Entrevista

Aridelmo propõe que Estado assuma comando do ensino fundamental

O candidato do PTB foi o quinto entrevistado do ES1 nesta sexta-feira (14)

TV Gazeta

O candidato ao governo do Estado pelo PTB, Aridelmo Teixeira, foi o último a participar da série de entrevistas da TV Gazeta, nesta sexta-feira (14). Com um discurso de que representa o novo da política, defendeu a necessidade de acabar com indicações nas secretarias do governo, valorizando servidores de carreira ou profissionais com perfil técnico.

Ele também apresentou com mais ênfase suas propostas para a área da educação, prometendo atingir uma meta de 100 Escolas Vivas até o fim de seu governo, e converter toda a rede para a educação integral até 2030. Ele ainda pretende que o Estado assuma o segundo ciclo do ensino fundamental (6º ao 9º ano), que hoje é de responsabilidade das prefeituras, para evitar que jovens deixem a escola, o que impactaria também na solução dos problemas de segurança pública.

O senhor é professor, empresário, e nunca foi candidato, é a 1ª vez que se coloca à disposição através da política. Por que já para o cargo de governador?

Sou professor, pesquisador, e tem um cientista muito famoso, Einstein que ensina: "Se você usa a mesma fórmula, e espera resultados diferentes, tem um pouquinho de insanidade nisso". O capixaba passou por um esforço, nos últimos 3 anos, queda de 16%, 17% na receita, mais de 200 mil desempregados, a sociedade se uniu em torno do equilíbrio fiscal, procurou ajustar as contas. O capixaba tinha a autoestima tão baixa, a ponto de achar que não tem sotaque. E de repente nós aparecemos no cenário nacional. Era o patinho feio do Sudeste e do Sul. Aparecemos como exemplo. Nossa educação chegou em 1 º lugar, em momento de crise. Quando eu vi a expectativa das mesmas fórmulas serem montadas do passado, pessoas que eram inimigas, passaram 4 anos chamando um ao outro de incompetente, de incapaz de gerir o Estado, de repente essas pessoas se juntam e aparecem. É a mesma fórmula da velha política. Sou treinado em gestão, altas realizações, faço trabalho voluntário há mais de 10 anos, com qualquer governo que esteja aí. Me senti obrigado a me colocar à disposição, para ter uma fórmula nova e entregar um resultado novo para a sociedade.

E que fórmula nova é essa?

No nosso grupo, não tem ninguém que tenha mandato. Nosso grupo é pequeno.

Não vai faltar experiência?

Eu montei uma instituição em 18 anos, coloquei ela em 1º lugar no Brasil, o melhor curso de Economia do Brasil, tem o melhor mestrado profissional do Brasil, já estamos em 11 cidades, isso na área privada. Na área pública, como voluntário, quem trouxe o projeto Escola Viva para o Estado fui eu, quem ajudou a organizar o Paes (Pacto pela Aprendizagem no Espírito Santo) fui eu. Atuando intensivamente dentro do governo. Na Sedu, além desses dois projetos, tiveram outros dois estruturantes, que era uma consultoria para remontar os gastos da secretaria. E sou especialista em gestão pública.

O senhor é então o candidato do governo?

Não, sou o candidato do Aridelmo. Nossa candidatura foi construída dentro de um grupo, dentro de um propósito, que foi de fazer o novo. Portanto, só posso ser candidato desse projeto. Tem alinhamento? Tem. Em ideias básicas, que não são nem do atual governo, nem do Aridelmo, são da ciência. Se você modernizar a gestão pública, tem que fazer uma correlação com o privado. O que uma empresa privada faz? Olha o cliente. Quem é o cliente do governo? É o povo. Olhar para ele, e atender a ele, é o que eu sei fazer. Juntar equipe, estabelecer meta. O que a população quer? Educação de qualidade? Mas o que se entende como educação de qualidade? É o aprendizado do aluno? Como se faz isso? É reunindo professores, diretores. Não é o governador que faz, é a equipe que faz. E isso eu sei fazer. Na área da saúde, é a mesma coisa. Sempre fomos administrados por políticos profissionais. E o resultado foi bom? Não. Então por que continuar com políticos profissionais, e não pegar um que é extremamente experiente, consegue antever cenários. Eu vi um candidato aqui com vocês que disse: "Eu não sei bem o que vai acontecer com a economia no ano que vem". Meu amigo, se não sabe, vai para casa. Deixa alguém que sabe.

