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Namorada de Marcos do Val trabalhou em campanha eleitoral de advogado

Namorada de Marcos do Val trabalhou em campanha eleitoral de advogado

A advogada Brunella Miguez coordenou a campanha de Alexandre Martins (PRB), que disputou na mesma coligação do então senador Magno Malta (PL)

Publicado em 19 de junho de 2019 às 00:14

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Senador Marcos Do Val e a namorada Brunella Poltronieri Miguez. (Reprodução Facebook/ Marcos Do Val)

A ex-assessora e hoje namorada do senador Marcos do Val (PPS) coordenou a campanha do então candidato a deputado estadual Alexandre Martins (PRB), em 2018. Depois, foi indicada por ele para um cargo comissionado no Instituto de Pesos e Medidas do Estado do Espírito Santo (IPEM-ES). O advogado Alexandre Martins é pai do juiz de mesmo nome assassinado em 2003. 

Desde o mês passado, por indicação de Do Val, Brunella é secretária parlamentar lotada na Consultoria Legislativa do Senado, com salário de R$ 17.992,56.

Em ofício em que solicitou um parecer à consultoria jurídica da Casa sobre a nomeação de servidora comissionada "em situação de namoro", Do Val apontou as qualificações da advogada para ocupar um cargo no gabinete dele: 

"A aludida servidora, que é bacharel em Direito, com pós-graduação em Direito Público e mestranda em Políticas Públicas, demonstrou experiência jurídicoprofissional, especialmente com o desempenho de assessoramento de magistrado no Tribunal de Justiça do Espírito Santo e trabalho político-partidário desenvolvido na Campanha da Chapa integrada pelos candidatos a Deputado Federal Juiz Alexandre Martins e ao Senador Magno Malta".

Brunella Poltronieri Miguez durante campanha eleitoral. Ela coordenou a campanha de Alexandre Martins a deputado estadual, na mesma coligação do então senador Magno Malta. (Reprodução/redes sociais)

Alexandre Martins disputou, na verdade, uma cadeira na Assembleia. E, sim, na mesma coligação que Magno Malta (PL). O DivulgaCandContas, sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que registra receitas e despesas de campanha, mostra que Brunella Miguez recebeu

R$ 1,5 mil

da campanha de Alexandre Martins, que gastou, ao todo, R$ 34.535,14.

Na campanha de Magno ela não trabalhou. Ao menos não há registros disso no DivulgaCand e é também o que relatam pessoas que atuaram na campanha do ex-senador.

"ELE DEVERIA TÊ-LA PRESERVADO"

Ao Gazeta Online, Alexandre Martins tece elogios a Brunella, diz que a conhece desde que ela tinha 17 anos. "Foi minha aluna de Direito, fiquei amigo dela, e dos pais dela. Foi uma aluna brilhante. Por isso, a convidei para coordenar a minha campanha. Era muito eficiente, muito séria no que fazia", conta. 

Sobre a "situação", envolvendo a nomeação da advogada no gabinete de Do Val, a exoneração e nova nomeação, desta vez com exercício na Consultoria Legislativa, Martins diz que o senador deveria ter "preservado" Brunella.

"Achei essa situação um descuido muito grande do senador. Ele deveria preservá-la mais, retirá-la daquele cenário, do cenário político de Brasília", avalia. Do Val foi procurado, por meio da assessoria, para comentar a declaração, mas preferiu não se manifestar.

"E ela, pelo que me falou, e o próprio Marcos falou, ela não votou no Marcos, não. Acho que ela votou no Magno e no subtenente Assis (para as duas vagas em disputa para o Senado em 2018)."

Magno não foi reeleito. Martins também não foi vitorioso. A reportagem, mais uma vez, procurou a advogada, mas ela não retornou as tentativas de contato. 

Na passagem pelo Ipem-ES, de 23 de outubro de 2018 a 9 de janeiro de 2019, Brunella recebeu salário de R$ 2.306,69, de acordo com o Portal da Transparência. Ex-diretor-presidente do instituto, Amarildo Lovato (PSL), também elogiou a atuação da advogada por lá.

NAMORADA NÃO É PARENTE

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O parecer de 14 páginas, assinado por três advogados do Senado, entre eles o advogado-geral, Fernando Cesar Cunha, concluiu que não houve nepotismo nas nomeações de Brunela no gabinete de Marcos do Val e nem nepotismo cruzado na indicação que ele fez para o cargo que ela atualmente ocupa. Em resumo, namorada não é parente. No parecer os advogados da Casa também entenderam que não está configurada "infração ética capitulada no Código de Ética e Decoro Parlamentar do Senado". 

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