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Primeiro caso de sarampo no ES reforça a necessidade da vacinação

Desconfiança e negligência podem ser fatais para a manutenção da cobertura vacinal e abrir espaço para que outras doenças voltem a circular

Publicado em 14/08/2019 às 17h47
Atualizado em 24/08/2019 às 01h26
Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo. . Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo. . Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Foi em 1969 - há meio século, portanto - que o Espírito Santo entrou na rota da erradicação da varíola, uma doença infecciosa com elevado índice letal - mais de um terço de suas vítimas não conseguia sobreviver.

A campanha no Estado, dentro das diretrizes da Organização Mundial de Saúde, tinha a audaciosa meta de vacinar toda a população capixaba, como registrou a edição de A Gazeta de 24 de abril daquele ano. O empreendimento mundial surtiu efeito: em 1980, o planeta havia oficialmente se livrado da enfermidade. Não há exemplo mais evidente de que a vacinação preventiva é um marco civilizatório, com reflexos no bem-estar social e na qualidade de vida.

 

Em pleno 2019, com o surto de sarampo no país e um caso já registrado no Espírito Santo - o primeiro depois de seis anos -, é a desinformação que se tornou um problema de saúde pública. Viralizou na internet, contaminando o bom senso. No Brasil, há pouca informação oficial sobre movimentos antivacina, mas não é muito difícil encontrar vídeos no YouTube ou grupos no Facebook que proliferam teorias conspiratórias contra a imunização.

A desconfiança assim disseminada, se tiver efeito no comportamento das pessoas, pode desequilibrar a cobertura vacinal, permitindo que doenças já controladas voltem a assombrar. A “hesitação em se vacinar” dos tempos atuais foi elencada pela Organização Mundial de Saúde como uma das dez maiores ameaças globais à saúde neste ano.

E nem sempre é a resistência à vacinação o problema: até mesmo o desaparecimento de determinadas doenças pode ter construído uma falsa ideia de segurança. Como se a vacinação passasse a ser irrelevante justamente pelo seus maiores méritos. Sinal dos tempos.

Revoltas da vacina não têm cabimento, principalmente numa era em que a medicina é tão vitoriosa que as comprovações científicas se dão diante dos olhos, com uma população cada vez mais saudável e longeva. Os desafios da saúde ainda existem - o câncer certamente na dianteira deles -, mas é importante que a comunidade científica e médica se concentre em combatê-los, sem ter que ainda se ocupar com doenças que deveriam estar relegadas aos livros de história. A contestação das vacinas, e mesmo a negligência com elas, é um retrocesso inconcebível a esta altura.

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