AMBIENTAÇÃO NATALINA REFLETE-SE NO CONSUMO
José Lino Sepulcri é presidente da Fecomércio-ES
O dispêndio que a municipalidade faz ao dotar a cidade de iluminação e adereços que remetem às celebrações de fim de ano certamente não pode ser classificada como despesa, mas um investimento de perceptível retorno. Quando o gestor público, para além de atender as necessidades primárias da coletividade disponibilizando-lhe serviços essenciais como limpeza urbana, intervenções viárias, serviços de saúde, educação e transporte e outros que lhes compete na hierarquia dos poderes públicos também cuida de dotar a cidade de uma ambiência de acolhimento e festividade, certamente há uma favorável indução de negócios.
O chamado clima natalino predispõe as pessoas, independentemente de suas confissões religiosas, a um espírito de congraçamento, de interação e, por tradição, essa atitude se expressa no presentear, no ato de doação, principalmente para as pessoas de nossas afeições.
Claro que esse comportamento se reflete no consumo e em toda a cadeia de efeitos positivos que daí se desdobra a partir da indústria. Importante considerar o que hoje já é atestado cientificamente: toda a decisão de compra envolve muito mais uma carga emotiva, uma inspiração de sentimento, do que uma atitude meramente racional.
O comércio se alavanca nessas datas exatamente pela sua importância estratégica de distribuidor dos bens que a sociedade demanda, gerando essa corrente do bem a partir da satisfação do consumidor, passando pela receita do comércio onde se embute o imposto e os salários pagos aos colaboradores e rebatendo na indústria que também, de sua parte, contribui com tributos e salário.
A ambientação natalina, como a de outros eventos, constrói o clima que remete a uma das mais caras se não a maior tradições ocidentais, momento maior do cristianismo. A ambientação reflete e inspira o clima que a data evoca. Quando o cidadão experimenta o ambiente festivo que identifica o evento certamente isso lhe cria uma motivação favorável.
E esse sentimento é compartilhado também por outro personagem importante para a cidade, que é o turista, uma categoria especial porque identifica a pessoa em sua melhor predisposição de desfrutar o que de bom o destino turístico que ele visita tem a lhe oferecer. E, misturado à população, engrossa o contingente das pessoas que desfrutam do momento e do lugar em que se encontram.
Construir esse clima pela ambientação adequada é, portanto, um cuidado que reflete a sensibilidade e a consciência. Também porque o incremento dos negócios compensa sobejamente o que se gasta para a produção dessa atmosfera.
GASTO SUPÉRFLUO EM TEMPOS DE CRISE
Julyana Covre é economista e conselheira do Corecon-ES
Com um visual atraente e inspirador, as decorações natalinas fazem parte de uma tradição, seja nas casas, seja nas ruas, seja nas lojas. De uns tempos para cá, entretanto, o investimento com esses aparatos vem sendo alvo de questionamentos, principalmente devido ao grande gasto que pode acarretar, tanto para o poder público quanto para as instituições.
No setor público, o investimento com decoração de Natal em praças, ruas e prédios divide opiniões. Uns acham imprescindível, outros consideram desperdício. É inegável que a cidade fica mais bonita, mas temos que admitir que se trata de um gasto supérfluo em tempos de crise econômica e fiscal.
Dependendo da situação financeira do município, é fundamental ponderar e avaliar se é viável investir em decoração natalina, principalmente sem correr o risco de comprometer o orçamento.
As administrações precisam estudar a viabilidade dessa despesa, reduzi-la, se for o caso, e verificar se outras áreas mais prioritárias não ficariam desguarnecidas em razão da aplicação dos recursos em enfeites luminosos pelas vias públicas. A crise financeira dos últimos anos provocou queda na arrecadação, um fator que pode inviabilizar esse tipo gasto.
Essa ponderação também vale para o comércio em geral. Afinal, o desemprego, a inadimplência e a instabilidade gerados pela crise financeira afetaram em cheio o segmento comercial.
A economia comportamental analisa como as pessoas tomam suas decisões econômicas. Na hora da compra somos influenciados pelas nossas emoções, nossos hábitos e nossa experiência pessoal. E no Natal não é diferente. O importante não é a quantidade de decoração natalina, nem o quanto foi gasto, mas como criar um ambiente agradável e convidativo para o cliente, e isso pode ser feito com baixo custo, criatividade e principalmente um bom atendimento.
É sensato avaliar se investir pesado em decoração natalina vai realmente atrair tantos clientes a ponto de dar o retorno desejado, tendo em vista que outros fatores também influenciam os consumidores.
Uma boa promoção, por exemplo, é sempre um atrativo que faz a diferença, principalmente nesta época do ano, quando as pessoas compram presentes para a família e desejam adquirir itens para presentearem a si mesmas.
Uma música de fundo, funcionários usando um gorrinho de Papai Noel também são alternativas acessíveis que levam o clima natalino para os ambientes, dispensando a necessidade de gastar dinheiro com itens decorativos de alto custo.
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