Mas tem como prever isso, candidato?

No meio empresarial, você constrói cenários. Se acontecer o cenário A, o plano é esse, se acontecer o B, o plano é esse, se for o C, o plano é esse. Você não fica sentado, senão o cenário cai na sua cabeça, e você não tem tempo de fazer.

Mas o cenário privado não é muito diferente do cenário público, com tantos problemas que um Estado inteiro tem?

Concordo, os desafios são muito maiores, e ficam muito mais intensos ainda quando você tem que empregar um monte de políticos. O que acontece no setor público é que você tem os funcionários que são concursados, mas termina a eleição e aquele monte de políticos profissionais assumem a gestão, e não tem compromisso nenhum com o resultado daquela área, sufoca a habilidade e a capacidade do concursado, para atender a próxima eleição, e não para atender a população naquele setor. Vamos fazer uma seleção interna primeiro. Vamos procurar primeiro dentro dos quadros dos servidores efetivos aquela habilidade e competência necessária para atingir a meta do cidadão, e não do meu grupo político. Já falei com meu grupo: quem não ganhar a eleição, vocês vão voltar para as suas atividades. Quer concorrer à vaga? Critério técnico para poder entrar. Prioritariamente eu vou valorizar o servidor efetivo. Na Inglaterra, quando troca um governo, troca-se só a secretária dele, mais nada. Porque o custo de aprendizado, quando pega uma estrutura dessas e troca todo mundo, gasta um ano, um ano e meio para conseguir andar.

Se o senhor vai enxugar, vai tirar muita gente então, né?

Vou tirar aqueles que não são concursados e não estão lá para atender o cidadão, estão lá como cabide político.

No seu programa de governo, o senhor tem um desejo de ampliar a Escola Viva, chegando a mais 100 unidades, mas também fala em reduzir custos. Como o senhor vai colocar isso em prática?

Nos últimos 4 anos, eu trouxe o Escola Viva. A receita caiu 17%, não foi? Nós não fizemos 32? A expectativa para o ano que vem é que ela não caia, é que suba em torno de 2% em termo real. Com esse cenário, não é construir a escola do zero, não. É transformar o que já tem. Em alguns casos, temos que adaptar a escola. Nós temos um planejamento para converter a rede inteira. O meu plano, para a Escola Viva, vai até 2030. Em 2030, 100% dos capixabas terão escolas em tempo integral. Por que essa fixação com tempo integral? Não existe no primeiro mundo, tempo parcial para crianças. Não tem local mais seguro, mais propício para construir o futuro de um ser humano, que não seja a escola. Mas ela tem que ser agradável, tem que ser alinhada com o projeto de vida do jovem, do adolescente. Se a gente montar essa escola toda, nunca mais vamos ter problema de segurança pública.

A gente já vive em um caos da segurança pública. E para esse caos, o que o senhor vai fazer?

É só olhar para o mundo que já viveu um caos como esse e como saiu. Nós perdemos uma oportunidade em 2010. O primeiro passo que você tem que ter é o número de vagas no sistema prisional para que todo elemento em conflito com a lei, ele seja preso, para que você possa terminar com a sensação de impunidade. Nós fizemos isso, lá no governo em 2009 e 2010. Foram inaugurados 26 presídios na época, nós ficamos com capacidade além. Nós estávamos nas páginas negativas do mundo em termos de sistema carcerário, demos um passo enorme que foi abrir as vagas. Nós tínhamos 7 mil, 8 mil presos na época, foram abertas quase 16 mil vagas. Naquele momento, se você tivesse investido maciçamente no processo de educação, o tempo que você iria trazendo as pessoas em conflito com a lei a educação ia agindo. Só que se passaram os 10 anos e não foi feito. Nós temos que recomeçar. Para a segurança pública, você tem 3 etapas. Uma é abrir vagas, porque hoje chegamos a 22 mil presos, nossa capacidade era 16 mil, 17 mil. Temos que imediatamente abrir.

