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Decoração de Natal nas cidades ajuda a movimentar os negócios?

Decoração de Natal nas cidades ajuda a movimentar os negócios?

Em tempos de crise, prefeituras estão cortando gastos com árvores e iluminação especial, mas comerciantes defendem que a ambientação da cidade pode aquecer a economia e atrair turistas

Publicado em 7 de dezembro de 2018 às 23:19

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Decoração de Natal 2018

AMBIENTAÇÃO NATALINA REFLETE-SE NO CONSUMO

José Lino Sepulcri é presidente da Fecomércio-ES

O dispêndio que a municipalidade faz ao dotar a cidade de iluminação e adereços que remetem às celebrações de fim de ano certamente não pode ser classificada como despesa, mas um investimento de perceptível retorno. Quando o gestor público, para além de atender as necessidades primárias da coletividade – disponibilizando-lhe serviços essenciais como limpeza urbana, intervenções viárias, serviços de saúde, educação e transporte e outros que lhes compete na hierarquia dos poderes públicos – também cuida de dotar a cidade de uma ambiência de acolhimento e festividade, certamente há uma favorável indução de negócios.

O chamado “clima natalino” predispõe as pessoas, independentemente de suas confissões religiosas, a um espírito de congraçamento, de interação e, por tradição, essa atitude se expressa no presentear, no ato de doação, principalmente para as pessoas de nossas afeições.

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Quando o gestor público cuida de dotar a cidade de uma ambiência de festividade, certamente há uma favorável indução de negócios. Esse sentimento é compartilhado também por outro personagem importante para a cidade, que é o turista

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Claro que esse comportamento se reflete no consumo e em toda a cadeia de efeitos positivos que daí se desdobra a partir da indústria. Importante considerar o que hoje já é atestado cientificamente: toda a decisão de compra envolve muito mais uma carga emotiva, uma inspiração de sentimento, do que uma atitude meramente racional.

O comércio se alavanca nessas datas exatamente pela sua importância estratégica de distribuidor dos bens que a sociedade demanda, gerando essa corrente do bem a partir da satisfação do consumidor, passando pela receita do comércio onde se embute o imposto e os salários pagos aos colaboradores e rebatendo na indústria que também, de sua parte, contribui com tributos e salário.

A ambientação natalina, como a de outros eventos, constrói o clima que remete a uma das mais caras – se não a maior – tradições ocidentais, momento maior do cristianismo. A ambientação reflete e inspira o clima que a data evoca. Quando o cidadão experimenta o ambiente festivo que identifica o evento certamente isso lhe cria uma motivação favorável.

E esse sentimento é compartilhado também por outro personagem importante para a cidade, que é o turista, uma categoria especial porque identifica a pessoa em sua melhor predisposição de desfrutar o que de bom o destino turístico que ele visita tem a lhe oferecer. E, misturado à população, engrossa o contingente das pessoas que desfrutam do momento e do lugar em que se encontram.

Construir esse clima pela ambientação adequada é, portanto, um cuidado que reflete a sensibilidade e a consciência. Também porque o incremento dos negócios compensa sobejamente o que se gasta para a produção dessa atmosfera.

GASTO SUPÉRFLUO EM TEMPOS DE CRISE

Julyana Covre é economista e conselheira do Corecon-ES

Com um visual atraente e inspirador, as decorações natalinas fazem parte de uma tradição, seja nas casas, seja nas ruas, seja nas lojas. De uns tempos para cá, entretanto, o investimento com esses aparatos vem sendo alvo de questionamentos, principalmente devido ao grande gasto que pode acarretar, tanto para o poder público quanto para as instituições.

No setor público, o investimento com decoração de Natal em praças, ruas e prédios divide opiniões. Uns acham imprescindível, outros consideram desperdício. É inegável que a cidade fica mais bonita, mas temos que admitir que se trata de um gasto supérfluo em tempos de crise econômica e fiscal.

Dependendo da situação financeira do município, é fundamental ponderar e avaliar se é viável investir em decoração natalina, principalmente sem correr o risco de comprometer o orçamento.

As administrações precisam estudar a viabilidade dessa despesa, reduzi-la, se for o caso, e verificar se outras áreas mais prioritárias não ficariam desguarnecidas em razão da aplicação dos recursos em enfeites luminosos pelas vias públicas. A crise financeira dos últimos anos provocou queda na arrecadação, um fator que pode inviabilizar esse tipo gasto.

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As administrações precisam reduzir essa despesa, se for o caso, e verificar se outras áreas mais prioritárias não ficariam desguarnecidas. A crise financeira dos últimos anos provocou queda na arrecadação, um fator que pode inviabilizar esse gasto

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Essa ponderação também vale para o comércio em geral. Afinal, o desemprego, a inadimplência e a instabilidade gerados pela crise financeira afetaram em cheio o segmento comercial.

A economia comportamental analisa como as pessoas tomam suas decisões econômicas. Na hora da compra somos influenciados pelas nossas emoções, nossos hábitos e nossa experiência pessoal. E no Natal não é diferente. O importante não é a quantidade de decoração natalina, nem o quanto foi gasto, mas como criar um ambiente agradável e convidativo para o cliente, e isso pode ser feito com baixo custo, criatividade e principalmente um bom atendimento.

É sensato avaliar se investir pesado em decoração natalina vai realmente atrair tantos clientes a ponto de dar o retorno desejado, tendo em vista que outros fatores também influenciam os consumidores.

Uma boa promoção, por exemplo, é sempre um atrativo que faz a diferença, principalmente nesta época do ano, quando as pessoas compram presentes para a família e desejam adquirir itens para presentearem a si mesmas.

Uma música de fundo, funcionários usando um gorrinho de Papai Noel também são alternativas acessíveis que levam o clima natalino para os ambientes, dispensando a necessidade de gastar dinheiro com itens decorativos de alto custo.

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