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Retirada de médicos cubanos do Espírito Santo será imediata

Retirada de médicos cubanos do Espírito Santo será imediata

Alerta foi emitido para o Estado, mas profissionais devem sair aos poucos

Publicado em 16 de novembro de 2018 às 01:43

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Médicos cubanos chegam ao Espírito Santo. ( Carlos Alberto Silva)

Após o anúncio do fim da parceria de Cuba com o Mais Médicos, a previsão é que os profissionais cubanos que atuam no programa federal comecem a deixar o Espírito Santo já nos próximos dias. A saída deve ser gradual, já que a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), até então responsável por intermediar a vinda dos médicos ao programa, deve emitir passagens aéreas individualmente.

Fontes ligadas à coordenação do programa do Mais Médicos no Estado contam que a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) recebeu um aviso de alerta sobre a saída imediata dos cubanos, mas como a Opas não tem condições de fretar aviões para retirar de uma vez os mais de 8 mil médicos do Brasil, os profissionais deverão deixar os municípios à medida que as passagens aéreas forem sendo emitidas pela organização internacional. Isso pode acontecer em blocos por exemplo: dez em um dia, outros dez no seguinte e assim sucessivamente.

Atualmente, 210 médicos cubanos atuam no Espírito Santo. No Brasil, de 16.150 médicos que atuam no Mais Médicos, 8.332 são cubanos. A previsão é que todos eles deixem o Brasil em até 40 dias, segundo informações divulgadas após uma reunião da embaixada de Cuba com representantes do conselho que reúne secretários municipais de saúde, e membros da Opas.

O fim da participação dos médicos cubanos foi anunciado na última quarta-feira. Em nota divulgada pelo Ministério da Saúde do país caribenho, a decisão é atribuída a questionamentos feitos pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), à qualificação dos médicos cubanos e ao seu projeto de modificar o acordo, exigindo revalidação de diplomas no Brasil e contratação individual.

Bolsonaro já criticou o Mais Médicos em diversas ocasiões – o tema foi frequente em sua campanha eleitoral.

Em agosto, em um comício durante a campanha eleitoral em Presidente Prudente, no interior de São Paulo, ele afirmou que iria usar o Revalida - o exame de validação de diplomas - para “expulsar” médicos cubanos do Brasil.

EDITAL

Após o rompimento da parceria de Cuba com o programa no Brasil, o Ministério da Saúde anunciou que lançará nos próximos dias um edital para convocar médicos que queiram ocupar as vagas que ficarão ociosas com a saída dos cubanos.

Porém, os gestores municipais ressaltam que os profissionais do Mais Médicos atuam em locais aonde os médicos brasileiros não querem ir – seja por causa do salário, seja pelas condições de trabalho oferecidas, geralmente em postos de saúde de áreas mais carentes e marginalizadas.

MUNICÍPIOS PEDEM QUE BOLSONARO VOLTE ATRÁS

A Associação Brasileira dos Municípios (ABM) divulgou carta aberta ao presidente eleito, Jair Bolsonaro, pedindo que ele tome “ações imediatas” para reverter a decisão do governo cubano de retirar-se do programa Mais Médicos. O pedido, segundo o texto, é feito em nome dos prefeitos do Brasil.

Na carta, a ABM argumenta que graças ao programa muitos municípios brasileiros puderam oferecer atendimento médico básico pela primeira vez para toda sua população. A associação afirma que o programa foi criado atendendo a demanda dos municípios que não conseguiam contratar médicos para periferias das regiões metropolitanas, distritos indígenas, pequenas cidades e regiões distantes dos grandes centros urbanos.

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A Frente Nacional dos Prefeitos e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde também encaminharam pedido de “revisão do posicionamento do novo governo”. As entidades ressaltam que sem os profissionais, mais de 29 milhões de brasileiros ficarão sem assistência.

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