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Engrenagens corrompidas do sistema

Confira os destaques da coluna publicada neste domingo (14)


Reviravolta no cenário pré-eleitoral em Colatina: amanhã o PSB realiza o quarto de seis encontros preparatórios na cidade e, aproveitando a ocasião, anunciará à militância o nome do candidato escolhido para representar o partido na disputa pela sucessão do prefeito Leonardo Deptulski. E pasmem: não será o deputado federal Paulo Foletto, que hoje largaria como favorito, conforme pesquisa Futura publicada por A GAZETA no último dia 10. Com apoio incondicional do próprio Foletto, o PSB decidiu apostar tudo no médico Tadeu Marino, secretário de Saúde durante os quatro anos do governo Casagrande (2011-2014).

Praça Oito

Ao contrário de Foletto – que preside o PSB no Estado –, Tadeu hoje parte como azarão. Por que, então, essa aposta? Foi o que perguntamos ao deputado. Primeiro, o lado do próprio Foletto: por que, mais uma vez, ele não entrou na parada?

“Tem o PSB nacional, que não quer que eu seja candidato, pois não quer perder um deputado. Algumas lideranças locais até gostariam que eu fosse candidato para dar status ao partido. Casagrande tem dúvidas. Disse que não sabe ainda o que é melhor. Mas, com essa decisão, poderei cumprir em plenitude o meu papel de dirigente e ajudar na campanha em muitos municípios, sobretudo em torno de Colatina, onde minha presença é muito mais forte.”

Sem titubear e mostrando confiança até espantosa para quem agora vai largar de baixo, Foletto defende com afinco a viabilidade e, principalmente, o caráter do companheiro de décadas no PSB, cuja relação vai além da política – além de colegas de profissão, ambos foram colegas de escola no Marista de Colatina e em equipes de futebol desde a infância.

“Colatina precisa de alguém como Tadeu. Você pode já tê-lo entrevistado contrariado com a situação da saúde estadual, mas você nunca o viu fugir de uma resposta. Ele é sereno, tem responsabilidade pública e um caráter que eu conheço desde os tempos de escola. É uma candidatura de credibilidade. A cidade precisa de esperança.”

Foletto salienta, ainda, a alta rodagem de Tadeu como gestor público. “Ele é um defensor do SUS e tem a veia da administração pública. Ser secretário de Estado da Saúde por quatro anos é conviver com a porta do inferno por quatro anos”, compara.

Pegando carona na metáfora de Foletto, a coluna faz o papel do “advogado do diabo” (veja entrevista abaixo) e, apesar dos naturais elogios desfiados pelo deputado ao agora pré-candidato a prefeito pelo PSB, questiona algumas possíveis vulnerabilidades desse plano. São pontos que na certa serão explorados por adversários, começando pela baixíssima experiência de Tadeu em mandatos eletivos – ele só foi vereador uma vez, de 1997 a 2000, não conseguiu se reeleger e nunca mais disputou uma eleição.

A conferir como este anúncio mudará o tabuleiro em Colatina.

Foto: Renato Araújo/Agência Câmara

Deputado Federal Paulo Foletto

Entrevista

"A CPI dos empenhos não tem nem legitimidade nem credibilidade", diz o deputado federal Paulo Foletto (PSB)

O sr. destaca a experiência de Tadeu como secretário de Saúde e a probidade dele, mas a maior ferida exposta do governo Casagrande foram as despesas sem dotação orçamentária autorizadas por ele, no fim de 2014, como ele mesmo admitiu à CPI dos Empenhos...

Primeiro que uma CPI pedida pelo deputado Euclério Sampaio não qualifica a CPI. Segundo, a questão dos empenhos procede. O orçamento da Saúde realmente acabou antes do encerramento do exercício. Agora, te pergunto: era melhor ele interromper os contratos com os filantrópicos e deixar as pessoas morrerem na porta dos hospitais ou manter os contratos e dizer “eu vou te pagar depois”?

Mas parte desse “depois” acabou ficando para o governo seguinte pagar, não?

