Com a frase "Superar será sempre possível", Raimundo Calado, de 42 anos, quer incentivar e ajudar dependentes químicos a vencerem o vício. Depois de 29 anos usando drogas, ele está livre dos entorpecentes há 13 anos e, agora, começou a gravar vídeos contando a sua experiência.
Raimundo é empresário em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado, e teve o primeiro contato com as drogas aos 14 anos de idade, junto com amigos.
"Foi no intervalo de um jogo de copa do mundo. Os meninos estavam no quarto e, quando abri a porta, me deparei com a cena que eu nunca mais vou esquecer: todos se confraternizando naquele momento de alegria. O prazer da euforia e a curiosidade foram aguçados em mim", lembra.
OUTRAS DROGAS
Depois de experimentar a maconha, ele contou como foi a passagem para outras drogas. "O usuário fica buscando essa mesma sensação da primeira vez e ela não se repete, por isso vai para uma droga um pouco mais forte. No meu caso, eu saí da planta, que é a maconha, e fui para uma droga mais processada, que é a cocaína. E a mesma coisa se repetiu, até que entrou o crack na minha vida. Aí eu vi que realmente tinha perdido o controle", diz.
RECAÍDAS
Na trajetória de luta conta o vício, Raimundo chegou a parar de usar drogas por alguns períodos, mas tinha recaídas. "Costumo dizer que para o saco de arroz, a gente não acha alguém para doar, mas para a droga sempre tem alguém para oferecer. Às vezes, até de graça. Mas a queda faz parte da doença, só não pode faz parte do tratamento. Dependente químico tem estar sempre em tratamento", afirma.
E o mal causado pelas drogas chegou atingir a vida profissional e a saúde mental de Raimundo. "Já perdi muitas oportunidades de emprego, tive prejuízos financeiros e sofri alguns acidentes automobilísticos, devido ao uso de álcool e drogas", conta.
QUANDO RESOLVEU BUSCAR AJUDA
A reação para buscar melhoras definitivas aconteceu quando ele estava com uns 30 anos de idade. "Tinha uma sensação muito grande de que ia morrer, ou por overdose ou até mesmo por um conflito com a polícia, porque a gente frequenta boca de fumo e ambientes assim. Aí que resolvi pedir ajuda a amigos e familiares. Até me surpreendi, porque vi que as pessoas que eu mentia sobre o uso só estavam esperando eu pedir ajuda. É impressionante", diz.
COMO SURGIU A IDEIA DOS VÍDEOS
Sobre a ideia de ajudar as pessoas contando a sua experiência, ele disse que pensou nisso logo após o processo de recuperação.
"Foi gerado em mim o desejo de compartilhar essa superação. Eu comecei há 13 anos como se fosse uma semente, que foi crescendo e, hoje, já posso dizer que está dando frutos. A ideia é oferecer ajuda, retribuindo a ajuda que eu tive quando precisei."
Ele reforça que a batalha é constante para viver sem a dependência, mas garante que a vale a pena.
Os vídeos de Raimundo são divulgados nas redes sociais e sempre trazem experiências e incentivo para superar o vício.
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