A morte do indivíduo por um sistema opressor e perverso

Quando um amigo de estimação dá a entender que votou em fulano para não votar em sicrano, me dá medo

Publicado em 24/09/2019 às 11h15

No apogeu da certeza dos usuários de Hitler, quando a força bruta e eficiente da Alemanha, em seus uniformes desenhados por Hugo Boss, acuava e amedrontava alguns e seduzia outros contra-identificados, ocorreu a seguinte cena: um onipotente oficial da Schutzstaffel, a SS, elite que representava o imaginário perverso que atacou o mundo como uma febre, o nazismo contagiante foi acometido de uma privação de sentidos. Retirou das fileiras de condenados judeus três músicos.

Manda que executem um trio de autoria do austríaco Schubert. Desconcertado pela música, a sua preferida, não consegue matar as lágrimas. Terminada a peça, envia os três para a câmara de gás. Como sabem, tal acomodação tinha a única finalidade de assassinar com Zyklon B, um ácido que matava a baixo custo.

Quando Hannah Arendt empreendeu um estudo sobre as perversões do nazismo, em especial a “desumanização” que marcava o inconsciente dos frutos de uma ideia primitiva, para esclarecer as vias que levaram a maior guerra de todos os tempos, os idiotas da objetividade atacaram-na com o mesmo furor e ausência do pensar, do qual a estavam acusando.

Naquele tempo, como agora, havia a realidade do Estado e a do cidadão. Tudo que os nazistas fizeram foi abolir com dispêndios e manhas o pensar individual. Buscar o rei da França, Luiz XIV, e seu “L’état est moi”, quem diria.

Essa divisão perversa – povo e Estado – estamos cansados de ver imobilizados. É impregnada de mágicas. Os mandantes quando distribuem os salários fazem uma clara separação: os visíveis, como eles próprios e cúmplices, e os outros, os invisíveis, por exemplo, médicos qualificados e concursados do serviço público federal. Não se fala nisso, nem os petistas, os direitistas, os sindicatos, ninguém. Essa invisibilidade por si só estraçalha o poder dos oprimidos.

Vejam o montão de grana roubada com a omissão dos processados e desprocessados. Os poderes separam o povo do direito. As explicações sobre os atos que visam claramente à impunidade dos visíveis, entortam o raciocínio de qualquer um.

Voltando à vaca fria, lembro que Hitler foi eleito. Atuava como uma fonte de energia vinda das certezas estúpidas e dirigidas para múltiplas atividades. Esses irracionais funcionavam, assim como os animais, sem saber o que pensavam, porque não pensavam nada. Quando um amigo de estimação dá a entender que votou em fulano para não votar em sicrano, me dá um medo danado. Depois de tantos anos de inteligência perdeu a vontade. Sua antes lucidez se transformou em confusão mental.

Vai passar.

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