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Na crise amazônica, o Bolsonaro falastrão precisa ceder ao presidente

Grande parte da Amazônia está em território brasileiro, as nossas responsabilidades com ela têm a mesma dimensão desse patrimônio ambiental

Publicado em 23/08/2019 às 15h28
Atualizado em 26/08/2019 às 21h13
 Crédito: Antonio Cruz/Agência Brasil
Crédito: Antonio Cruz/Agência Brasil

Há muita desinformação nas redes sociais sobre as queimadas na Amazônia. Se há algo que os oportunistas de plantão, independentemente de posição ideológica, não costumam perder é a chance de distorcer os fatos para defender suas próprias bandeiras.

Neste momento em que a comunidade internacional coloca o Brasil em foco por algo tão lamentável, adotar a objetividade é impreterível. Os dados de incêndios florestais são mesmo alarmantes: houve um aumento de 84% em relação ao mesmo período no ano passado.

O Programa Queimadas, do Inpe, tem levantamentos que mostram que os focos registrados de janeiro a agosto de 2019 já são os maiores dos últimos 7 anos. Mas a série histórica do órgão, que começa em 1998, aponta que as queimadas tiveram um pico no início dos anos 2000, recorde ainda não superado pelo fogo que se espalha atualmente. O que não desmerece toda a mobilização atual.

É, portanto, de reação governamental que a floresta precisa, não de desculpas para a inabilidade. O presidente Jair Bolsonaro, levianamente, colocou a responsabilidade em organizações não governamentais (ONGs). Que investigue e comprove essa denúncia, portanto, para que deixe de parecer uma sandice conspiratória e se torne um fato. Parece óbvio, mas o que se espera de um governo é menos especulação e mais ação. Em seu discurso em cadeia de rádio e TV, na noite de ontem, Bolsonaro criticou a desinformação. Deveria, portanto, dar o exemplo. Quem trabalha com fatos sempre tem a primazia da razão.

A reação internacional não é ingerência, não há ameaças à soberania nacional quando um problema global está em curso. O Brasil arrisca-se ao isolamento. Economicamente, inviabiliza-se como parceiro comercial com as barreiras erguidas aos nossos produtos, principalmente o agronegócio.

Tanto que uma vitória do atual governo, o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, pode ser colocada em risco por conta da postura de Bolsonaro diante do problema. É óbvio que países como a França têm interesses em comprar a briga, o que é inaceitável é que o próprio presidente, por sua falta de astúcia política, acabe abrindo espaço para esse tipo de reação. O presidente dá argumento aos outros.

Bolsonaro, em seu pronunciamento de ontem, acusou o golpe. O Bolsonaro candidato, boquirroto das redes sociais, finalmente fez concessões ao Bolsonaro presidente, com um discurso em que cada palavra foi pensada para acalmar os ânimos. Contradisse, inclusive, muitas de suas falas recentes. Assim, o governo sinalizou a preocupação com a imagem do país e anunciou ações, uma resposta para o planeta. Precisa, contudo, estabelecer o diálogo com autoridades internacionais, colocando a diplomacia para cumprir seu papel. Grande parte da Amazônia está em território brasileiro, as nossas responsabilidades com ela têm a mesma dimensão desse patrimônio ambiental.

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