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Militares do ES lançam projeto para disputar cargos de prefeito e vereador

Militares do ES lançam projeto para disputar cargos de prefeito e vereador

Objetivo do Projeto Político Militar é que toda a classe se una em torno de nomes de militares para serem lançados como candidatos no pleito municipal do ano que vem

Publicado em 24 de julho de 2019 às 02:15

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Policiais militares durante patrulhamento em bairro: debate político movimenta categoria visando 2020. (Fernando Madeira)

Como uma tentativa de fortalecimento dos militares para que possam defender os interesses da categoria, cinco associações de classe do Estado devem começar a aprovar, a partir desta quarta-feira (24), a adesão das entidades no chamado "Projeto Político Militar", movimento interno da polícia e bombeiros militares, que já visa as eleições de 2020. A informação foi dada em primeira mão pela coluna de Leonel Ximenes.

A ideia do projeto é que toda a classe se una em torno de nomes de militares para serem lançados como candidatos a prefeitos e vereadores, no pleito municipal, para que mais militares passem a ocupar posições de comando na política. A motivação para tal iniciativa começou a ganhar corpo por conta da greve da PM de 2017.

Como a pauta da segurança pública também foi fortalecida em 2018, pela campanha do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e de outros representantes da área, que alcançaram grande votação, os militares começaram a avaliar formas de se colocar na política de maneira mais organizada, para que possam se viabilizar.

Nas eleições de 2018, o Projeto Político chegou a realizar plebiscitos internos, entre a categoria, para escolher quem seriam os candidatos lançados. No entanto, ele não recebeu a adesão formal das associações, que evitaram esta vinculação temendo represálias do governo.

O foco foi em lançar candidatos a deputados federais e estaduais, com a diretriz de que os escolhidos no plebiscito se filiariam a um mesmo partido ou coligação partidária, para que o voto de um candidato pudesse ajudar o outro.

De acordo com as associações, os deputados estaduais Coronel Quintino (PSL) e Capitão Assumção (PSL), e o deputado federal Josias da Vitória (PPS) podem ser considerados como representantes eleitos pelo projeto. Há ainda 21 vereadores e o prefeito de Iúna, o coronel da reserva da PM Weliton Virgílio Pereira (PV), que representam os militares.

O verdadeiro início do movimento, no entanto, foi no ano de 2006, que resultou na primeira eleição de Da Vitória para a Assembleia Legislativa, e de Assumção, que ficou como primeiro suplente para a Câmara dos Deputados, e assumiu uma cadeira na metade daquela legislatura.

ADESÃO

Nesta quarta-feira vão se reunir, em assembleia, a Associação dos Oficiais Militares (Assomes), a Associação de Cabos e Soldados (ACS) e a Associação dos Bombeiros Militares (ABMES). Até o final do mês, haverá ainda as reuniões da Associação dos Subtenentes e Sargentos (Asses) e da Associação dos Militares da Reserva, Reformados e Pensionistas de Militares (Aspomires).

Todas elas irão deliberar sobre a participação de cada uma dessas associações no Projeto Político Militar. Ao todo, elas representam cerca de 8,6 mil militares.

As entidades de Policiais e Bombeiros Militares fizeram uma reunião no dia 1º de julho para começar a debater o projeto político da segurança pública para as próximas eleições. (Reprodução/Facebook)

Os policiais civis não fazem parte deste movimento de objetivo eleitoral. Isso porque, segundo as associações, há muitas diferenças nas regras a que as duas categorias estão submetidas, e seus interesses são distintos, muitas vezes.

No entanto, os policiais civis estarão junto com os militares em um outro movimento das forças da área da segurança pública, que foi denominado de "Frente Unificada pela Valorização Salaria". Este grupo foi organizado com o foco específico de pleitear a recomposição salarial junto ao governo do Estado.

ESTRATÉGIA

Embora as eleições de 2020 sejam para cargos municipais, e as pautas defendidas pelos militares sejam discutidas no âmbito estadual e federal, a categoria acredita que é necessário passar a dar um apoio político mais enfático à classe, defendendo que "militar vota em militar".

Os critérios sobre quais nomes devem receber apoios vão começar a ser definidos a partir de agora.

"Vamos trabalhar nomes que estão dentro das corporações, possuem boa aceitação junto à tropa e também na sociedade. Há muitos que já trabalham em lideranças de bairros. A PM é capilarizada em todo o Estado, e isso pode ajudar em seu potencial eleitoral”, explicou o presidente da Assomes, coronel Marcos Aurélio Capita da Silva.

Para o presidente da ACS, cabo Jackson Eugênio, a greve da PM, em 2017, fez as tropas passarem por um processo de "amadurecimento traumático", que os impulsionou a se envolver na política.

"Somos instituições com resultados muito positivos e que não têm valorização. Passamos a entender a necessidade de ser ainda mais politizados. Se estivermos em posições estratégicas, poderemos valorizar mais os policiais e bombeiros, e contribuir para as políticas de segurança, educação", disse.

O presidente da ABMES, tenente Emerson Santana, também faz esta defesa. "Todas as decisões relevantes são tomadas no campo político. Precisamos dos nossos representantes para defender os interesses da nossa categoria", enfatizou.

Associações negam que foco seja oferecer apoio financeiro

Com a oficialização do apoio das associações de classe dos militares ao Projeto Político Militar, em assembleia, os próximos passos serão definir de que forma as entidades participarão do processo eleitoral de 2020.

