ela disse que todos os estudantes de jornalismo e os jornalistas querem ser o Clóvis Rossi. "Não apenas o jornalista Clóvis Rossi, mas a pessoa Clóvis Rossi."

Já aos netos, ele teve mais tempo para se dedicar. A mais nova, Alice, 10, levou um envelope com uma cartinha de despedida para o avô, lida no encerramento da cerimônia. Dentro, havia um bombom de chocolate —Rossi adorava, ao contar história para as netas, comer um ao lado delas, longe dos pais e da avó das meninas.

Uma das leitoras presentes foi Maria Helena de Aguiar, que deu depoimento a Clóvis Rossi em 2014 ("Filha de padre guarda segredo por 25 anos para proteger sacerdócio do pai").

Maria Helena, que nunca conheceu o jornalista pessoalmente, mora em Zurique e estava de passagem por Santos, no litoral sul do estado de SP. “Vim prestar minha última homenagem”, disse.

O vereador Eduardo Suplicy (PT), que participou da cerimônia, conta que era leitor assíduo dos artigos de Rossi. “Ele sempre tinha uma perspectiva a favor da democracia, em respeito aos direitos humanos.”

Nove coroas homenagearam Rossi no salão onde o corpo foi velado. Ele foi coberto com a bandeira do Palmeiras e um cachecol do Barcelona, times para os quais torcia.

O jornalista morreu em casa, onde se recuperava de infarto tido na semana passada. Deixa mulher, Catarina, com quem havia completado 56 anos de noivado na véspera, três filhos (Cláudia, 52, Clarissa, 51, e Cassio, 49) e três netos (Tiago, 26, Natália, 24, e Alice, 10).

Colunista e membro do Conselho Editorial da Folha de S.Paulo, Rossi publicou seu último texto na quarta (12), intitulado “Boletim Médico”.

Ele era, segundo o jornalista, “uma satisfação devida ao leitor, se é que há algum”. Seu estilo irônico e descontraído continuava no agradecimento aos colegas do jornal. “Até mentiram dizendo que estavam sentindo a minha falta”, escreveu.

Nascido em 25 de janeiro de 1943 no bairro do Bexiga, em São Paulo, filho de seu Olavo, vendedor de máquinas pesadas, e dona Olga, artesã de grinaldas e buquês de flores, ele se formou em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero.

Rossi começou na profissão em 1963. Trabalhou nos jornais Correio da Manhã, O Estado de S. Paulo e Jornal do Brasil. Teve ainda passagens pelas revistas Isto É e Autoesporte e pelo Jornal da República e manteve blog no espanhol El País. Estava desde 1980 na Folha de S.Paulo.

Ganhou vários prêmios jornalísticos, entre eles o Maria Moors Cabot, da Universidade de Columbia, o da Fundação Nuevo Periodismo Ibero-Americano, criada por Gabriel García Márquez, e o Prêmio Ayrton Senna de jornalismo político.

Escreveu os livros “Clóvis Rossi, Enviado Especial, 25 Anos ao Redor do Mundo”, “Militarismo na América Latina” e “O que é Jornalismo”.

Fez coberturas de eventos históricos, viagens de vários presidentes brasileiros, Copas do Mundo e Olimpíada. Foi correspondente da Folha de S.Paulo em Buenos Aires e Madri. Era presença frequente no Fórum Econômico Mundial de Davos.

Gostava de enfatizar sua preferência pela reportagem e não pela edição. Tinha especial orgulho da cobertura que fez sobre o fim do regime franquista espanhol. “Raramente gosto do que faço. Sempre acho que a próxima reportagem vai ser melhor. Exceto nessa cobertura”, afirmou na Flip em 2014.

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Com 1,98 m, Rossi foi jogador de basquete do Esporte Clube Sírio. No futebol, torcia para o Palmeiras e para o Barcelona. Dizia ter um sonho não realizado no jornalismo: ser setorista da Liga dos Campeões da Europa.

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