Obras públicas – federais, estaduais e municipais – são uma grande dor de cabeça do Brasil. Consolidaram-se como sumidouro de dinheiro da população e desrespeito a compromissos. Adiamentos começam previamente. A partida dos serviços costuma ser retardada por uma série de fatores, como demora em licenciamentos, incerteza de recursos e jogo de interesses políticos.
A partir daí, o cumprimento do cronograma é exceção. Comum é o atraso, alimentado por várias fontes: irregularidades nos projetos básico e executivo, falhas na gestão e fiscalização das obras, resultando desperdício de recursos e corrupção, como comprovou a Lava Jato.
Existem casos em que o governo simplesmente abandona o projeto. O Espírito Santo vive esse drama. Há exatamente um ano, A GAZETA publicou matéria relatando o temor de empresários sobre possível suspensão da duplicação da BR 262, por falta de verba federal. É exatamente o que está sendo anunciado agora: por esse motivo, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) declara que não vai continuar a obra, prometida desde 2006. São 13 anos travando a logística no Estado. A concessão do trecho, hoje anunciada, deveria ter ocorrido há muitos anos.
Há outros casos frustrantes. Um deles é a entrega de obras com grande atraso em relação ao cronograma inicial. A Avenida Leitão da Silva, palco de transtornos à população e fortes prejuízos ao comércio, ainda não foi inaugurada, mas teve as pistas liberadas nesta semana, ainda sem sinalização horizontal e sem a ciclovia. A remodelação começou em janeiro de 2014, com previsão de término em maio de 2015. O custo saltou de R$ 50 milhões para R$ 115 milhões.
Uma terceira situação é a que mostra a degradação das condições de uso de obra recém-inaugurada. A Leste-Oeste, uma rodovia que demorou 11 anos para ser entregue à população, tem sérios problemas e sinais de abandono com apenas sete meses de vida. Há desníveis no asfalto, faltam sinalização e iluminação, e o lixo se acumula às margens da pista. O investimento previsto era de R$ 70 milhões, mas chegou a R$ 300 milhões.
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Por falta do dinheiro, o setor público já não faz projetos gigantescos, como no passado. Mas é preciso muita pressão da sociedade, para reprimir esse descalabro em obras de pequeno e médio porte.
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