Produz um aroma insuportável esta falação sobre a tal reforma que, de conteúdos, só tem o nome. Para ocultar as malandragens sussurram nos cantinhos os burocratas. Perdoem a má vontade, mas o que ocorre, acho, é uma espessa cortina de fumaça negando a inteligência do bravo cidadão nacional.
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Enquanto isso, defendem com unhas e dentes suas insuportáveis mamatas. Apresentam e reapresentam seus teatrinhos infantis e no final das contas quem decide mesmo são os burocratas treinados em enfeitar o que o mestre mandar. Não esqueça o que, com licença da palavra, Fernando Collor cometeu. Entre outras perversidades e perversões, a retirada de direitos do funcionalismo. Ninguém se mexeu entre os poderes.
Agrupados, discutem privilégios sentados nos próprios rabos, os nossos “representantes”. As categorias que historicamente gozam de privilégios com o nosso dinheirinho nem passam pela discussão. Agora, atenção.
Os médicos, por exemplo. Quando essas peças se lembram dos esculápios é para diminuir os já parcos salários. Um servidor federal médico, com 35 anos de trabalho, recebe líquido R$ 4 mil. E não tem nenhuma espécie de privilégio e precisa pagar o próprio plano de saúde.
Tais profissionais, sem sombra de dúvida, expõem-se diariamente à contaminação em todos os setores por onde transita. Isso ocorre em contato direto e constante com a Aids, a tuberculose, a sífilis, os surtos de doenças mentais, a radiação em salas de cirurgia, as jornadas intermináveis, as perícias tensas e as suas consequências, e tudo o que aparece na patologia. É fácil deduzir o impacto na vida pessoal.
Quem quiser saber a quais perigos, fora as sobrecargas de trabalho, falta de refeitórios, elevadores, que busque no Google a Classificação Internacional de Doenças, o CID 10, onde estão expostos os diagnósticos numerados sob à ótica nosológica. Os pronto-socorros públicos no Brasil são palcos de guerra contra a falta de tudo. E a exposição constante. Isso sem falar nas noites em claro, o que ocorre frequentemente. E etc.
Os sindicatos não estão nem aí. Conselhos Regionais nem pensar. Essa turma de parlamentares, com as sempre raras exceções, discute leis das quais não têm a mínima ideia. A maioria não está habilitada nem para levar meu cachorro Alfredão para dar uma volta na pracinha.
É justo que os pracinhas das forças armadas recebam um diferencial porque também se expõem, assim como os bombeiros e os policiais que, como os médicos, enfrentam risco de morte todo santo dia.
Aliás, a população também.
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