Ele não pagou tudo, mas pagou boa parte logo após as eleições. Tadeu passou por momentos difíceis. Isso ocorreu já com a campanha eleitoral em curso, com a bancada de Paulo Hartung criando todo tipo de dificuldades ao governo na Assembleia. Vou te dizer uma coisa: as pessoas estão morrendo agora! É claro que a situação financeira piorou e não estou criticando o governador, mas a Saúde piorou. Essa CPI não tem legitimidade nem credibilidade. Acharam que lá tinha roubo, e não tem. No Tribunal de Contas também fizeram de tudo no julgamento das contas de Casagrande. Os conselheiros quase foram obrigados a reprovar as contas, e as aprovaram por unanimidade.

E a falta de experiência política? O sr. diz que Tadeu já foi amplamente testado como gestor, mas ele nunca foi testado de verdade nas urnas...

Mas ele sempre participou dos processos e das campanhas. Não é um “candidato vaselina”. E olha, depois do mensalão, do petrolão, da falta de compromisso do governo federal e do governo municipal, que é o mesmo modelo petista, precisamos apresentar uma alternativa saudável, que é o que faremos juntos. Não tenho medo de fazer isso. Tenho certeza do passo que estamos dando. Não tenho medo de perder. Estamos apresentando para a cidade de Colatina a melhor alternativa em termos de qualidade.

O sr. já me disse ter o sonho de ser prefeito. Como fica isso?

Tenho toda a disposição de continuar na política. Farei 60 anos no próximo sábado. Tenho mais 15 anos de vida produtiva ainda. Neste momento tenho tranquilidade. Inclusive, com a consciência de que Tadeu, para o momento, tem características melhores que as minhas.

Por quê?

Pela tenacidade dele e pela experiência que ele tem na Saúde, tenho certeza de que a contribuição dele pode ser maior do que a minha.

Desculpe, mas em 2012 o sr. já tinha recuado e agora a história se repete. Não teme ficar com a fama de ser aquele que sempre desiste de um páreo mais duro na hora H?

Em 2010 fui candidato a deputado federal na chapa PT/PSB/PMDB, que tinha cinco deputados com mandato: Iriny, Lelo, Camilo Cola, Rose e Capitão Assumção. Fui o 3º mais votado da chapa, o 4º do Estado. Em 2014, novamente, uma chapa difícil, tendo Vandinho como favorito absoluto. Disse aos meus filhos: ‘Papai vai perder a eleição, mas vou voltar para casa, pagar as minhas dívidas e ser um pai mais presente. Até eu achava que o Vandinho ia ganhar. Não tive os milhões que ele teve da Secretaria de Esportes. Além disso, Casagrande teve uma campanha, não o governo, que não deu certo. Tenho defeitos, mas tenho dignidade e respeito. Minhas duas eleições para deputado federal foram muito difíceis. E tive 40 mil votos em Colatina nas duas. Agora é a mesma coisa: vamos disputar com um cara que vocês não consideram favorito, mas vamos ganhar a eleição. A cidade precisa de um cara com o caráter do Tadeu, e é ele que terá o meu apoio.

Última pergunta a Eder

A coluna perguntou ao ainda procurador-geral de Justiça, Eder Pontes – que deixa o cargo no próximo dia 2 –, o que ele tem a dizer sobre as alegações de que poderia ter se excedido numa defesa corporativista da classe ao longo de seus quatro anos à frente do MPES.

A resposta

“Às vezes tentam colocar esse termo ‘corporativista’ de uma forma pejorativa. Sou o chefe da instituição. Tenho que ter posicionamentos corporativistas. Na verdade, veja só, o procurador-geral tem que defender os interesses da instituição e da classe. Se isso, por si só, serve como definição de ser corporativista, então eu sou corporativista. Mas isso não me desobriga a cumprir a minha missão social, acima de tudo, e cumprir o que as leis e a própria Constituição me determinam.”

De Vidigal para o PT

Uma das explicações do deputado Sérgio Vidigal para ter votado a favor do impeachment (e contra o PDT) é precisamente a falta de explicações do PT. “Reconheço todos os avanços que o governo do PT fez no Brasil, mas isso é natural de quem governa. O que eles não explicam é, primeiro, as alianças que formaram com partidos sem identidade ideológica. Segundo, quando sobem à tribuna, eles não explicam a corrupção...”

Cobrança em Vitória

Em Vitória, o advogado Délio Prates passou a acumular as secretarias de Cidadania e de Assistência Social, enquanto Leonardo Krohling continua acumulando as de Cultura e de Turismo. Artistas e entidades de representação da classe seguem cobrando estrutura e secretário exclusivos para a área cultural.

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