Há nuvens não devassadas no caso das mensagens entre Moro e Dallagnol

É preciso esclarecer duas questões cruciais: afinal, quem são os hackers e quem financiou o grampo?

Publicado em 18/07/2019 às 17h38
Deltan Dallagnol e Sérgio Moro. Crédito: Helvio Romero/Agência Estado
Deltan Dallagnol e Sérgio Moro. Crédito: Helvio Romero/Agência Estado

Do episódio que resultou na divulgação das supostas mensagens atribuídas a autoridades brasileiras – entre as quais estão o então juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol –, divulgadas pelo site “The Intercept Brasil”, há uma nuvem ainda não devassada que, se desvendada, serviria para esclarecer duas questões cruciais que tornam obscura grande parte desta história: afinal, quem são os hackers e quem financiou o grampo.

O que se sabe é que o trabalho foi executado por hackers profissionais que cobram caro pelo serviço, algo acima de R$ 100 milhões, segundo o cálculo de especialistas. Sabe-se, também, que trabalhos de interceptação de 15 telefones custam algo em torno de R$ 30 milhões.

Não se trata, pois, de coisa de amadores, ou de um jovem que se diverte descobrindo segredos e derrubando as barreiras levantadas pelas empresas de telecomunicações.

Identificar quem executou e quem pagou pelo serviço pode esclarecer muitas coisas, inclusive os critérios adotados na escolha das autoridades hackeadas. Hoje, já se sabe que não foram só os telefones de Sergio Moro e Delton Dallagnol que foram hackeados. Pelo menos mais 14 procuradores e juízes tiveram os telefones invadidos, entre eles a juíza federal substituta Gabriela Hardt, responsável pela decisão de primeira instância que condenou o ex-presidente Lula no caso do Sítio de Atibaia.

Outra autoridade que foi vítima de invasão telefônica foi o ex-procurador geral da República Rodrigo Janot. Janot revelou que, em abril, um hacker tentou acessar seus dados pessoais e o Twitter. A lista dos hackeados que participam, ou participaram, da Operação Lava Jato é numerosa.

Pouco se sabe das investigações que estão sendo conduzidas pela Polícia Federal para descobrir os autores das interceptações. Mas é certo que o hacker se passou por Moro no aplicativo Telegram, no dia 4 de junho, em conversa com várias pessoas. Também um membro do Conselho Nacional do Ministério Público revelou ter sido o seu Telegram clonado.

Cada vez fica mais evidente que a ofensiva contra a Lava Jato foi executada por hackers profissionais pagos a peso de ouro. Pagos por quem? Segundo Moro, por uma organização criminosa.

O que não é difícil adivinhar é a quem interessa destruir a Operação Lava Jato. É só acompanhar a reação dos políticos, advogados, empresários e membros da Justiça. Um deles, ao comentar o assunto, chegou a dizer, quase sorrindo, que não queria que parecesse estar “saltitando no túmulo de ninguém”. E quem disse isto não foi uma pessoa qualquer. Foi um ministro do Supremo Tribunal Federal.

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