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Com estilo "presidente mesa de bar", Bolsonaro ainda não feriu a lei

A agressividade como forma de comunicação pode dar certo no curto prazo. Mas desgasta com o tempo

Publicado em 08/09/2019 às 10h59
Atualizado em 09/09/2019 às 14h14
O presidente da República, Jair Bolsonaro. Crédito: Alan Santos/PR
O presidente da República, Jair Bolsonaro. Crédito: Alan Santos/PR

A política brasileira está sendo sacudida por uma mudança cultural que, lá fora e aqui, está transformando e subvertendo antigas estruturas de poder. Partidos e políticos tradicionais vão sendo substituídos por outsiders. Uma visão de mundo menos algemada pelo politicamente correto e mais conservadora perde a vergonha de se apresentar como alternativa.

Jair Bolsonaro, com suas virtudes, seus defeitos e seu estilo “presidente mesa de bar”, soube captar o pulsar profundo da sociedade. Isso explica boa parte do seu desempenho. Passou como um tanque e arrasou o antigo mapa do poder: grandes partidos encolheram, velhos caciques foram pulverizados, antigas fontes desapareceram e a esquerda está literalmente no córner.

Bolsonaro, armado de uma comunicação polêmica, está nas manchetes, nas páginas de política e nas discussões midiáticas.

Isso é ruim ou bom para o seu governo? É incompetência ou é jogada ensaiada? Será que tudo isso, aparentemente desconexo e incompreensível e até mesmo desagradável, faz parte de um jogo estudado, manifestação de uma estratégia pensada e implementada?

É cedo para chegar a uma conclusão. Creio que muitas vezes o presidente esteja esticando excessivamente a corda. Mantém sua militância unida e motivada, mas corre o risco de perder o importante capital representado por aqueles que querem mais governo e menos confronto, mais diálogo e menos conflito. O Brasil, não esqueçamos, é um país de consenso. Não foi só a roubalheira que fez água no projeto lulopetista de perpetuação no poder. Foi o cansaço provocado pela estratégia do “nós contra eles”.

A agressividade como forma de comunicação pode dar certo no curto prazo. Mas desgasta, e muito, numa perspectiva de médio prazo. Gera antipatia e acaba transferindo o controle da narrativa para as mãos dos que, espertamente, se apresentam como vítimas da comunicação metralhadora giratória.

No mundo da pós-verdade, o que importa não é objetividade dos fatos, mas a força emocional das percepções.

O presidente da República corre o risco de perder a batalha das percepções. A equipe montada por Jair Bolsonaro é muito superior aos ministérios da era petista. Tem gente séria trabalhando: Paulo Guedes, Sergio Moro, Tarcísio Gomes de Freitas, general Heleno, o porta-voz da Presidência, general Rêgo Barros, Tereza Cristina, entre outros. Não dá para comparar com ministérios de recente e triste memória.

Claro, há a dúvida se os filhos se mostrarão o seu tendão de Aquiles e o risco de indevidas tentativas de interferência na Polícia Federal, no Coaf etc. Bolsonaro tem falado demais. Produz espuma inconveniente para sua própria imagem. Mas até o momento é justo reconhecer, o presidente não cruzou a fronteira, não feriu a lei, a Constituição e o valores republicanos.

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