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Gandini fica ainda mais inflado

Um aliado que já estava turbinado ganha ainda mais musculatura política, poder administrativo e ascendência sobre os colegas de equipe nas discussões


Praça Oito - 21/11/2017
Praça Oito - 21/11/2017
Foto: Amarildo

Uma nova reforma administrativa da Prefeitura de Vitória está prestes a ser enviada à Câmara Municipal. Em fase final de elaboração, o projeto de lei será apresentado na próxima sexta-feira ao prefeito Luciano Rezende (PPS), que dará a palavra final sobre as mudanças propostas. A meta da prefeitura é enviar o projeto à Câmara até o dia 10 de dezembro. Se aprovada, a reforma reduzirá o número de cargos comissionados na estrutura, diminuirá de 21 para 19 o número de secretarias e concentrará ainda mais poderes nas mãos de um único aliado de Luciano fortemente cotado para a sucessão do prefeito em 2020: Fabrício Gandini, atual secretário de Gestão, Planejamento e Comunicação.

Por causa das atribuições acumuladas desde a reforma anterior, aprovada em janeiro, Gandini já vinha sendo considerado o “supersecretário” de Luciano. Agora, como o próprio Gandini revela, uma das mudanças certas na minuta do projeto é a incorporação da Secretaria de Administração à pasta comandada por ele mesmo. Ou seja, a secretaria de Gandini, que já carrega um tripé pesado (Gestão, Planejamento e Comunicação), ganhará uma quarta perna (Administração).

Na prática, um aliado que já estava turbinado ganha ainda mais musculatura política, poder administrativo e ascendência sobre os colegas de equipe nas discussões. É como se o supersecretário virasse de repente o hipersecretário.

De acordo com Gandini, o esboço da nova reforma foi elaborado por ele, pelo secretário de Administração, Márcio Passos (PPS), e pelo secretário de Fazenda, Davi Diniz (PPS), “no sentido de diminuir o número de secretarias e também de cargos em geral, incluindo funções gratificadas e cargos comissionados”. Ele explica, ainda, o motivo da fusão da Secretaria de Administração com a de “Gestão etc.”:

“A Secretaria de Administração ficou desidratada na reforma anterior, por conta da nossa meta de priorizar uma gestão descentralizada. Hoje as secretarias todas fazem as próprias licitações. Com essa nova fusão, a ideia é aumentar o processo de descentralização, seguindo o modelo de São Paulo”. Além disso, segundo Gandini, essa fusão permitirá um enxugamento: hoje, a secretaria chefiada por ele e a de Administração somam sete subsecretarias; com a incorporação da segunda à primeira, o número cairá para cinco subsecretarias ao todo.

A nova reforma administrativa incluirá, ainda, uma segunda mudança muito importante: a estrutura da Companhia de Desenvolvimento de Vitória (CDV) será absorvida pela Secretaria de Turismo, Trabalho e Renda, que assim passará a se chamar Secretaria de Turismo e Desenvolvimento. Hoje funcionando em Santa Lúcia, a CDV será transferida para a sede da prefeitura, em Bento Ferreira.

Segundo Gandini, porém, a companhia continuará existindo com status de empresa pública, e a proposta é especializá-la em concessões públicas. “As concessões do município ficarão todas lá: cemitérios, parques, quiosques, eventos. A Fábrica de Ideias também passa a ser gerida pela CDV. Até então as concessões caminhavam de forma bem fracionada na prefeitura. Isso vai facilitar muito.”

Com planos de se eleger deputado estadual em 2018, Gandini deve prestar atenção: ao mesmo tempo que fala em descentralização, tem centralizado mais poderes a cada nova fase da reforma. E, se inflado demais politicamente, corre o risco de explodir antes da hora, inclusive por pressões de aliados.

Corte de cargos

Quanto ao corte de cargos com a nova reforma administrativa da Prefeitura de Vitória, Fabrício Gandini ainda não tem um número preciso, mas afirma que a prefeitura vai mesmo extinguir alguns cargos, em vez de apenas deixar de preenchê-los, o que deixará o número de comissionados mais próximo da meta de 809 estabelecida pelo prefeito Luciano Rezende. Conforme mostrou reportagem de A GAZETA no dia 1º de novembro, atualmente há 838 cargos do tipo ocupados na administração de Luciano.

Vai um etc.?

Na barra “secretarias” do site oficial da Prefeitura de Vitória, o nome da pasta de Gandini já ocupa toda a largura do menu. Daqui a pouco precisarão criar um menu mais largo ou usar mesmo o “etc.”.

Briga na igreja

Filho do deputado estadual Esmael Almeida (PMDB), o vereador de Vitória Davi Esmael (PSB) entra em contato para alertar: “Essa pauta conservadora de Euclério Sampaio em defesa da família na Assembleia tem inúmeras outras ações que antecedem as iniciativas do deputado. Ações do Esmael e do Davi”.

É de quem viu primeiro

O filho cita dois projetos apresentados pelo pai na Assembleia: o primeiro “dispõe sobre o direito dos pais ou responsáveis de terem ciência do processo pedagógico e participar da definição das propostas educacionais”. O segundo, mais polêmico, é a versão esmaelesca do “Escola sem Partido”. O projeto já foi arquivado na Casa, mas o deputado pretende reapresentá-lo com alterações.

O que lhe resta?

Como se vê, Pai Esmael está incomodado com Euclério entrando no terreno dele. Até porque, convenhamos: se Euclério lhe “roubar” o posto de “pastor de plantão no Poder Legislativo” (aliás, um Poder laico) e de “ídolo maior dos evangélicos na Assembleia”, o que vai sobrar para Esmael Almeida?

Cena Política

Durante encontro de lideranças do Sul do ES, em Marataízes, no sábado, uma polêmica capilar animou os presentes. O senador Ricardo Ferraço (PSDB) fez pequena provocação ao deputado estadual Marcos Mansur (PSDB): “Queria cumprimentar o Mansur, o decano aqui da nossa mesa”. O deputado retrucou: “Quero registrar aqui que não sou o decano da mesa. Não tenho um fio de cabelo branco”, disse ele, em alusão aos fios já grisalhos de Ferraço, que não deixou por menos: “Mas eu pelo menos posso sair na chuva...” Ai!

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