> >
'Deus levou uma benção, mas deixou outra', diz mãe de motociclista morto

"Deus levou uma benção, mas deixou outra", diz mãe de motociclista morto

Ainda sem saber ao certo quantas semanas de gravidez tem, Vilma Gonçalves, de 40 anos, se sente aliviada por estar com a gravidez fora de risco. Na ocasião da morte de Kelvin Gonçalves, de 23 anos, ela achou que tinha abortado

Publicado em 29 de maio de 2019 às 16:22

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Mãe de jovem morto na Terceira Ponte em protesto . (Fernando Madeira)

Sete dias após perder o filho em um acidente causado por um racha na Terceira Ponte, a cabeleireira Vilma Gonçalves, de 40 anos, tenta retomar a vida, apesar de acreditar que nunca vai se recuperar do que aconteceu. E um das coisas que ela se apega agora é o bebê que espera, após o alívio de saber que não corre risco na gravidez.

Após saber da morte do filho, o motoboy Kelvin Gonçalves, de 23 anos, e da namorada, Brunielly Oliveira, de 17, a cabeleireira imaginou que poderia ter abortado. Ela ainda não sabe ao certo quanto tempo de gravidez tem até agora, mas após ter certeza de que tudo estava bem, ela se apegou na gravidez e também nos dois netos, filhos deixados por Kelvin, uma menina de quatro meses e uma menina de um ano e quatro meses, para seguir em frente.

“Graças a Deus está tudo bem. Fui no hospital e a gravidez está fora de risco. Eu falo para você o que falei para meu marido. Já disseram para mim que todo mundo é substituível, mas meu filho que morreu, não. Mas Deus foi muito generoso comigo. Levou uma benção e me deixou outra. É um presente de Deus”, declarou.

A mãe lembra que, mesmo fora de casa, o filho sempre dava muita atenção e era respeitoso com ela. Hoje Vilma anda pelas ruas lembrando como era o jovem e até pretende sair de Vila Velha por causa dessa ligação com ele. “Sempre que ele chegava de moto por trás, enquanto eu estava na rua, eu sabia que era ele. Chegava, pedia benção, perguntava pode onde eu ia. Eu tinha só ele, era meu porto seguro”, relata.

PROBLEMAS FINANCEIROS

Vilma explicou que, além da parte psicológica, está tendo muitos problemas financeiros após a morte de Kelvin. Isso porque o jovem, apesar de não morar com a mãe, ajudava nas despesas da casa, como o aluguel. Além disso, outras despesas apareceram.

A cabeleireira espera que, além de continuar presos, Oswaldo Venturini Neto, de 23 anos, e Ivomar Rodrigues Gomes Junior, de 40 anos, sejam punidos pelos crimes, indenizando a família. “Não tenho condições financeiras, o salão não é meu. Meu filho pagava o aluguel e me ajudava muito. Ainda estou em dívidas por causa do enterro e também estou pegando dinheiro emprestado para pagar advogado”, lamenta.

A outra preocupação de Vilma é com os dois netos, um recém nascido e uma menina de pouco mais de um ano. “Quando uma das crianças ficava sem leite ou precisava de alguma coisa, meu filho pegava a moto e ia correndo resolver com as mães. E agora, vou sair pedindo? Vão ligar para quem?”, questiona a cabeleireira.

PAI QUIETO APÓS A MORTE

De acordo com Vilma, após a morte de Kelvin no acidente, o pai dela e avô do menino, que mora em Cachoeiro de Itapemirim, tem conversado pouco, segundo ela triste por causa da situação. “Era o neto mais querido do meu pai. Ele não teve filhos homens. Ele tem 83 anos e quase não está comendo. Meu pai perdeu minha mãe há três anos também”, lembra.

Ainda falando sobre os acusados de matar o motoboy e a namorada, Vilma acredita que o que aconteceu não foi um acidente e espera que eles fiquem muito tempo presos. Ela também questiona a presença de PMs na porta da boate onde os dois estavam antes de saírem e disputarem um racha, como mostrou a reportagem do Gazeta Online nesta terça-feira (28).

“Isso não foi um acidente. Se ele quebrasse o carro e atropelasse meu filho seria, mas não foi isso. Além disso, estou tentando entender o que uma viatura estava fazendo na porta de uma boate. Cadê a lei seca? Só porque um é advogado e outro um playboyzinho que podem encher a cara e ir para o volante?”, questiona, revoltada com a situação.

Kelvin Gonçalves dos Santos, 23 anos, e Brunielly Oliveira, 17. (Reprodução/Facebook)

PRISÕES E INVESTIGAÇÃO

Sobre as investigações, a Polícia Civil declarou que o caso segue sob investigação da Delegacia Especializada de Delitos de Trânsito, e as informações serão passadas somente após a conclusão do inquérito policial.

Este vídeo pode te interessar

Os dois acusados continuam presos. Segundo a Secretaria Estadual de Justiça (Sejus), Oswaldo Venturini Neto encontra-se preso no Centro de Detenção Provisória de Viana 2. Já Ivomar Rodrigues Gomes Junior permanece na Penitenciária de Segurança Média 1.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais