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Furto de celular dentro de delegacia é sintoma da crise de autoridade

É um desafio e tanto para a sociedade quando nem mesmo a possibilidade de encarceramento é capaz de frear os impulsos criminosos

Publicado em 16/08/2019 às 14h37
Atualizado em 24/08/2019 às 16h51
Celular furtado dentro de delegacia foi encontrado danificado e jogado no meio do lixo. Crédito: Manoel Neto/ TV Gazeta
Celular furtado dentro de delegacia foi encontrado danificado e jogado no meio do lixo. Crédito: Manoel Neto/ TV Gazeta

Não é raro este jornal publicar notícias sobre assaltos ou outras ações criminosas ocorridas nas proximidades de delegacias ou postos policiais equivalentes, o que acaba reforçando o desprestígio da segurança pública.

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A coisa fica um pouco mais séria quando os alvos são as próprias autoridades policiais no exercício da função, como no caso da delegada Tânia Zanolli, que teve o celular furtado dentro da própria delegacia, em Cobilândia (Vila Velha). A situação inusitada - para não dizer absurda - depõe contra a própria autoridade estabelecida. A lei não tem sido mais capaz de manter a ordem nem onde deveria estar sacralizada.

Na terça-feira passada, outra ocorrência beirou o realismo fantástico quando três criminosos tentaram assaltar uma viatura da Polícia Militar em Pinheiros, no Norte do Estado. A ação foi ousada, sem nenhuma preocupação com a discrição: eles fizeram sinal para que o veículo parasse e, em seguida, um deles apontou uma arma de fogo, chegando a atirar e iniciando um tiroteio com os policiais. Apenas um deles foi preso.

São episódios que se tornaram corriqueiros. Mais do que a sensação de impunidade, que acaba servindo como estimulante para essas iniciativas atrevidas, há também um desamparo social e familiar que torna a criminalidade um investimento com retorno garantido, principalmente quando não se tem nada a perder.

É um desafio e tanto para a sociedade quando nem mesmo a possibilidade de encarceramento é capaz de frear os impulsos criminosos. Pelo contrário, ano após anos, o banditismo se consolida como um meio de vida viável, dependendo do círculo social é tratado até com certa dose de glamourização. Da forma como a lei se impõe hoje, prender não é suficiente, principalmente quando os próprios bandidos sabem, de cabo a rabo, as limitações do Código Penal e da Lei de Execuções Penais. O que mostra que até mesmo as reclusões no país precisam ser mais eficientes.

A desmoralização da autoridade é um sintoma da falência de valores importantes para a vida em sociedade, da necessidade de limites principalmente. Falta educação e, consequentemente, falta respeito. As regras não se impõem sozinhas: carecem de exemplos, para que o tecido social não se esgarce pelo descumprimento delas.

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