A princípio, os presidentes das associações negam que o foco é dar apoio financeiro às campanhas.

"Ainda não há pré-candidatos, quantidade de nomes e nem como será o apoio. Mas a ideia é que seja um apoio técnico, para dar viabilidade ao candidato, sua inserção no meio político", declarou o presidente da ABMES, tenente Emerson Santana.

O presidente da Associação de Cabos e Soldados (ACS), cabo Jackson Eugênio, reforça.

"Damos apoio nas questões estruturais. Na organização da campanha, das estratégias, para que possamos sair da política amadora e agir de forma profissional. Vamos mostrar que é muito mais do que um candidato classista, que está ali para defender a polícia e bombeiros, e sim alguém que pode contribuir nas políticas públicas. Mas a parte financeira fica a cargo de cada candidato", disse.

Embora em 2018 tenha havido a deliberação de que os candidatos militares se filiassem a um mesmo partido para disputar as eleições, fazendo com que praticamente todos tenham ido para o PSL de Jair Bolsonaro, as associações afirmam que agora, a princípio, o projeto é apartidário, e ainda não se articulou com nenhuma sigla.

Para o cabo Eugênio, este é um novo momento para um militar convencer a população civil.

Aspas de citação

Infelizmente, por muito tempo, ficou enraizado na cultura do país que o militar era opressor. Hoje, a sociedade está mudando este pensamento. Atualmente, reconhecem que o militar é um dos maiores conhecedores dos problemas sociais. Conhecemos nosso Estado de norte a sul, de leste a oeste

Cabo Jakson Eugênio, presidente da Associação de Cabos e Soldados
Aspas de citação

Ele acrescenta que a eleição de 2020 pode ser início de um projeto mais prolongado: "O trabalho para prefeito e vereador nos dá musculatura para a campanha estadual em 2022, vamos fortalecendo uma base política".

ENTENDA: OS MILITARES NA POLÍTICA

O que é o projeto

Projeto Político Militar

É um movimento de policiais e bombeiros militares com objetivo de escolher, dentro da categoria, nomes de militares para disputar as eleições de 2020.

Adesão

As cinco associações de classe dos militares pretendem apoiar formalmente o projeto. Esta adesão vai ser referendada pela assembleia da categoria.

Quem apoia

- Associação dos Oficiais Militares (Assomes)

- Associação de Cabos e Soldados (ACS)

- Associação dos Subtenentes e Sargentos da Polícia Militar e Bombeiro Militares (Asses)

- Associação dos Bombeiros Militares (ABMES)

- Associação dos Militares da Reserva, Reformados, da Ativa da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e Pensionistas de Militares (Aspomires)

Indicações

Com a formalização do apoio das associações ao projeto, as entidades vão buscar quais são os interessados em se candidatar. Com a relação dessas pessoas, será feito um plebiscito nas unidades e batalhões militares, para que a maioria decida quem serão os candidatos representantes do projeto.

Como será

Recursos

A princípio, as associações de classe não afirmam que contribuirão financeiramente com as campanhas eleitorais. Elas prometem apoio técnico, para dar viabilidade e projeção às candidaturas.

Partidos

O projeto militar ainda não está ligado à atuação de nenhum partido político. Segundo as associações, também não há articulação com nenhuma sigla, prometendo as filiações.

Histórico

2006

Foi quando o Projeto Político Militar começou o trabalho de tentar eleger membros da categoria. Naquele ano, Josias da Vitória foi eleito deputado estadual pelo PDT, e Capitão Assumção ficou na suplência para deputado federal, pelo PSB. Após a eleição de Neucimar Fraga em Vila Velha em 2008, assumiu o mandato na Câmara.

2016

Algumas associações chegaram a homenagear os militares que foram candidatos nas eleições municipais, após o pleito. Mas não houve apoio formal delas aos candidatos. Naquele ano, entre os militares, se elegeram 21 vereadores e um prefeito, no município de Iúna.

2018

Intitulado “Projeto Político da Segurança Pública e Cidadania” , a Associação de Cabos e Soldados chegou a dar apoio a um plebiscito para escolher representantes militares para ocuparem os cargos de deputado estadual e federal. O grupo de candidatos escolhido chegou a fazer campanha conjuntamente, principalmente nas redes sociais, se colocando como representantes da classe. No entanto, não houve um movimento organizado das associações para apoiá-los.

Legislação

Militares da ativa

Não podem ser filiados a partidos. Eles só podem assinar a ficha de filiação na convenção do partido, que ocorrem 2 meses antes da eleição, para em seguida, serem registrados na Justiça Eleitoral. Após ser filiado, o militar deve comunicar a decisão a seu superior.

Funções de comando

A regra para ocupantes de cargos de comando, como major, tenente-coronel, e coronel, por exemplo, é de que precisam se afastar do cargo seis meses antes da eleição caso queiram ser elegíveis para os cargos em disputa em outubro.

Após a filiação

Mais de 10 anos de carreira

Como filiado e candidato, o militar é colocado na condição de agregado. O agregado é o militar da ativa que está afastado para exercer temporariamente outra função. Se não for eleito, ele pode voltar à ativa. Se for eleito, é considerado inativo.

Menos de 10 anos de carreira

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Os militares que têm menos de dez anos de carreira são transferidos para a inatividade no momento da filiação. Ou seja, não são mais militares, não voltar à corporação mesmo  se não forem eleitos.

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