Jornalista de A Gazeta desde 2008 e colunista de Política desde 2015. Publica aqui, diariamente, informações e análises sobre os bastidores do poder no Espírito Santo

Memórias de Minha Ponte Triste - 30 anos da Terceira Ponte

"Hoje sou moça crescida, mulher feita / Mantenho aquela mesma aparência / Mas faz tempo que perdi a inocência / Pois me transformei em fonte de receitas..."

Publicado em 15/09/2019 às 15h12
Atualizado em 16/09/2019 às 02h50
Coluna Vitor Vogas - 16/09/2019. Crédito: Amarildo
Coluna Vitor Vogas - 16/09/2019. Crédito: Amarildo

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Hoje conto-lhes a história de uma moça

Explorada e de grandes lucros fonte

Seu nome de guerra: Terceira Ponte

O civil: Darcy Castello de Mendonça

Uma história que é dela e que é nossa

Mas deixemos que ela mesma nos conte:

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“A minha gestação foi bem extensa

E o custo para o erário foi bem caro

Onze anos para que eu fosse suspensa

Até a inauguração, com Max Mauro

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O projeto era, então, audacioso

Dimensão proporcional à ambição

Mais de três quilômetros de extensão

E um design visualmente majestoso

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Todavia a construção de tal portento

Atendia a grande necessidade:

Comportar o galopante crescimento

Já então vivido em nossas cidades

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Lá pelos idos dos anos oitenta,

A travessia era muito lenta

E vila-velhenses, para ir a Vitória,

Tinham de cumprir bem longa trajetória

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Logo após minha abertura, fiz sucesso

Cheguei como a solução imprescindível

A evolução de fato foi visível

Quanto à facilidade do acesso

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E houve até muitos canelas verdes

Que, ao verem ali tão perto o Convento,

Tenham feito preces de agradecimento

Pelo fim de tanto estresse e sofrimento

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Existia um probleminha, porém:

Cheguei com a cobrança de um pedágio

Mas o povo achou então que tudo bem

Se era o preço por um trânsito mais ágil

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Após tantos anos, quanta diferença!

Conservo a pujança, a altivez

Mas a ilusão do início se desfez

E mergulhei em funda decadência

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Hoje sou moça crescida, mulher feita

Mantenho aquela mesma aparência

Mas faz tempo que perdi a inocência

Pois me transformei em fonte de receitas

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Enquanto nunca chegam alternativas

O povo, que também não é mais criança,

Tomou as ruas e a iniciativa

Reivindicando o fim da cobrança

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Tudo foi parar no Tribunal de Contas

Onde a auditoria inicial

De fato, como se pensava, aponta

Valores bem acima do normal

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Esse relatório só preliminar

Fez o governo então, de imediato,

Suspender o polêmico contrato

Para o meu pagamento terminar

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Porém isso está longe do final:

Houve ainda algumas reviravoltas

E, por nova decisão judicial,

A cobrança do pedágio fez sua volta

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Para muitos, na verdade, estou paga

E enquanto isso se arrasta na Justiça

O povo, como sempre, é quem arca

Com o pagamento desta ex-noviça

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Minha novela pessoal não é um plágio

Do notório escritor colombiano

E espero que não tarde mais cem anos

Uma solução pra história do pedágio

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Hoje acabo de fazer aniversário

Virei dama de livro balzaquiano

Trinta anos nem um pouco solitários

Que me venham muitos e melhores anos”

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Epílogo

“Agora o governo anuncia

Até ciclovia beijando o céu

Mais duas faixas e mirante, quem diria!

Só espero que isso saia do papel...”

Interpretação: Patrícia Galleto

 

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