Jornalista de A Gazeta. Há 10 anos acompanha a cobertura de Economia. É colunista desde 2018 e traz neste espaço informações e análises sobre a cena econômica.

A solução 2 em 1 de Casagrande para o governo

Governador resolveu "problema" na ES Gás e na Secretaria de Desenvolvimento

Publicado em 18/07/2019 às 22h51
O governador Renato Casagrande . Crédito: Hélio Filho/Secom
O governador Renato Casagrande . Crédito: Hélio Filho/Secom

A recusa do engenheiro Eugenio Mamede, no início desta semana, para presidir a ES Gás deixou o cargo vago, mas o posto ficou aberto por muito pouco tempo. O governador Renato Casagrande (PSB) foi rápido ao trazer uma solução para o comando da companhia, uma sociedade entre o governo capixaba e a BR Distribuidora que passa pela fase de constituição.

A reunião em que Mamede agradeceu a oportunidade, mas disse que não poderia aceitá-la, foi realizada na manhã de segunda-feira, 15, e por volta das 18 horas do mesmo dia a equipe de Casagrande já divulgava o novo nome para a companhia de gás: o do atual secretário de Desenvolvimento (Sedes), Heber Resende.

Resende é formado em Engenharia Civil e Engenharia de Petróleo e tem mais de 30 anos de experiência na área de energia. Natural de Cachoeiro de Itapemirim, atuou na Petrobras e trabalhou em cidades como Rio de Janeiro, Macaé, Salvador, São Mateus e Houston (EUA).

Diante do bom currículo do cachoeirense e da sua vasta experiência no setor energético, Casagrande logo viu que a saída para preencher a vaga da ES Gás estava bem próxima. Aliás, mais do que isso, o governador tinha a oportunidade de “matar dois coelhos com uma cajadada só”.

Explico. Nos bastidores, a análise é que o governador buscou resolver uma insatisfação que já estava aparecendo e ganhando corpo no entorno da pasta do Desenvolvimento. Desde que Heber Resende assumiu, em janeiro deste ano, empresários, potenciais investidores e pessoas do próprio governo vinham notando que a secretaria estava andando meio de lado.

Assim, Casagrande foi, na visão de interlocutores, estratégico ao tirar o engenheiro do cargo na Sedes e remanejá-lo para a ES Gás. De uma só vez, o socialista manteve ao seu lado uma pessoa com perfil técnico e qualificada e que entende do negócio de gás, e abriu espaço para repensar um nome – que até o momento não foi divulgado – para conduzir a Secretaria de Desenvolvimento.

“A movimentação do Heber para a empresa de gás foi muito interessante. Porque ele tem uma expertise grande na área de óleo e gás. Ele é uma pessoa fácil de lidar e bom profissional. A mudança está ligada a uma questão de perfil. Na ES Gás, o governador vai usar muito melhor a capacidade e o conhecimento que o Heber tem do que na Sedes”, ponderou uma fonte de dentro do Palácio Anchieta.

As queixas que vêm acontecendo estão ligadas principalmente à gestão de Resende. Para alguns, falta a ele jogo de cintura e mais dinamismo na condução das atividades e dos projetos da secretaria. “Ele não se envolve, faz tudo para aparecer pouco. Tem que ser o contrário. Essas são características importantes para um secretário de Desenvolvimento”, ponderou uma pessoa que conhece bem o funcionamento da pasta.

Uma outra fonte com forte ligação com a Sedes observou que a função exige que o gestor tenha um olhar holístico da economia e conheça os meandros da atração de negócios. “Acho que o Heber não estava adaptado para isso e, ao mesmo tempo, não recebeu do governo condições e uma equipe mais multidisciplinar para se adaptar”, opinou.

A percepção é de que o engenheiro está longe de ser o “vilão” da história. O modelo escolhido pelo governador também tem sua parcela de “culpa”. Desde que Casagrande assumiu, aconteceram mudanças que tiraram o protagonismo da Sedes. Com a reestruturação feita pelo socialista e o seu time, algumas atividades foram redistribuídas com a Secretaria da Fazenda e com o Bandes, a exemplo das PPPs, da atração de investimentos e do programa Simplifica ES.

Outra constatação de fontes ouvidas pela coluna é que as trocas de pessoal na secretaria interromperam a continuidade de trabalhos e acabou interferindo na “memória” da instituição. “É natural haver mudanças com um novo mandato. Mas é porque elas foram muito numerosas para uma secretaria que é enxuta. Não que as coisas tenham parado, mas perderam o ritmo. Fora que a secretaria foi desidratada e perdeu o protagonismo que construiu ao longo dos anos.”

A coluna tentou apurar quem está no radar do governador para substituir Resende – que segue no cargo até que ele assuma a ES Gás –, mas, por enquanto, o assunto é tratado a sete chaves. Extraoficialmente, algumas pessoas disseram que nomes que estão dentro do governo, como o de Maurício Duque (Bandes) e de Luiz Paulo Vellozo Lucas (IJSN), teriam condições de atender aos requisitos da pasta.

Independentemente de quem venha a chefiar a Sedes, a expectativa é que o gestor seja capaz de estruturar a equipe e consiga recolocar a secretaria no patamar de destaque que historicamente teve no ES. Afinal, ela é um importante instrumento para o desenvolvimento do Estado.

Eco$nomia - Tirinha do Arabson - 19/07/2019. Crédito: Arabson
Eco$nomia - Tirinha do Arabson - 19/07/2019. Crédito: Arabson

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