A surpresa da economia neste momento não é a liberação do saque de parte do FGTS. É o governo Bolsonaro repetir o remédio imediatista, para cenários em decadência, usado por Temer para animar a atividade econômica.
Com o presidente anterior, o PIB arrastou-se 1,1% ao ano. Acredita-se que nem a isso se chegará em 2019. As projeções caem sem parar há 20 semanas. O mercado financeiro prevê avanço diminuto, em torno de 0,8%.
Espera-se breve voo de galinha com a injeção do FGTS no consumo. Só. É quase nada para o sonho nacional de expansão de 3% em 2019. As chances de chegar a esse patamar foram adiadas. Talvez em 2021. Se tudo der certo.
Mas não há como negar: o Brasil viveu 200 dias de surpresas com Bolsonaro. Boas e más. Este espaço dá para citar poucas coisas esperadas desde muito antes do atual governo e outras que nunca deveriam ter ocorrido nas áreas política e econômica.
A redução dos ministérios (de 29 para 22) é positiva. Pensava-se que o Congresso não iria consentir, dada a inabilidade do presidente no trato com ex-colegas parlamentares. Mas o corte de ministérios é quase somente simbólico. Indispensável é uma reformulação nos parâmetros funcionais do Estado, visando melhorar suas respostas às necessidades da população e facilitar a competitividade.
Um dos fatos mais notáveis nesses 200 dias é o início da aprovação da reforma da Previdência. Falta muito para o desfecho, mas era crucial destravá-la. E aí surgiu uma grande surpresa. A Câmara dos Deputados, useira e vezeira em enterrar iniciativas pró-reforma, resolveu coloca-la no colo e leva-la adiante. Foi artífice da vitória em primeira etapa. E aí os papeis se inverteram. Bolsonaro quase consegue impedir a aprovação. Atacou o projeto com os vírus do privilégio e do corporativismo, buscando amenizar rigores para os militares, dos quais é muito próximo.
Entre ocorrências inusitadas, o que dizer da pretensão de guindar Eduardo Bolsonaro a embaixador nos Estados Unidos? Meritocracia? Que nada! O filho do Capitão não estudou no Instituto Rio Branco, que prepara o corpo diplomático brasileiro. Vê-se tentativa de imitar os passos do príncipe saudita Khalid bin Salman bin Abdulaziz Al Saud, nomeado pelo pai para tal cargo.
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Chacota internacional tomou conta do caso. O jornal “El Pais” lembrou do terceiro imperador de Roma, Calígula, que nomeou o seu cavalo preferido, chamado Incitatus (Impetuso), cônsul da Bitínia.
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