Jornalista de A Gazeta, há mais de 10 anos acompanha a cobertura de Economia. É colunista desde 2018 e traz neste espaço informações e análises sobre a cena econômica

Largada no ES é de ambiente favorável à reforma

Governador Casagrande tem assumido cada dia mais a defesa pela reforma da Previdência local, e parlamentares já dão sinais de que concordam com a mudança de regras

Vitória
Publicado em 14/07/2019 às 20h42
Atualizado em 30/09/2019 às 04h22

Depois de se manter por um bom tempo esperançoso de que as novas regras da Previdência para os servidores estaduais seriam implantadas por aqui a partir das decisões tomadas em Brasília, o governador Renato Casagrande (PSB) precisou mudar a linha dessa expectativa e também a rota da sua estratégia.

No dia 2 de julho, quando o relator Samuel Moreira (PSDB) anunciou que a nova proposta excluía Estados e municípios, o socialista deu sua primeira declaração pública admitindo que o cenário não era favorável. E, na última quarta-feira, 10, após a aprovação do texto-base na Câmara dos Deputados, em entrevista para A GAZETA, afirmou que a sua equipe já está trabalhando para que, até setembro, apresente as mudanças que serão necessárias para reduzir o rombo de quase R$ 2,5 bilhões, por ano, da Previdência local.

Claro que Casagrande, até pelo seu jeito reconhecidamente otimista e como forma de pressionar de alguma maneira os parlamentares, continua a afirmar que ainda há chance das regras se estenderem aos demais entes da federação, especialmente quando o texto chegar ao Senado. Mas longe dos holofotes, ele passou a dar sinais mais claros de que não terá para onde correr e que também não pretende se esconder do problema.

Entre empresários e lideranças, o governador tem falado abertamente que o debate tem que acontecer e que a reforma será feita aqui, por mais polêmica e impopular que ela seja.

Considerando que hoje, dos R$ 17 bilhões do orçamento do Estado quase 15% são destinados para cobrir o déficit previdenciário de aproximadamente 40 mil servidores inativos e pensionistas, Casagrande não poderia adotar postura diferente se deseja manter o Espírito Santo como referência do país na gestão fiscal.

Mas não deixa de ser curioso que ele, como um dos caciques do PSB – partido que fechou questão contra a reforma previdenciária – vá liderar um movimento por novas regras nas aposentadorias.

Se esse envolvimento do governador se mantiver crescente e ele construir um texto que permita o ES estancar o ralo de gastos com a folha de pagamentos dos aposentados, Casagrande dará uma demonstração de que é possível não repetir os clichês políticos e deixará a mensagem de que ele entende que o seu governo é passageiro, mas o Estado é perene e precisa avançar.

Sozinho, entretanto, o governador não consegue mudar nada. Ele vai precisar contar com a Assembleia Legislativa. Até agora, os sinais que vêm do parlamento estadual são favoráveis ao debate. No último domingo, em entrevista à coluna, o presidente da Casa, o deputado Erick Musso (PRB), afirmou estar pronto para ajudar nesse processo e defendeu uma ampla discussão em torno das novas regras da aposentadoria. Chegou a falar em pacto pela reforma estadual, enfatizando como a redução do déficit é questão inadiável.

Matéria publicada na edição de Economia de ontem reforça que o caminho pode ser menos tortuoso do que se imaginava em um primeiro momento. Dos 30 deputados, 14 já se mostraram inclinados a aceitar as alterações na Previdência estadual, ainda que elas estejam na fase de construção pela equipe do Palácio Anchieta.

Somente um parlamentar, a petista Iriny Lopes, se posicionou contrária a mudanças. Mas, neste caso, não há nenhuma surpresa. Os outros 15 legisladores preferiram não responder à reportagem de A GAZETA ou disseram que ainda é cedo para se posicionar.

De qualquer modo, considerando que são necessários pelo menos 18 votos para o governo conseguir aprovar mudanças no regime previdenciário local, a largada se mostra favorável.

Claro que não dá para ignorar que estamos tratando de um tema que é e sempre será espinhoso e que envolve categorias bem organizadas com alto poder de pressão. Mas integrantes do governo, deputados, servidores e a sociedade em geral devem lembrar de um ponto: enquanto o caixa do Tesouro Estadual precisar aportar R$ 2,4 bilhões por ano para atender a uma classe de 40 mil pessoas, ele estará deixando de cuidar de outros 4 milhões de capixabas.

AMERICANA ATRÁS DE FORNECEDORES DO ES

Plataforma de produção de petróleo

A americana Epic Applied Technologies, vencedora da licitação para desmontar três plataformas fixas no campo de Cação, Litoral Norte do ES, já começou a procurar as empresas capixabas para serem potenciais prestadoras de serviços. A notícia animou os fornecedores por aqui.

Segundo o coordenador do Fórum Capixaba de Petróleo e Gás, Durval Vieira, o descomissionamento das estruturas será o primeiro do país e abre uma frente de oportunidades. “Queremos nos transformar em uma base tecnológica e ser referência nesse tipo de trabalho. Se alcançarmos esse patamar, podemos aproveitar os negócios que vão surgir. Só para os próximos 5 anos, devem ser desmontadas de 20 a 30 plataformas no Brasil”.

DE MUDANÇA

O gerente de Relações Institucionais da Suzano, Pedro Torres, vai deixar a companhia e o ES. Ele está arrumando as malas para se mudar para São Paulo e assumir novo desafio na Gerdau.

SAÍDA SUSTENTÁVEL

As empresas Waterfarm e TechHunters estão apostando no uso consciente da água e na redução de custos nos negócios para trazer um novo produto para o mercado. Elas lançaram uma máquina que é capaz de transformar o esgoto em água. O equipamento, com capacidade para tratar até 80% do efluente e processar até 10 mil litros por hora, tem o foco em indústrias, condomínios, shoppings e prefeituras. Com uma oferta cada vez menor e instável de água, fruto de estiagens, essa pode ser uma boa alternativa para consumidores de médio a grande porte. Até o momento, há três clientes em potencial em negociação.

JOGO RÁPIDO COM QUEM FAZ A ECONOMIA GIRAR

Nome: Erisson Matos

Empresa: Yes Showroom

No mercado: Há dez anos

Negócio: organização de showrooms B2B para o setor de móveis, eletros e colchões.

Atuação: Em todas as regiões do Brasil

Funcionários: 15

Economia: Em tempos difíceis, criatividade e paciência. Em tempos melhores, apenas criatividade.

Pedra no sapato: O Custo Brasil.

Tenho vontade de fechar as portas quando: A falta de vontade política sobrepõe os interesses do mercado.

Solto fogos quando: Um projeto roda em alta performance e a felicidade fica estampada nos sorrisos dos nossos visitantes.

Se pudesse mudar algo no meu setor, mudaria...: A percepção sobre alguns valores.

Minha empresa precisa evoluir em: Alguns processos internos e sempre em tecnologia.

Se começasse um novo negócio seria...: Continuaria na prestação de serviços para o varejo. Não tem jeito: o setor corre nas minhas veias.

Futuro: Quem organiza eventos já vive no futuro!

Uma pessoa no mundo dos negócios que admiro: Abílio Diniz, pela vitalidade e ousadia.

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