Após uma comitiva de dezenas de deputados e senadores de mais de 10 partidos terem solicitado com urgência uma reunião com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, na tarde desta quarta-feira (7), para tratar da transferência do ex-presidente Lula (PT) para o presídio de Tremembé, em São Paulo, a Corte decidiu mantê-lo preso em Curitiba. O deputado federal do Espírito Santo Helder Salomão (PT) participou do grupo, que se organizou em cerca de 20 minutos e foi a pé do Congresso Nacional para o STF.
Horas antes da decisão do STF que suspendeu a transferência, os deputados abandonaram a votação dos destaques à reforma da Previdência para seguir com a comitiva, que também contou com o ex-candidato a presidência pelo PT, Fernando Haddad, e a presidente nacional da legenda, a deputada Gleisi Hoffmann.
Segundo Helder, este tipo de movimento do Legislativo ao Judiciário foi uma ação nunca vista. "Houve um sentimento que tomou conta do parlamento, tanto é que tinha parlamentares da oposição e da base do governo, e inclusive críticos a Lula. Isso foi tido como uma decisão absurda, injusta e claramente com o intuito político. Era necessário tomar uma atitude, ou o Judiciário se achará dono do país", afirmou.
O petista contou que Toffoli decidiu os receber por conta de um contato feito pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e que diante da gravidade do fato, havia se comprometido a colocar o assunto em pauta na sessão desta quarta.
"A arbitrariedade foi tão grande que levou a isso. Todo mundo tem que ser julgado, mas com imparcialidade. Se não houver um freio nesses abusos de poder, as instituições vão perder credibilidade", frisou.
A transferência de Lula foi um pedido do superintendente da Polícia Federal, Luciano Flores, que argumenta que a prisão do petista altera a rotina do prédio da PF. Tanto o PT como a defesa de Lula criticaram a autorização, ao apontarem ausência de direitos e de segurança pessoal ao ex-presidente.
MOTIVO
A transferência de Lula foi um pedido do superintendente da Polícia Federal, Luciano Flores, que argumenta que a prisão do petista altera a rotina do prédio da PF. Na manhã desta quarta, a juíza federal Carolina Lebbos, responsável pela execução da pena do ex-presidente, determinou que ele fosse transferido para São Paulo. Tanto o PT como a defesa de Lula criticaram a autorização, ao apontarem ausência de direitos e de segurança pessoal ao ex-presidente.
Para o presidente do PT no Espírito Santo, João Coser, a decisão tomada pela juíza foi inadequada. "Ele é um ex-presidente, não pode ser tratado desta forma. Não estamos pedindo privilégio, mas para que seja tratado de acordo com as condições compatíveis com a situação. Acreditamos na inocência dele, e o que esperávamos era o julgamento do habeas corpus, e não uma transferência", defendeu.
Fundador do PT no Espírito Santo e uma das lideranças do movimento "Lula Livre" no Espírito Santo, Perly Cipriano também avaliou a transferência como "retaliação e vingança". "Ele tem é que ir para a liberdade. A defesa do Lula não pediu transferência. Foi uma retaliação, por conta dos questionamentos feitos sobre a imparcialidade dos juízes e procuradores, e esta medida poderia colocar em risco a segurança dele."
Segundo Perly, todas as semanas, às sextas-feiras, no início da noite, o partido e apoiadores têm realizado uma vigília na Praça Oito, no Centro de Vitória, para reforçar o movimento "Lula Livre".
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