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Inflação em queda não é a solução dos problemas econômicos

IPCA está próximo a zero, mas a economia se arrasta. Selic cairá com inflação baixa e reforma da Previdência

Publicado em 11/07/2019 às 16h44
Inflação controlada. Crédito: Amarildo
Inflação controlada. Crédito: Amarildo

As regiões metropolitanas disputam um troféu incomum: o da menor inflação. Sete mergulharam em deflação em junho: São Paulo (-0,04), Recife (-0,08), Goiânia (-0,10), Aracaju (-0,12), Rio Branco (-0,14), São Luís (-0,24) e Porto Alegre (-0,41). Já em Salvador, “meu rei”, o IPCA praticamente zerou: 0,01%. Exatamente essa foi a média nacional. A própria economia faz, a seu modo, uma comemoração de gala dos 25 anos do Plano Real.

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A Grande Vitória não está tão bem na fita. O índice junino de 0,54% é o maior do Brasil. Tal desventura se deve ao bedelho do governo. Aos preços administrados, com reajustes muito acima da inflação, desrespeitando o mercado. Por exemplo, as passagens aéreas decolaram 20,21%; na energia elétrica, um choque de 4,81%, devido à alta na alíquota do PIS/Cofins.

Porém, temos um consolo (muito mais importante do que o resultado de apenas um mês): os índices acumulados na Grande Vitória apontam 2,22% no primeiro semestre e 3,67% em 12 meses – iguais à média nacional e bem abaixo da meta de 4,25%.

A deflação em sete áreas metropolitanas é passageira. Apenas em junho. Vale ressaltar que o objetivo não deve ser esse. Veja: em período de queda contínua nos preços, e expectativa de que o declínio prosseguirá, muitas compras são adiadas o máximo possível, à espera de preços mais baixos amanhã. Empresas param de produzir, e o governo de arrecadar.

Mas o que significa o cenário atual de inflação inibida, para os nossos padrões? Muitas coisas. Primeiro, a manutenção do poder de compra, o que pode abrir oportunidades para negócios, se o valor dos salários não continuar para baixo. O outro lado da moeda é que o IPCA próximo a zero mostra a economia se arrastando. Lentamente. A principal causa é a grande ociosidade, sobretudo na indústria, que hoje produz menos do que há cinco anos e perde espaço no PIB, cada vez mais. E o desemprego é assustador. Principalmente entre jovens.

Resumo da ópera: inflação baixa é bom, mas não é tudo. O Brasil precisa de reformas estruturais. Só os índices de preços estabilizados não levarão a economia à competitividade desejada. Com o avanço da reforma da Previdência, o mercado amplia a aposta em cortes na Selic, estacionada em 6,5%, nível mais baixo da história. O juro menor ajuda, mas não vai sacudir o marasmo econômico. É necessária uma reestruturação tributária, e do próprio Estado, para ajudar a conectar o Brasil com a modernidade e atender melhor às demandas.

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