Médico, psiquiatra, psicanalista, escritor, jornalista e professor da Universidade Federal do Espírito Santo. E derradeiro torcedor do América do Rio

O cheiro da reforma que esconde malandragens é insuportável

Agrupados, nossos "representantes" discutem privilégios. As categorias que historicamente gozam de privilégios com o nosso dinheirinho nem passam pela discussão

Publicado em 15/07/2019 às 17h02
Mau cheiro e reforma. Crédito: Getty Images/iStockphoto
Mau cheiro e reforma. Crédito: Getty Images/iStockphoto

Produz um aroma insuportável esta falação sobre a tal reforma que, de conteúdos, só tem o nome. Para ocultar as malandragens sussurram nos cantinhos os burocratas. Perdoem a má vontade, mas o que ocorre, acho, é uma espessa cortina de fumaça negando a inteligência do bravo cidadão nacional.

> Previdência: veja o que muda para homens, policiais e professores

Enquanto isso, defendem com unhas e dentes suas insuportáveis mamatas. Apresentam e reapresentam seus teatrinhos infantis e no final das contas quem decide mesmo são os burocratas treinados em enfeitar o que o mestre mandar. Não esqueça o que, com licença da palavra, Fernando Collor cometeu. Entre outras perversidades e perversões, a retirada de direitos do funcionalismo. Ninguém se mexeu entre os poderes.

Agrupados, discutem privilégios sentados nos próprios rabos, os nossos “representantes”. As categorias que historicamente gozam de privilégios com o nosso dinheirinho nem passam pela discussão. Agora, atenção.

Os médicos, por exemplo. Quando essas peças se lembram dos esculápios é para diminuir os já parcos salários. Um servidor federal médico, com 35 anos de trabalho, recebe líquido R$ 4 mil. E não tem nenhuma espécie de privilégio e precisa pagar o próprio plano de saúde.

Tais profissionais, sem sombra de dúvida, expõem-se diariamente à contaminação em todos os setores por onde transita. Isso ocorre em contato direto e constante com a Aids, a tuberculose, a sífilis, os surtos de doenças mentais, a radiação em salas de cirurgia, as jornadas intermináveis, as perícias tensas e as suas consequências, e tudo o que aparece na patologia. É fácil deduzir o impacto na vida pessoal.

Quem quiser saber a quais perigos, fora as sobrecargas de trabalho, falta de refeitórios, elevadores, que busque no Google a Classificação Internacional de Doenças, o CID 10, onde estão expostos os diagnósticos numerados sob à ótica nosológica. Os pronto-socorros públicos no Brasil são palcos de guerra contra a falta de tudo. E a exposição constante. Isso sem falar nas noites em claro, o que ocorre frequentemente. E etc.

Os sindicatos não estão nem aí. Conselhos Regionais nem pensar. Essa turma de parlamentares, com as sempre raras exceções, discute leis das quais não têm a mínima ideia. A maioria não está habilitada nem para levar meu cachorro Alfredão para dar uma volta na pracinha.

É justo que os pracinhas das forças armadas recebam um diferencial porque também se expõem, assim como os bombeiros e os policiais que, como os médicos, enfrentam risco de morte todo santo dia.

Aliás, a população também.

 

A Gazeta integra o

Saiba mais
bombeiros previdência

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.