As cinco pessoas que estavam foragidas após Operação Carro de Boi, em Guaçuí, deflagrada pelo Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), na terça-feira (07), se entregaram à polícia nesta quinta (09). Eles tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça por serem apontados de compor um esquema irregular de contratos na prestação de serviços de UTI e hemodiálise Santa Casa de Misericórdia de Guaçuí.
De acordo com o MPES, os médicos Daniel Sabatini Teodoro, Denis Vaz da Silva Ferreira, Hélio José de Campos Ferraz Filho e Jehovah Guimarães Tavares e o ex-provedor da unidade hospitalar Valmir Santiago, que atualmente é vereador estavam foragidos desde terça-feira. Após se apresentarem à polícia, foram levados para os presídios de Cachoeiro de Itapemirim e Viana.
A Santa Casa de Misericórdia de Guaçuí, instituição sem fins lucrativos, firmou convênios com a Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (Sesa) e por meio desses convênios recebe verbas públicas para prestação de serviços de UTI e hemodiálise. Porém, transferia a prestação dos serviços a empresas, o que é ilegal. As empresas contratadas pertencem a médicos, que foram presos por envolvimento no esquema.
As apurações apontaram ainda que para ter mais lucro, as empresas de UTI desligavam os aparelhos de ar condicionado para economizar, impondo sofrimento aos pacientes. Além disso, misturavam lixo hospitalar com lixo comum, para diminuir as despesas.
O objetivo da operação foi desarticular e colher provas relativas ao suposto esquema. Os quatro convênios da Santa Casa com os empresários foram celebrados entre 7 de junho de 2011 e 15 de maio de 2017. Ao todo, 15 pessoas são investigadas pelo esquema, entre elas médicos, empresários e o provedor da Santa Casa de Misericórdia de Guaçuí.
A assessoria da Santa Casa informou que nesta sexta-feira (10), o vice-provedor, Wilkes de Oliveira, foi nomeado provedor da unidade.
A reportagem tentou contato com a defesa dos envolvidos, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria.
Operação
Durante a deflagração da operação foram presos o provedor da Santa Casa de Misericórdia de Guaçuí, José Areal Prado Filho; o ex-provedor da instituição Renato Monteiro Pinho; o empresário Carlos Alberto de Almeida Proveti, conhecido como Carlinhos Boi, que é ex-sócio de empresa que atuava na UTI; e os médicos Waldir de Aguiar Filho, Vítor Oliveira Almeida e Eduardo José de Oliveira Almeida. Esses presos também estão nos presídios de Cachoeiro de Itapemirim e Viana.
Um dos documentos apreendidos na operação comprova a partilha dos lucros. O documento Acerto UTI 1 indica que, nos meses de fevereiro e março, o lucro chegou a R$ 76 mil, dinheiro que deveria estar disponível para a Santa Casa.
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