E juiz de Direito aposentado e escritor

A Academia de Letras não é uma instituição desligada do mundo

Numa época em que se exalta a matéria, todos aqueles que privilegiam o espírito encontram-se na contramão. Mas é a contramão que faz o mundo avançar, e não o pensamento convergente

Publicado em 30/07/2019 às 15h06
Livros e a Academia de Letras. Crédito: Divulgação
Livros e a Academia de Letras. Crédito: Divulgação

A Academia Espírito-santense de Letras recebeu um novo membro – o poeta Sérgio Blank. Por limitações de saúde, não tenho podido manter presença constante em nossa academia.

Mas se não posso comparecer fisicamente a todas as reuniões e sessões, nunca me ausento em espírito e em comunhão.

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Algumas pessoas pensam que Academia de Letras é instituição anacrônica, totalmente desligada do mundo atual. Não subscrevo essa opinião.

Nas academias, os membros estimulam uns aos outros. Relatam-se os textos em andamento, os livros projetados ou concluídos etc.

É um ambiente fraterno.

Contrasta com as ferrenhas disputas do universo capitalista.

Numa época em que se exalta a matéria, todos aqueles que privilegiam o espírito encontram-se na contramão. Mas é a contramão que faz o mundo avançar, e não o pensamento convergente.

A história das academias registra casos em que o pretendente a cadeira só foi eleito depois de várias tentativas sem êxito.

Por outro lado, houve prosadores e poetas aos quais se recusou o cetro acadêmico, mas que se tornaram imortais pela grandeza da obra.

Foi isto o que aconteceu com Geir Campos.

O grande Geir pretendeu ingresso na Academia Brasileira de Letras. A vaga, para desprestígio da instituição, lhe foi negada. Essa recusa não obscureceu sua glória.

Geir Nuffer Campos nasceu em São José do Calçado, cidade em que residi durante o tempo em que fui juiz de Direito da Comarca.

Já residindo em Niterói, ele foi a sua terra natal e nos visitou. Fomos presenteados com originais de trabalhos seus que guardo ciosamente.

Em São José do Calçado, Geir quis visitar a casa de sua infância e tive a honra de o acompanhar nessa visita. Foram momentos de grande emoção para a alma do poeta.

Mas vamos agora falar de Sérgio Blank. O recém-empossado acadêmico nasceu em Vitória, em 7 de abril de abril de 1964. Com 20 anos de idade, publicou seu primeiro livro.

Sensível, escreveu poesia e literatura para crianças.

Em 2017, editou sua obra completa sob o título “Os dias ímpares“.

Sérgio é um pacifista, como pacifista deve ser todo poeta.

Guerra é negação de humanidade. Não combina com poesia.

Vamos sorver a essência dos versos que se seguem. Traduzem pura poesia na exaltação da paz...

“Gente que nasceu em meu ano /

Não pensa a Guerra /

Pedala sem tocar qualquer chão /

Pessoas que são poucas coisas /

Passeios suados de bicicletas /

Findando nos ônibus de rodoviárias / Nas caronas já caretas.“

(Versos do poema “O anel que tu me deste”).

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