Como? Vai ter que ser parceria público-privada. Depois o segundo, de médio prazo, é tecnologia. As pessoas que não conhecem gestão estão falando integrar a polícia. Mas não é integrar as instituições. Se você pegar duas instituições que são tem toda sua cultura para você transformar isso numa cultura só, é um dos maiores desafios da iniciativa privada, quanto mais do setor público. Eu não faria isso, isso é suicídio, você tem que integrar sim, mas os processos. Então você tem um banco de dados só, tem um sistema só, todo mundo trabalhando na mesma base, todo mundo recebendo a mesma formação naquilo que compete a cada área. E com o passar do tempo, elas vão ficando mais similares. É trazer tecnologia, integrar banco de dados dos processo e não as instituições, que elas têm missões completamente distintas, mas são complementares. O que nós vamos fazer, afinal de contas, nós vamos integrar as ações e não as corporações. Isso é um trabalho de tecnologia. Em curto prazo, temos que abrir vaga e temos que tirar um com o cidadão conflito com a lei do convívio. Tem que ter uma porta de saída para ele, não é só jogar ele lá. Se não tiver uma ressocialização, a forma está errada.

Então resumindo: nós só cuidamos até hoje da parte de fora da segurança pública, quando o indivíduo já está em conflito com a lei, eu vou lá tiro ele, mas não quebra a fábrica de pessoas em conflito com a lei. O que eles têm em comum? Quando você pega jovens de 16 a 26 anos, que são os que mais matam e morrem. O que eles têm em comum? Eles foram abandonados pela escola do segundo ciclo do ensino fundamental (6º ao 9º ano). Então onde está a máquina de fazer bandido? Na escola do segundo ciclo fundamental. Se você fecha essa porta de saída, abriu uma porta acolhedora para esses jovens, e daqui a oito anos você não está mais com esse número de pessoas para serem detidas. Só que ninguém faz isso, está a cargo dos municípios. No nosso programa, já coloquei com reunião com os prefeitos, nós vamos assumir o segundo ciclo fundamental que ali que começa o desastre da educação. A prefeitura que quiser, o Estado irá assumir. mais dinheiro para gastar? Sim, mas se você não gasta aqui, você entope de dinheiro na segurança pública. Então você tem que ter um sistema, um planejamento de oito anos pelo menos, e se for o caso, atrair recursos de financiamento dos bancos de fomento para que para que você consiga fechar a fábrica de fábrica de pessoas em conflito com a lei para que no futuro você não tenha. Hoje se estima que tenha mais ou menos 22 mil presos e tenha mais ou menos a metade disso de ordem de prisão não cumprida. Ia botar aonde? A sociedade vai insistir nessa fórmula velha de resolver o problema da segurança pública, ou vão procurar uma fórmula nova? Que é investir em educação de qualidade de forma intensiva. Esse é o meu projeto candidato.

Investimento tem que ter dinheiro. Como fazer em um Estado que não tem essa capacidade toda de investimento?

Não tem por quê. O que se tem uma máquina extremamente inchada e ineficiente. Vou te dar um exemplo da Secretaria de Educação. Só uma consultoria que nós da iniciativa privada fizemos. Em uma mudança no processo de como matricular o aluno, foram R$ 92 milhões em um ano. O Estado está lotado disso isso, e não tem nada a ver com corrupção, não tem nada a ver com desvio, não tem má vontade. É simplesmente porque as pessoas não têm formação para serem gestoras. Tanto que a maior parte que assume o comando são políticos que perderam a eleição. A única coisa que passa na cabeça dele o dia inteiro é como ganhar a próxima. Ele não está ali focado em economizar recursos e entregar mais. É é isso nós temos que acabar, com a velha política, trazendo nova política, trazer técnicos.

Falta capacidade técnica então em alguns gestores da política?

Gestores que não são do quadro. São introduzidos, são elementos estranhos à corporação, que vão para lá sem compromisso nenhum com a corporação. Imagina você pegar um cara que perdeu emprego e colocar no seu lugar para fazer entrevista porque ele é seu amigo? Olha o desastre vai ser. É igualzinho na área pública. É no Brasil inteiro que isso acontece. Porque são as composições políticas que têm que ser montadas. Isso é velha política. Porque eu estou aqui nesse processo? Eu não sou político. É a capacidade de trazer o novo, entregar à sociedade o que ela está esperando.

O senhor está dizendo que o governo do qual o senhor fez parte é da velha política então?

Sim, parte dele é velha política. Parte dele está lá, as composições para se colocar.

O senhor chegou a falar sobre isso quando estava trabalhando lá? Reclamar, por exemplo?

