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Audifax candidato ao governo: será mesmo?

No meio político capixaba, é forte a sensação de que o prefeito da Serra, neste momento, está mais é querendo ganhar visibilidade


Foto: Amarildo

O prefeito da Serra, Audifax Barcelos (Rede), lança na manhã de hoje a sua pré-candidatura a governador do Espírito Santo em 2018, pela Rede Sustentabilidade. O anúncio será feito em conferência estadual do partido, a partir das 9 horas, em um clube de Laranjeiras, com toda pompa e circunstância, mas é cercado de incertezas.

No meio político capixaba, é forte a sensação de que Audifax, neste momento, está mais é querendo ganhar visibilidade e se colocar no tabuleiro da sucessão de Hartung, sem compromisso nem obrigação de ser candidato. A ideia seria não deixar de ser uma peça ativa no jogo nem permitir que seu nome deixe de ser levado em conta nas discussões sobre a disputa ao governo.

Para alguns, o anúncio não passa de blefe. Essa hipótese é reforçada pelo fato de que, para ser candidato em 2018, Audifax teria que abandonar o posto de prefeito da Serra até o começo de abril, antes da metade do segundo mandato, deixando-o nas mãos da vice-prefeita Márcia Lamas (PSB), algo que poucos o creem capaz de fazer. Para outros, é uma maneira de o prefeito se projetar e começar a se testar no cenário estadual para além das divisas da Serra, mas tendo no horizonte eleições futuras, ao mesmo tempo em que começa a erguer o palanque para a presidenciável Marina Silva aqui no Estado (onde, diga-se de passagem, a ex-ministra costuma ser bem votada).

Mas pode ser, ainda, que Audifax esteja mesmo sonhando em disputar o governo já em 2018. É uma situação que pode mesmo acontecer, mas que depende do alinhamento perfeito de um conjunto de variáveis que o prefeito não domina totalmente, como a composição de alianças nacionais da Rede. É o velho “vai que dá certo”. Se, por uma combinação de fatores, a chance de encabeçar uma chapa ao Palácio Anchieta cair no colo de Audifax, ele tem disposição para abraçá-la. Para isso, tem que estar de prontidão, mantendo-se vivo no jogo. É o que fará hoje.

De acordo com o porta-voz da Rede no Espírito Santo, Gustavo de Biase, Audifax, em primeiro lugar, defenderá nesta manhã o lançamento da candidatura de Marina à Presidência. E dirá que, por causa disso, o partido coloca o nome dele como pré-candidato ao governo estadual. “Temos muito respeito a todos, mas acho legítimo a Rede apresentar um programa de governo e um pré-candidato”, ressalta De Biase, também secretário de Agricultura da Serra.

Ele e outros dirigentes redistas apostam na repetição da aliança nacional firmada em 2014 entre o PSB e os marineiros (então ainda sem legenda própria), bem como na reprodução dessa aliança no Espírito Santo. “Pode ter uma composição. Tem o cenário nacional que está em ebulição. Acho que o Espírito Santo pode ter um palanque amplo reunindo forças progressistas”, sustenta De Biase, citando ainda conversas com o PPS, o PV, o Podemos e outras siglas menores. “Acho que isso é possível, até com o lançamento de forças locais no cenário nacional”, completa o dirigente redista, em referência aos planos do governador Paulo Hartung (PMDB) de participar da corrida presidencial.

Mas há uma ponta solta nessa amarração: e quanto a Renato Casagrande (PSB)? O ex-governador quer voltar ao Palácio Anchieta. Ele próprio não o admite publicamente, mas por meio de emissários, como o deputado federal Paulo Foletto (PSB) e o presidente estadual do seu partido, Luiz Carlos Ciciliotti. Se Hartung não buscar mesmo se reeleger, facilitando em tese a empreitada de seus opositores, aí é que ninguém vai demover Casagrande de ser candidato ao Palácio.

Arranjo difícil

Um palanque unificado entre Rede e PSB, tendo Audifax na cabeça da chapa majoritária em 2018, só será possível se Casagrande abrir mão de disputar o governo e topar se acomodar, por exemplo, como candidato ao Senado. É algo muito improvável. Não para Gustavo de Biase. “Parto da premissa de que, com diálogo, pode se resolver tudo. Dá para ajustar os dois no mesmo palanque.” Será?

Casagrande: “É cedo”

Indagado pela coluna, Casagrande tangenciou a pergunta. “Reeditar a aliança entre PSB e Rede é perfeitamente possível. Sou defensor de reeditar essa aliança tanto nacionalmente como aqui no Estado. Quanto a candidaturas, acho que os partidos que quiserem colocar o nome devem colocar, é legítimo, mas vamos decidir posições na chapa no ano que vem. É muito cedo para cravarmos posições e personalizarmos a política.”

Programas de governo

Segundo Casagrande, a Fundação João Mangabeira (órgão de formação política do PSB, presidido por ele) vai formular e apresentar um plano de governo em 2018 para o Espírito Santo. Por sua vez, De Biase informa que, no evento da Rede hoje, Audifax vai apresentar as diretrizes do plano de governo que o partido está elaborando para o Estado, o “Rede 2018”.

Marcos Bruno cobrado

Parte da direção da Rede anda meio insatisfeita com a inatividade do deputado Marcos Bruno, único representante da legenda na Assembleia. A queixa é que ele tem feito mandato pouco expressivo e não tem apoiado Audifax nem ecoado as causas da sigla em plenário. Para constar: o deputado de Cariacica está mesmo no numeroso time de parlamentares que mal usam a palavra no plenário da Casa.

Reforma em Vitória

A nova reforma administrativa da Prefeitura de Vitória, cortando duas secretarias, foi apresentada ontem a Luciano Rezende, que bateu o martelo. O projeto seguirá para a Câmara até 10 de dezembro

Cena Política

Sobre a possível candidatura de Audifax Barcelos ao Palácio Anchieta, um líder partidário expressa assim seu ceticismo: “Acho que no fundo ele só está se jogando na parede...”. Mas como assim se jogando na parede? Estará se autoflagelando como Anthony Garotinho no presídio? “Não”, explica a fonte. “É que não passa de um movimento ‘vai que cola’.” Ah, bom.

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