Jornalista de A Gazeta. Há 10 anos acompanha a cobertura de Economia. É colunista desde 2018 e traz neste espaço informações e análises sobre a cena econômica.

Shell anuncia perfurações e nova sísmica para 2020

Companhia planeja aumentar produção de petróleo no litoral Sul do ES

Publicado em 06/08/2019 às 23h13
FPSO Espírito Santo, que produz petróleo da Shell. Crédito: Divulgação/Shell
FPSO Espírito Santo, que produz petróleo da Shell. Crédito: Divulgação/Shell

Depois de cerca de três anos sem fazer perfurações no Parque das Conchas, no litoral Sul do Estado, a anglo-holandesa Shell voltou a intensificar suas atividades na área e anunciou a perfuração de dois poços neste primeiro semestre, ambos no campo de Argonauta. Um deles, o B-West, inclusive, já começou a produzir há uma semana.

A informação foi dada pelo presidente da companhia no Brasil, André Araújo, que esteve ontem no Estado, quando participou da feira Mec Show, onde foi homenageado. Antes do evento, ele conversou com a coluna e contou ainda que, para o próximo ano, a Shell planeja mais investimentos para o Espírito Santo, como realizar uma nova sísmica 4D.

O objetivo da multinacional é estender o tempo de vida útil dos ativos e maximar a produção no Estado, hoje em torno de 35 mil a 40 mil barris de óleo por dia, o que representa aproximadamente 10% da produção total da Shell no Brasil.

André Araújo, presidente da Shell Brasil

No intuito de continuar mantendo o nível de produção adequado aqui no Parque das Conchas, em 2020, a gente vai fazer uma nova sísmica 4D. Isso é um reflexo de que, no fundo, o que a gente quer mesmo é encontrar mais oportunidades, e qualquer óleo que esteja escondido, a gente vai tentar trazer. É um bom benefício para gente e para o Estado

A declaração de Araújo é importante para o Estado, uma vez que demonstra que, mesmo com os projetos que a empresa tem em outras áreas, como no pré-sal da Bacia de Santos, a anglo-holandesa continua apostando no Espírito Santo. Isso significa mais alguns milhões e até bilhão de dólares a serem investidos, empregos, contratação de bens e serviços, além da geração de receita por meio do pagamento de impostos e royalties.

Os números da Shell ao longo dos 10 anos em que está presente no Espírito Santo dão uma dimensão do seu peso para a economia local. Nesse período, a companhia produziu mais de 160 milhões de barris e, só em 2018, pagou cerca de R$ 145 milhões em royalties para os cofres capixabas. A atuação da petrolífera tem papel importante, uma vez que ela foi a primeira empresa privada a entrar neste mercado offshore do Espírito Santo. Antes dela, existia apenas a Petrobras.

Um curiosidade é o quanto a Shell já fez em termos de viagens transportando os seus profissionais da terra para a sua plataforma marítima, o FPSO Espírito Santo. Foram 4.200 viagens ao longo de uma década. A distância percorrida é o equivalente a dar uma volta e meia ao redor do planeta Terra.

Assim como a Shell, que passou a realizar investimentos e conquistar uma fatia importante do mercado de óleo e gás no Brasil – hoje é a segunda maior produtora no país –, a expectativa é que este novo momento vivido por esta indústria amplie a atuação de outras companhias no Espírito Santo e no Brasil como um todo.

Os leilões previstos para acontecer ainda em 2019 e os programados para os próximos anos têm sido responsáveis por dar uma injeção de ânimo em investidores nacionais e internacionais.

O secretário de petróleo, gás natural e biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, também participou do evento no Estado e, na ocasião, enfatizou que 2019 será o ano com o “maior conjunto de leilões da história não só do Brasil, mas do planeta”.

Claramente o otimismo voltou a jorrar. Agora, é fundamental que o país consiga aproveitar essa janela de oportunidades que está aberta. Caso contrário, a mudança de matriz energética, que já vem acontecendo mundo afora, vai fazer com que o Brasil desperdice todo o seu potencial e perceba que toda a sua riqueza ficou enterrada a alguns bons quilômetros de distância.

Plano diretor

Márcio Félix, representante do Ministério de Minas e Energia, afirmou durante sua participação na Mec Show que o Espírito Santo precisa construir um plano diretor da infraestrutura do gás. Ele conversou com representantes de entidades capixabas para estimular que seja feito um diagnóstico para o ES se colocar como vitrine para o país nesse segmento.

Solução

Entusiasta declarado do Espírito Santo, Márcio Félix defendeu que o Estado já tem uma infraestrutura forte para o Novo Mercado de Gás. Citou que pode ser muito mais interessante para investidores pensarem em uma interligação de gasodutos entre o campo de Roncador e Jubarte do que serem feitas novas unidades de processamento de gás.

Capacidade ociosa

Para o representante do governo federal, mais de 5 milhões de metros cúbicos/dia podem ser transportados por meio dessa ligação. “As plantas de gás do Espírito Santo, como a de Cacimbas, estão com a capacidade ociosa. Existe uma capacidade de processamento aqui de mais de 15 milhões de metros cúbicos/dia. Será que ninguém está pensando em aproveitar essa infraestrutura?”, provocou Félix.

Suspense

Durante sua palestra, Márcio Félix brincou que não consegue deixar o ES, mesmo que já esteja há sete anos fora. “Ao longo desse período, continuei mantendo moradia aqui. Minha família fala que eu tenho que fazer uma análise financeira disso”, afirmou arrancando risos da plateia. Mas disse que em breve estará mais presente no Estado. Além da participação no conselho da ES Gás, será que vem mais novidade por aí?

 

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