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Bolsonaro pretende manter líder do governo que foi alvo de operação da PF

Bolsonaro pretende manter líder do governo que foi alvo de operação da PF

Em entrevista, Bolsonaro disse que Bezerra Coelho "tem todo o direito de se defender"

Publicado em 26 de setembro de 2019 às 08:46

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Bolsonaro pretende manter líder do governo que foi alvo de operação da PF. (Jefferson Rudy/Agência Senado - 10/09/2019)

O porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, afirmou nesta quarta-feira (25) que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) não pretende tirar Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) da liderança do governo no Senado.

Bezerra Coelho e seu filho, o deputado federal Fernando Coelho Filho (DEM-PE), foram alguns dos alvos de mandados de busca e apreensão autorizados pelo ministro Luis Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal). Ao todo, a Polícia Federal cumpriu 52 mandados na quinta-feira (19).

Questionado sobre a situação de Bezerra Coelho, Rêgo Barros disse que Bolsonaro já se manifestou sobre o assunto em uma entrevista publicada pelo jornal Correio Braziliense.

"Sobre esse assunto, em recente entrevista, o presidente disse: 'é preciso de algo mais concreto. Não posso tirá-lo de lá com uma busca e apreensão de um processo antigo e que nós já sabíamos que existia'", afirmou o porta-voz.

Na entrevista, Bolsonaro também disse que Bezerra Coelho "tem todo o direito de se defender". "[Ele] tem feito, até o presente momento, um brilhante trabalho para nós, dentro do Senado. É uma função ingrata, difícil, dá trabalho conversar com parlamentares dos mais diferentes matizes", disse o presidente na entrevista.

Parlamentar experiente, Bezerra chegou a ser ministro da Integração Nacional da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

O senador nega ter cometido irregularidades e colocou a liderança do governo no Senado à disposição do presidente da República, que sinalizou sua manutenção no cargo.

Ao blindar Bezerra, Bolsonaro preserva seu principal articulador político no Senado, onde está tramitando atualmente a reforma da Previdência -principal pauta da agenda econômica do governo.

O inquérito apura desvio de dinheiro público de obras na região Nordeste, envolvendo os parlamentares e quatro empresas, entre elas a OAS. A operação foi batizada como Desintegração.

A Polícia Federal sustenta que o líder do governo recebeu R$ 5,5 milhões em propinas de empreiteiras encarregadas das obras de transposição do rio São Francisco e nas do Canal do Sertão. Os fatos investigados no âmbito da operação da semana passada são do período em que o senador, então no PSB, fazia parte da equipe ministerial da petista.

A Polícia Federal afirma também ter encontrado no gabinete de Bezerra Coelho um arquivo denominado "doadores ocultos" em um computador e em um disco de memória. Segundo informações que estão no relatório da PF, há também documentos digitais que fazem referência a pagamentos destinados a empresas envolvidas na operação Desintegração.

A operação da PF irritou parlamentares. A Mesa do Senado entrou com um pedido no Supremo para que a análise dos objetos e documentos recolhidos seja suspensa imediatamente.

No dia da operação, Bezerra Coelho entregou à Polícia Federal a senha do seu celular. Segundo relatos, o político desbloqueou o telefone de maneira impensada, pouco tempo antes de seus advogados chegarem ao local, em sua residência oficial em Brasília.

No aparelho, há conversas com outros parlamentares, como, por exemplo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro. Todo o material apreendido na ação policial passa agora por perícia, sem prazo para terminar.

O senador não é o único aliado citado em investigações que Bolsonaro decidiu manter em sua equipe.

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A Polícia Federal vê, por exemplo, elementos de participação do ministro Marcelo Álvaro Antônio (Turismo) numa fraude de candidaturas de laranjas do PSL na eleição de 2018. O esquema de candidaturas de laranjas foi revelado pelo jornal Folha de S.Paulo. No entanto, Bolsonaro tem mantido o ministro no cargo.

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