Sim. Reclamar não, pois quem reclama é porque não quer fazer. O que que eu fiz? Vi o processo, tentei influenciar positivamente. "Está faltando consultoria aqui"; mas o Estado não tem dinheiro pra fazer; fui na iniciativa privada conseguir o dinheiro. Eu não sou muito de reclamar, eu sou de colocar à disposição para fazer. O que estou fazendo aqui? Saí do conforto, tenho 54 anos, e as pessoas estão perguntando: você é louco? Exatamente o contrário. Loucura é ficar sentado esperando que aqueles que estão lá no poder até hoje… Tem candidato que já participou do governo duas vezes, quebrou o estado uma vez como vice voltou depois de novo como titular. E por que nós vamos ficar sentados esperando? Minha filha tem 16 anos, e fico olhando pra mim: deixar esse legado aqui para eles? Não é suficiente.

O senhor pretende reduzir o número de secretarias? Onde seria?

Você tem a secretaria A, 95% do orçamento dela é pessoal, e ela não entrega absolutamente nada. Você vai lá, só tem pessoas tentando fazer, mas sem uma verba. Para que tem essas secretarias? Se pegasse aquele dinheiro e criasse um setor em uma outra, seria muito mais efetivo. É que as pessoas criaram esse conceito, isso é velho. Ter que ter um nome "secretaria" para ter. Isso é pra ter penduricalho. Você precisa ter um bom gerente, e geralmente ele é um funcionário estável, efetivo. Isso chama-se gestão, e quem sabe fazer isso é quem estudou para isso. Porque eu não tenho compromisso político. Eu conversei com os prefeitos passada e falei: você já pensou um governador que não tenha nenhum prefeito? Todos são meus. Eu sentar com você, para acertar com você. Eu não vou ficar apenas me reunindo com a polícia todo mês. Eu vou me reunir é com os professores, com os diretores das escolas, com as famílias, com eu os postos de saúde. Porque é ali que tem que ter solução para o cidadão. Fazer de macho e assumir o controle de rambo da segurança pública isso não traz resultados, já foi feito. Quem resolve os problemas de segurança pública a longo prazo é só educação de qualidade, não tem outra saída. E na saúde não tem jeito, o hospital não resolve, o que resolve é atendimento básico à saúde.

Você qualifica entrada, você cuida da pessoa antes dela adoecer. Nós só cuidamos da doença, temos que cuidar da saúde, e a saúde se faz é na atenção básica. E isso é no município, é uma equipe bem montada para atender três mil pessoas. Ela que vai introduzir essa pessoa no sistema, se ela precisar de exame especializado, o própria agente da família vai agendar.

Hoje em torno de 30% a 40% das pessoas que marcam consultas não aparecem. É dinheiro jogado no lixo ou não é? Daqueles que se consultam, sabe quantos por cento não vão nem buscar o exame, às vezes aqueles exames caros, até por medida judicial? Vinte e cinco porcento não vão buscar o exame. Se juntar essas duas coisas, já economiza em torno de 8 a 9%. Com esse dinheiro já se monta a unidade de atendimento à família. Muita gente que está internada hoje, um diabético cortou o pé, só está lá porque não teve atendimento básico da família e fica lá ocupando leite desnecessário. Se você estruturar esse sistema, do agente da família, as UPAs, a Rede Cuidar, e levar ao hospital só o necessário, você vai ter dinheiro sobrando pra fazer.

Suas considerações finais.

Queria deixar claro, convidar o eleitor para inovar. Aridelmo Teixeira, está à disposição para fazer esse trabalho junto com você. Meu único compromisso é com o cidadão. Mãe, eu vou cuidar do seu filho, vou botar a escola de tempo integral para o seu filho. Se você acabou de ter um bebê, eu já prometi aos prefeitos: nós vamos disponibilizar vaga em creche seja público, seja privada. Mas você vai trabalhar com tranquilidade, porque a população tem que entender que creche não é gasto de governo, é investimento. Se você tiver um lugar para deixar seu filho, você vai produzir mais para você e para a sociedade.

Pai, você também vai poder trabalhar com segurança. Com isso, eu vou assumir o 2º ciclo fundamental, vai sobrar dinheiro para prefeitura para que ela possa investir na pré-escola, e com a pré-escola bem feita a gente muda o curso da história e os nossos filhos, nossos capixabas, terão um futuro. Vamos ser mais uma vez exemplo: já fomos exemplo na educação do Brasil, agora vamos ser exemplo na América Latina, e vamos ser exemplo no mundo. Não só em finanças públicas, mas na educação e na saúde. Com isso, no longo prazo, esses dois elementos vão acabar com a insegurança. No final nosso governo nós teremos o melhor Estado para se investir no Brasil. Segurança, educação a saúde e qualidade.

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