Cidades
Morte no Hucam
Médicos ameaçam parar se não tiverem segurança
Entidades da categoria cobram ações efetivas de deputados

A morte da médica Milena Gottardi, baleada no estacionamento do Hospital das Clínicas (Hucam) há 11 dias, despertou a insatisfação da categoria diante das más condições de segurança. Juntas, entidades médicas do Estado agora reivindicam uma série de medidas para reduzir a violência em hospitais, unidades de saúde e pronto-atendimentos (PAs) de todo o Estado e ameaçam apoiar uma paralisação geral caso nada seja feito.
Oito reivindicações constam na lista de providências emergenciais elaborada por membros do Sindicato e da Associação dos Médicos junto ao Conselho Regional de Medicina (CRM-ES). A pauta será encaminhada a deputados e senadores. São elas: a contratação de segurança armada; câmeras de videomonitoramento; circuito interno de TV; iluminação nos acessos e embaixo das árvores; poda de árvores para maior visibilidade; controle de entrada e saída de carros e motos; identificação eletrônica de pessoas para acesso às dependências das unidades e patrulha motorizada.
10 a 15 por mês
É o número de médicos que pedem demissão por ameaças e agressões
De acordo com o presidente do Sindicato dos Médicos (Simes), Otto Baptista, uma média de 10 a 15 profissionais pedem demissão a cada mês por sofrerem agressões físicas, verbais e ameaças de morte. Por isso, o prazo estabelecido para que os gestores apresentem propostas é de 15 dias.
“Se não formos ouvidos, acredito que toda a categoria pode se manifestar através de um protesto, que pode ser paralisação. Já que o caos está instalado, fica inviável para o médico trabalhar. Infelizmente, a ponta mais fraca vai ser a população e nós não queremos isso”, diz Otto.
Já o presidente do CRM-ES, Carlos Magno Dalapicola, reforça que, caso isso aconteça, serviços de urgência e emergência não deixarão de funcionar. “As paralisações, se forem por motivos justos e se houver adesão dos médicos, com certeza serão apoiadas”.
Segundo Dalapicola, na próxima semana as entidades reunirão com representantes da Secretaria de Estado de Segurança (Sesp) e prefeitos. “Os profissionais estão acuados. Estamos perdendo bons médicos nas linhas de frente das UPAs e PAs, que uma vez ameaçados, desistem ou pedem transferência. Os menos experientes estão indo para linha de frente, o que é um risco para população e para eles mesmos”, argumenta.
Representantes das bancadas estadual e federal estiveram em uma reunião ocorrida ontem à tarde na sede do CRM. O deputado federal Carlos Manato propôs a criação de um projeto de segurança para o Hospital das Clínicas – incluindo a implantação de patrulhas armadas e de câmeras – a ser custeado por emendas parlamentares. Já os deputados estaduais Hércules Silveira e Rafael Favatto pretendem aumentar a pressão para que os prefeitos e o governo estadual se mobilizem.
Os oito pedidos
- Contratação de segurança armada;
- Câmeras de videomonitoramento;
- Circuito interno de TV;
- Iluminação nos acessos e embaixo das árvores;
- Poda de árvores para maior visibilidade;
- Controle de entrada e saída de carros e motos;
- Identificação eletrônica de pessoas para acesso às dependências das unidades;
- Patrulha motorizada.