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Governo suspende licitação para retomar obras do Cais das Artes

Governo suspende licitação para retomar obras do Cais das Artes

Sem ficar pronto, Cais das Artes já sugou mais de R$ 129 milhões dos cofres públicos

Publicado em 15 de outubro de 2018 às 13:28

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Vista aérea do Cais das Artes, na Enseada do Suá, em Vitória. (CLEFERSON COMARELA/VIXFLY DRONES)

O Instituto de Obras Públicas do Espírito Santo (Iopes) suspendeu a licitação para retomar as obras no Cais das Artes em aviso publicado nesta segunda-feira (15) no Diário Oficial. No documento, a justificativa é de que serão feitas "adequações no edital".

As obras e os projetos do Cais das Artes, que começou a ser construído em 2010 com a promessa de ser entregue em 2012, já sugaram mais de R$ 129 milhões dos cofres públicos. Além desse valor, o governo estima que cerca de R$ 100 milhões a mais precisarão ser gastos para o término da obra e para  recuperação de equipamentos e alguns pontos da estrutura que já estão desgastados pelo tempo.

Governo suspende licitação para retomar obras do Cais das Artes

Na manhã desta segunda-feira (15), a reportagem questionou o Iopes sobre a suspensão do edital e perguntou: se havia irregularidade no edital; se há nova data para o edital ser publicado novamente; quais são as adequações que precisarão ser feitas no documento, conforme justificou o governo e, nesse caso, qual seria o novo prazo para as obras serem retomadas e entregues. Além disso, também perguntou sobre eventuais interesses de empresas. 

Por meio de nota enviada no final da tarde, o Iopes confirmou a suspensão do edital nesta segunda (15) para adequações técnicas em função de pedidos de esclarecimentos solicitados pelas empresas interessadas em participar da licitação. 

A nota informa que, até o momento, 18 empresas, algumas de outros Estados, registraram cerca de 30 pedidos de esclarecimentos, o que é normal acontecer em função do tamanho e da complexidade da obra.

O Iopes garante que, mesmo enquanto o edital estiver suspenso, continuará recebendo as visitas das empresas no canteiro da obra e continuará prestando informações para que essas empresas possam continuar seus estudos, visando á elaboração de suas propostas. "Após os ajustes, o edital será republicado e o prazo para a retomada da obra está mantido", diz trecho final da resposta do órgão. 

A NOTA NA ÍNTEGRA

O Instituto de Obras Públicas do Estado do Espírito Santo (Iopes) informa que a licitação de conclusão do Cais das Artes foi suspensa nesta segunda-feira (15) para adequações técnicas em função de esclarecimentos solicitados pelas empresas interessadas em participar da licitação.

Até o momento 18 empresas, várias de outros estados, registraram cerca de 30 pedidos de esclarecimentos, o que é normal acontecer em função do tamanho e da complexidade da obra.

 

Durante o período da suspensão, o Iopes vai continuar recebendo as visitas das empresas no canteiro da obra e prestando informações para que as mesmas possam dar continuidade aos estudos visando a elaboração das suas propostas. Após os ajustes, o edital será republicado e o prazo para a retomada da obra está mantido para o início de 2019.

AS OBRAS QUE SERIAM RETOMADAS

Suspensão da licitação para retomada das obras do Cais das Artes, em Vitória, no Diário Oficial do dia 15 de outubro de 2018. (Reprodução/DIO-ES)

No dia 17 de setembro, o governo do Estado havia autorizado a publicação do edital de licitação para contratar a empresa que daria continuidade às obras do empreendimento milionário. No dia seguinte, dia 18 de setembro, o edital foi publicado pelo Iopes.

O valor estimado para contratação era de pouco mais de R$ 68,1 milhões e o prazo para a realização dos serviços seria de dois anos e quatro meses. Nessa etapa da construção, estavam previstas as conclusões da edificação do teatro, museu e da praça, que fazem parte dos 30 mil metros quadrados que tem o Cais das Artes.

Na ocasião, o Iopes detalhou que a compra dos equipamentos cênicos e poltronas para o teatro seria feita em outra licitação. Portanto, do edital suspenso faziam parte:

Teatro: finalizar a estrutura do teatro, montar a estrutura da cobertura, instalar o sistema elétrico, hidráulico, incêndio e de climatização e realizar acabamentos em geral.

Museu: finalizar a estrutura do prédio, instalar sistema elétrico, hidráulico, de incêndio e climatização e acabamentos em geral.

Praça: finalizar a pavimentação e realizar acabamentos em geral.

O EMPREENDIMENTO

O conjunto arquitetônico projetado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, para o Cais das Artes, engloba por uma praça ampla, um teatro e um museu, equipados para receber eventos artísticos de grande porte.

Teatro

A ideia é que o teatro seja equipado para receber múltiplos concertos de música acústica ou amplificadas, óperas, danças ou peças teatrais. Com 1,3 mil lugares, o palco do espaço deve ter aproximadamente 600 metros quadrados, com um vão livre de mais de 25 metros de altura até o teto.

Museu

O projeto do museu contempla grandes salões, somando 2,3 mil metros quadrados de área expositiva com ar condicionado, um auditório com capacidade para 225 pessoas, cinco salas de exposições, biblioteca, cantina, recepção e uma cafeteria.

Praça

A praça do Cais das Artes, é projetada com cafeterias, livrarias e espaços para espetáculos de teatro e exposições ao ar livre.

A NOVELA

2010

Oficialmente, as obras começaram em 2010, no fim do segundo mandato do governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (MDB). O investimento total seria de R$ 115 milhões.

2012

A previsão de entrega do empreendimento estava prevista para 2012, mas a construtora que executava os serviços, Santa Bárbara, faliu e, o contrato, foi reincidido.

2013

Neste ano, as obras foram retomadas após uma nova licitação que contratou o Consórcio Andrade Valladares - Topus.

2015

As obras foram realizadas até maio de 2015, quando sofreram nova paralisação. Depois disso, no começo de junho, voltaram a prosseguir mas, no mesmo mês, pararam novamente no dia 15. Ainda em 2015, o governo anunciou que teria que contratar uma nova empresa, a terceira, para finalizar a construção. A entrega seria em 2018.

2016

Em agosto foi feita uma nova licitação, mas para contratar uma consultoria de engenharia, que faria uma avaliação da obra e um balanço do que ainda precisaria ser feito. Neste ponto, o Governo do Estado já previa gastar entre R$ 80 milhões e R$ 100 milhões a mais no orçamento.

Neste ponto, desde 2010, o que foi construído nem chegou a ser utilizado e já precisou de reparos devido à ação do tempo e abandono ao empreendimento.

2018

Já em 2018, em abril, o Instituto de Obras Públicas do Estado do Espírito Santo (Iopes) licitou uma nova empresa para gerenciar a obra. A Planesp Engenharia ganhou a chamada no valor de R$ 3,8 milhões para executar o serviço.

Em julho deste ano, Paulo Hartung e a Secretaria de Estado dos Transportes e Obras Públicas (Setop) anunciaram que as obras seriam retomadas em dezembro de 2018 e deveriam ser entregues até 2020. No mês, já tinham sido gastos, ao todo, mais de R$ 129 milhões com o que era para ser o maior espaço cultural do Espírito Santo, inicialmente, com entrega prevista para 2012. Com a previsão de gastos divulgada naquela época, o valor total chegaria à casa dos R$ 229 milhões.

Em setembro, o governo lançou edital para licitar a empresa que terminaria as obras do empreendimento. Mas, agora, em outubro, suspendeu o edital sem data para republicá-lo.

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