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Santos Cruz é demitido e comandante militar assume Secretaria de Governo

Santos Cruz é demitido e comandante militar assume Secretaria de Governo

O ministro, que se envolveu em crises com o filho do presidente, será substituído pelo general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, que é comandante militar do Sudeste

Publicado em 13 de junho de 2019 às 21:02

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General Santos Cruz comandava a Secretaria de Governo. (Antonio Cruz/ABR)

O general Carlos Alberto dos Santos Cruz foi demitido nesta quinta-feira (13) da Secretaria de Governo da Presidência da República pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL). O ministro foi comunicado de sua dispensa durante uma reunião no Palácio do Planalto.

Santos Cruz será substituído pelo general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, que é comandante militar do Sudeste. A informação foi confirmada pelo porta-voz da presidência, Otávio Rêgo Barros.

Desde que chegou ao Planalto, em janeiro, o ministro se envolveu em seguidas crises com os filhos do presidente, além de um embate com o escritor Olavo de Carvalho, guru de Bolsonaro.

A comunicação de governo era um dos pontos de embate. Um integrante do Palácio do Planalto usou a expressão "freio de arrumação" para explicar a demissão.

Santos Cruz é o terceiro ministro a cair na gestão Bolsonaro, após as quedas de Gustavo Bebianno (Secretaria Geral), por causa da crise dos laranjas, e Ricardo Vélez Rodríguez (Educação), pelas falhas de gestão na pasta.

O incômodo da cúpula militar do governo com Olavo de Carvalho cresceu à medida que se avolumaram os ataques do escritor reverenciado pelo presidente e pelo grupo ideológico que o cerca.

O ministro general reagiu às ofensas de Olavo aos militares que hoje trabalham no Palácio do Planalto, em especial o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB).

"Eu nunca me interessei pelas ideias desse sr. Olavo de Carvalho", disse Santos Cruz. Nem a forma nem o conteúdo agradam a ele", afirmou. "Por suas últimas colocações na mídia, com linguajar chulo, com palavrões, inconsequente, o desequilíbrio fica evidente", criticou o ministro, em março.

Integram ainda a ala militar do Planalto os generais Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o porta-voz, Otávio Rêgo Barros, e o chefe da Secretaria-Geral, Floriano Peixoto.

Outro desgaste ocorreu em torno das disputas dentro do governo sobre regulamentação de veículos de imprensa – a Secom (Secretaria de Comunicação Social) está subordinada à pasta de Santos Cruz.

Santos Cruz concedeu entrevista no início de abril à rádio Jovem Pan na qual comentou sobre a necessidade de evitar distorções nas redes sociais.

Ele afirmou ainda que a influência das mídias sociais é benéfica, mas também pode "tumultuar". Para ele, é necessário ter cuidado com a sua utilização, evitando ataques e o seu uso como "arma de discórdia".

Bolsonaro reagiu.

O escritor Olavo de Carvalho, um dos gurus do presidente, foi explícito ao endereçar as críticas. "Controlar a internet, Santos Cruz? Controlar a sua boca, seu merda", escreveu.

A comunicação do Palácio do Planalto tem sido palco desde o início do governo de uma disputa entre o núcleo militar e os chamados "olavistas", seguidores do escritor.

Um mês antes, Santos Cruz desautorizou pedido feita pela Secom para que as empresas estatais enviassem para avaliação prévia propagandas de perfil mercadológico.

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O gesto foi interpretado por assessores palacianos como a primeira crise entre o militar e o empresário Fábio Wajngarten, que assumiu recentemente a Secom na tentativa de melhorar a comunicação do governo.

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