É economista. Analisa, aos sábados, o ambiente econômico do Estado e do país, apontando os desafios que precisam ser superados para o desenvolvimento e os exemplos de inovação tecnológica

ES deve ser protagonista na integração do país com o mundo

Abre-se uma ótima oportunidade para a consolidação do Espírito Santo enquanto plataforma logística. Para isso, no entanto, infraestrutura deve ser assumida como condição essencial

Publicado em 10/07/2019 às 23h14
Atualizado em 30/09/2019 às 05h12
Porto de Vitória: ES pode aumentar as exportações para a Europa. Crédito: Carlos Alberto Silva
Porto de Vitória: ES pode aumentar as exportações para a Europa. Crédito: Carlos Alberto Silva

O acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia pode representar boas oportunidades para o Espírito Santo. E isso num movimento de mão dupla. Ou seja: de um lado com a possibilidade de incremento e da maior complexidade na pauta de exportações; de outro lado, a abertura econômica mais facilitada e baseada numa pauta de importações que possa contribuir para acelerar o processo de atualização tecnológica e inovação do nosso parque produtivo; além de ampliá-lo e diversifica-lo.

Abre-se uma ótima oportunidade para a consolidação do Espírito Santo enquanto plataforma logística, de integração nacional e internacional, potencializando assim exportações e importações. Aliás, essa é a estratégia que nos apresenta como a mais adequada, tendo em vista o nosso limitado espaço no mercado local para nossos produtos.

A União Europeia representou em 2018 cerca de 16% do valor das exportações do Espírito Santo, cuja liderança foi dos EUA, com 30%, seguido de China, com 10,5%. Algo em torno de US$ 1,5 bilhão de um total de US$ 9,31 bilhões, o que gerou um saldo na nossa balança comercial de US$ 690 milhões.

Mas, mais do que números, interessa-nos saber as respectivas composições das pautas. E aí vamos ver, do lado das exportações, uma forte concentração em commodities: minério de ferro, aço, café e celulose. Bem diferente da composição das importações, onde predominam produtos de maior valor agregado: máquinas e equipamentos, produtos farmacêuticos, veículos, rochas, óleos e bebidas, e mais uma série de outros produtos.

Da mesma forma que o cenário que se desenha mostra-se promissor, não podemos perder de vista uma série de desafios a serem enfrentados.

Boa parte desses desafios, espera-se, que já tenhamos resolvido ou contornado até a vigência efetiva do acordo. Chamo a atenção nesse caso para as nossas deficiências de infraestrutura, e com destaque para o nosso sistema portuário, cujas limitações já afetam fortemente nosso comércio exterior.

Nos últimos seis anos, além da queda do fluxo de comércio exterior, principalmente por conta da crise, constata-se a evolução crescente de um processo de drenagem das nossas exportações e importações para outros portos, como o de Santos. A participação desse porto nas exportações capixabas passou de 1,3% para aproximadamente 11%, em volume de recursos. Já em relação às importações, a participação daquele porto saiu de 2,4% para 30%.

O que podemos vislumbrar para o Espírito Santo é a perspectiva de vê-lo transformado em um “hub”, uma plataforma de integração e conexão do próprio Estado e do Brasil com o resto do mundo. Para isso, no entanto, infraestrutura deve ser assumida como condição essencial, senão decisiva; e o acordo com a União Europeia é aquele fator animador e motivador. 

 

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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