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Jovem de Cariacica realiza cirurgia nos olhos com ajuda de amigos

Jovem de Cariacica realiza cirurgia nos olhos com ajuda de amigos

Em oito dias, Éric Almeida conseguiu arrecadar R$ 5 mil para comprar as lentes que, aliadas à cirurgia nos olhos, devolveriam 100% da visão

Publicado em 7 de fevereiro de 2019 às 19:09

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(Ricardo Medeiros)

Foram necessários apenas oito dias para que o estudante de Teologia Éric Almeida, de 23 anos, conseguisse, por meio de uma vaquinha virtual, os R$ 5 mil necessários para a compra de uma lente importada da Alemanha, sem a qual não poderia ter 100% da visão. Promovida por amigos e familiares, a vaquinha permitiu a realização do grande sonho de Eric: enxergar com nitidez.

Éric passou pela cirurgia de "Crosslinking" para tratar o ceratocone, uma doença que afeta o formato da córnea. E a luta não foi fácil. O procedimento não é oferecido pelo Sistema Único de Saúde no Espírito Santo, mas ele conseguiu na Justiça a autorização para que fosse feita a correção. Além da cirurgia, ele precisava da lente importada, para qual ele também acionou meios judiciais, mas poderia demorar. Foi aí que surgiu a arrecadação, e, em pouco mais de uma semana, conseguiu a quantia necessária para adquiri-la.

Antes da cirurgia, o universitário contava apenas com cerca de 45% da visão, segundo a análise médica. Apesar disso, na percepção do jovem era como se o grau oscilasse diariamente

Apesar das dificuldades que enfrentou, Éric não perdeu o bom humor. "A falta de visão foi um grande desafio, mas não me impossibilitou de já ter concluído dois cursos, o de Gestão de Recursos Humanos e o de Gestão Comercial. Agora estou finalizando meu primeiro ano de curso teológico. A parte engraçada foi a de ter abraçado muita gente que não conhecia, ter pegado o ônibus errado várias vezes e de ter deixado de cumprimentar amigos por não tê-los enxergado", contou às gargalhadas.

BAGAGEM DE SOLIDARIEDADE

O jovem, que reside em Cariacica, tem em sua história uma bagagem de solidariedade: desde os 18 anos, comemora o aniversário fazendo o bem. A maior vontade dele era a de doar sangue e concretizou este desejo auxiliando uma vítima de atropelamento.

"Passei a juntar meus amigos para doar sangue. Além disso, arrecadava alimentos e roupas para moradores de rua. As primeiras doações foram por causa de uma amiga que ficou internada no hospital. Alinhamos, eu e meus colegas, que todos os anos faríamos algo pelo próximo. Eu queria proporcionar esse sentimento de doação nas pessoas. Quando eu mais precisei, recebi ajuda. É um ciclo: ajudo quando eu posso e, em contrapartida, quando eu precisar, recebo ajuda também. A lente, eu costumo dizer que não me venderam. Me deram a possibilidade de enxergar novamente. Não foi um produto, foi a qualidade de vida devolvida", ensinou.  

CIRURGIA PELO SUS

O procedimento realizado por Éric só é autorizado pelo SUS em alguns municípios brasileiros, como são os casos de Belo Horizonte (MG), Uberlândia (MG), Campinas (SP), Santo André (SP), Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS). De acordo com o Ministério da Saúde, o Crosslinking foi incorporado em 2017 pelo sistema público, e é um procedimento rápido e pouco invasivo para tratar o ceratocone, doença que pode causar deformidade da córnea. A técnica, conhecida como "crosslinking corneano", tem capacidade de deter a evolução desta doença, que é degenerativa e pode levar à perda gradativa da visão. Além disso, a cirurgia pode retardar a necessidade de um transplante de córnea.

Com relação ao caminho que deve ser traçado por alguém na mesma situação, que pretenda passar pelo procedimento cirúrgico, no Espírito Santo ainda não há autorização para que o procedimento seja realizado diretamente pelo SUS. No entanto, como no caso do jovem Éric, há a possibilidade de ingressar na Justiça e requerer o pagamento do procedimento.

"Eu sou usuário de plano de saúde, mas ele não cobria minha cirurgia. Seria o caso de pagar particular. Mas o procedimento de cada olho custava 3.500 reais, ficava muito caro para mim. Foi aí que dei entrada no pedido da Justiça. Eu encontrei o médico do meu plano no Hospital das Clínicas, que me atendeu lá e adiantou o caminho. Aqui no estado não é feito crosslinking pelo SUS, uma pena. Então acabei ajuizando ação em face do estado e consegui o custeio", contou o estudante.

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