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Edmar Camata na disputa

Confira a coluna Praça Oito deste sábado, 18 de novembro


Foto: Amarildo

O representante da ONG Transparência Capixaba Edmar Camata admite, pela primeira vez, algo que já se especulava fortemente nos bastidores políticos do Estado: tem tudo para colocar o nome à disposição para a disputa a deputado federal em 2018. Ainda sem partido, Camata já recebeu sondagens de legendas como o PPS e o Podemos, conta com o apoio do Sindicato dos Policiais Federais do Espírito Santo (Sinpef) e, logicamente, pretende representar as bandeiras históricas da Transparência no processo eleitoral. E, se eleito, também em Brasília.

“O pior cenário seria hoje a sociedade votar em alguém com projeto de poder. A se confirmar o que estamos vendo hoje, com os mesmos candidatos e políticas mais uma vez sendo montadas em bases fisiológicas, não temos como nos omitir. Como vou poder dizer ao cidadão que ele não pode ser omisso?”, questiona Camata, policial rodoviário federal, indicando, sem sombra de dúvida, sua intenção de lançar seu nome pela primeira vez a um cargo eletivo. Segundo ele, o atual momento nacional exige uma participação política que se dê em outro patamar.

“A Transparência é uma ONG que nunca teve esse objetivo em seus 16 anos de atuação. Mas, ao longo desses 16 anos, temos uma base gigantesca de propostas que vieram da sociedade. Nem os políticos têm um repositório de debates tão amplo que possam embasar uma atuação parlamentar. São propostas em todos os campos. Por exemplo, ligadas às dez medidas de combate à corrupção, que não passam neste atual Congresso.”

O combate à corrupção, por sinal, será a grande bandeira de Camata, fator que levou o Sinpef a optar pelo apoio unificado ao nome dele a deputado federal, em recente assembleia do sindicato no Espírito Santo. “O que temos hoje são políticos usando o mandato para se defenderem da corrupção. Temos representantes do povo ou de empresas e corporações?”, avalia o agora pré-candidato, sobrinho do ex-governador Gerson Camata. Ele cita recente pesquisa divulgada pelo instituto Latinobarômetro, com sede no Chile, para explicar sua decisão de, enfim, entrar para valer no jogo político.

“Na pesquisa, perguntaram aos brasileiros: quem você acha que vai ajudar a sociedade neste momento? Para 83%, são as pessoas comuns, não as pessoas com mandato. É um número impactante. Em paralelo a isso, fiz um levantamento por minha conta: os dez deputados federais da bancada capixaba tiveram, juntos, 32% dos votos válidos em 2014. Então, juntando essas duas estatísticas, temos uma chance e uma resposta, que é a seguinte: quem vai resolver o problema são as pessoas que vão sair da sociedade, colocar o nome à disposição e perguntar ‘quem vai estar comigo?’. Essa é a grande pergunta. Esse movimento tem que sair de todas as áreas. A advocacia tem que lançar um candidato, os profissionais autônomos também, os jornalistas também. A fase da omissão acabou.”

Segundo Camata, “essa omissão que a gente praticou durante décadas porque ‘cada um tem que cuidar da sua vida’ a partir de agora vai ser uma autorização para eles roubarem, uma procuração para o político fazer o que sempre fez”.

Assim, para Camata e a Transparência Capixaba, já não basta ficar a apontar os problemas na atividade política e nos Poderes, nem a apresentar propostas para aumentar a transparência e melhorar a administração pública. Agora, seria necessário participar de um modo muito mais direto do sistema de representação política: entrar no sistema, para ajudar a transformá-lo por dentro. Na prática, isso significa lançar um candidato próprio à Câmara, que defenda as bandeiras da entidade e que, uma vez eleito, procure dar o exemplo e exercitar as ideias historicamente defendidas pela ONG.

“Nada de regalias”

Edmar Camata adianta a sua primeira “promessa de campanha”: se eleito deputado, abrirá mão, de imediato, de mordomias sempre criticadas pela Transparência Capixaba, como ajudas de custo, cota de gabinete, apartamento funcional e carro à disposição. “Não podemos conflitar com o discurso. O modelo tem que ser a Suécia.”

Apoio paroquial

Católico praticante, o policial rodoviário também tem parceria com o Padre Kelder Brandão, de quem é amigo de longa data. Juntos, ambos subiram recentemente o morro de São Benedito, em Vitória, onde a Igreja realiza projetos sociais.

Com licença

Se Camata for mesmo candidato, terá de tirar licença remunerada da PRF até o início de julho – 3 meses antes do pleito.

Euclério Sampaio

O deputado Euclério Sampaio espalhou pelas redes sociais e enviou diretamente para a coluna uma nota, por sinal muito respeitosa e bem escrita, na qual defende o seu mais novo projeto de lei, abordado aqui ontem, que proíbe educadores de “influenciar, introduzir práticas sexuais ou praticar doutrinação sobre o assunto nas escolas do Espírito Santo”. Ele também questiona a abordagem crítica feita pela coluna sobre a proposição.

Reiterando

O grande problema do projeto, voltamos a afirmar, é que, com base no que está escrito ali, professores ficariam proibidos, por exemplo, de falar sobre sexo e orientar seus alunos sobre o assunto – o que não corresponde a incentivar ninguém à prática sexual. De igual modo, estariam sujeitos a sanções ao tratar, por exemplo, do respeito a homossexuais – o que de forma alguma equivale a “incentivar” o aluno a “mudar de sexo” ou de gênero.

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