Gabriel Tebaldi

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Um brinde ao lucro

Confira a coluna Outro Olhar deste sábado, 29 de outubro


Em 2011, recém-chegado à Ufes, assistir a uma palestra sobre “a opressão do sistema capitalista”. O professor, militante dos anos da ditadura, logo declarou seu ódio ao capital e convocou os alunos a “fazerem de suas carreiras uma luta de conscientização contra o lucro”. Observei atento. E logo percebi que o evento não passava de uma grande bobagem.

A busca pelo lucro foi o grande motor das evoluções tecnológicas, do progresso científico e do aumento da qualidade de vida recorde dos últimos dois séculos. A vontade de enriquecer solucionando problemas cotidianos moveu as invenções humanas e popularizou produtos essenciais à vida moderna.

No século XIX, um indivíduo com salário médio teria de trabalhar uma hora para pagar cerca de dez minutos de luz. Isso porque se usava querosene para produzir energia. Ao fim daquele século, o declarado capitalista americano Thomas Edison revolucionou o setor com a energia elétrica. Sua intenção? Lucrar!

Se hoje uma hora de salário médio paga 300 dias de luz artificial, isso se deve a outro segredo que caminha junto do lucro: a concorrência! O interesse em obter riquezas motiva o mercado a expandir soluções com menor custo. Nas palavras de Adam Smith, “não é da benevolência do açougueiro que esperamos nosso jantar, mas dá consideração que ele tem por seus próprios interesses”.

Quase tudo que temos hoje ao nosso redor já foi motivo de ostentação um dia. Em 1937, uma geladeira custava 62 salários mínimos da época; em 1983, os celulares da Motorola custavam US$ 4 mil. Se hoje 98% dos brasileiros mais pobres possuem luz elétrica, 92% têm geladeira e já passamos de 282 milhões de celulares no país, isso não se deve ao Estado, a leis de barateamento, nem aos revolucionários de ideologias mofadas.

É uma pena que livros de História fatiem o passado em governos e eventos políticos. Em verdade, diversas empreitadas empresariais e de inovação foram muito mais relevantes ao país que boa parte dos presidentes. Lamentável é que tais verdades ainda passem longe das escolas e universidades brasileiras.

Gabriel Tebaldi é graduado em História pela Ufes

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