A vida no lixo

Como separar o lixo corretamente? Gazeta Lab ensina

Pesquisa feita no Gazeta Online mostrou que só 53% dos internautas separam o lixo que produzem em casa

Publicado em 23/11/2017 às 10h15

Você descarta corretamente o lixo que produz? A pergunta foi feita por um grupo de estudantes universitários aos internautas do Gazeta Online em uma pesquisa sobre resíduos sólidos, feita nos últimos 20 dias. Do total de respostas, pouco mais da metade, 53%, responderam que descartam corretamente. Outros 24% disseram que somente às vezes e 21% informaram que não.

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Sobre a separação do lixo seco e lixo úmido, 45% ainda não adotam a prática, e 85% dos que responderam à enquete não conhecem nenhum projeto de consumo consciente de resíduos em seu bairro ou cidade. A pesquisa é parte de um estudo sobre resíduos sólidos desenvolvido por estudantes do Centro Universitário Faesa e profissionais da Rede Gazeta, no laboratório de inovação Gazeta Lab.

Mas como fazer corretamente a separação do lixo em casa?

Clique e acesse a cartilha produzida pelo Gazeta Lab (PDF, 14MB)

COMO SEPARAR

Para descartar corretamente os resíduos gerados em casa, as pessoas devem ter dois recipientes: um para os materiais recicláveis secos, que podem ser levados para a coleta seletiva; e outro para os materiais orgânicos, que podem ser transformados em composto orgânico, e para os rejeitos.

Os resíduos recicláveis secos são conhecidos como lixo seco e são constituídos principalmente por embalagens fabricadas a partir de plásticos, papéis, vidros e metais diversos, inclusive produtos compostos como as embalagens longa vida e outros.

Os materiais orgânicos são constituídos pelo material orgânico, principalmente por restos oriundos do preparo dos alimentos. São partes de alimentos como folhas, cascas, sementes, restos de alimentos industrializados, entre outros.

Os rejeitos referem-se às partes contaminadas dos resíduos domiciliares, como as embalagens ou outros materiais muito sujos, resíduos úmidos que não podem ser compostados como carne, e resíduos das atividades de higiene, como papel higiênico e fraldas.

No entanto, a maior parte das prefeituras não coleta os orgânicos de forma separada dos rejeitos e tudo isto vai para o aterro sanitário. Por isso, dois recipientes são o suficiente: um para os secos recicláveis e outro para os rejeitos e orgânicos, que são os úmidos. Depois, estes materiais devem ser recolhidos pelas prefeituras para destinação correta.

QUAL A IMPORTÂNCIA DE SEPARAR?

Ao separarmos os nossos resíduos quando são descartados, permitimos que o material chegue aos catadores e triadores, que separam os resíduos por tipos diferentes como vidro, papel e plástico.

A triagem é feita por pessoas que sobrevivem disso e possibilita a muitos trabalhadores a garantia do pão de cada dia. Aquilo que nós descartamos como lixo pode ser vendido por preços diferentes, dependendo do material, para empresas especializadas na reciclagem e reutilização de resíduos.

Quando descartamos o que vulgarmente chamamos de lixo seco e lixo úmido juntos, muitas vezes o que poderia ser reaproveitado torna-se rejeito e precisa ser descartado.

Muitas cidades contam com Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), onde é possível descartar os materiais recicláveis. Dali, eles são encaminhados para a coleta seletiva, onde são triados e então são vendidos para as empresas especializadas em reciclagem.

Os objetos perfurocortantes, ou seja, aqueles que de alguma forma podem cortar ou perfurar nossa pele devem ser descartados separadamente, em embalagens que impeçam o contato acidental com o objeto.

DESTINO DO LIXO

Para onde vai o lixo que produzimos? E como ele chega lá? Duas perguntas que parecem simples, mas que a maioria de nós não sabe responder de forma simples.

Primeiro, é preciso saber que o que antes era chamado apenas de “lixo” passou a ser tratado como Resíduos Sólidos (RS), e ganhou maior atenção a partir de 2010, quando foi promulgada pela Lei 12.305/2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

A PNRS apresenta metas e propostas para prevenir e/ou reduzir a geração de resíduos utilizando-se da reciclagem e da reutilização desses, bem como prevê a destinação correta dos rejeitos (resíduos que não podem ser reutilizados).

Em segundo lugar, devemos saber — e cobrar dos órgãos responsáveis — que os resíduos que produzimos, quando não reaproveitados, devem ser destinados adequadamente a locais legalmente instalados, como os aterros sanitários.

No Espírito Santo, existem cinco aterros sanitários (Cariacica, Vila Velha, Aracruz, Cachoeiro de Itapemirim e Colatina) para atender a todos os 78 municípios, além de 68 associações de catadores que trabalham com o lixo coletado pelas prefeituras, segundo dados da engenheira e doutoranda em Resíduos Sólidos, Maria Claudia Lima Couto, coordenadora do projeto no Lab. “Não são todos que levam, principalmente, no Norte do Estado. É preciso que todos tenham a destinação correta”, afirma ela, que acrescenta que a melhor solução passa pela educação ambiental. “É fazer a coleta seletiva, para reciclagem dos resíduos e fazer a compostagem da parcela orgânica. Para o aterro, só deve encaminhado o rejeito”, afirma.

Embora muitas vezes empresas contratem profissionais especializados da área para criar um plano de gerenciamento dos resíduos produzidos por elas, nós não precisamos ser grandes experts no assunto para fazer o mesmo com os resíduos que geramos em nossas casas. Práticas muito simples e que tomam apenas alguns minutos do nosso tempo podem fazer com que haja mudanças drásticas e positivas na produção do lixo.

COMO REDUZIR A PRODUÇÃO DE LIXO? OS 5 Rs

Repensar: devemos praticar o hábito de repensar nosso consumo. Nem tudo o que queremos comprar ou que podemos comprar é realmente necessário que adquiramos. Quando começamos a pensar sobre isso, consequentemente passamos para o segundo R.

Reduzir: a partir do momento em que começamos a repensar nossas necessidades de consumo, nós também o reduzimos. Isso gera menos resíduo e ainda ajuda o nosso bolso!

Reusar: há diversos resíduos que podem ser reusados. Dessa forma, nós também conseguimos diminuir o nosso consumo, porque não vamos precisar comprar um novo daquele mesmo objeto, e também retardamos a volta dele ao meio ambiente, diminuindo a quantidade de resíduos produzidos. Quando usamos, por exemplo, aquela garrafa de água potável que compramos em um dia quente na rua para guardar água na geladeira, pode parecer pouco, mas já é muito significativo.

Reutilizar: existem muitas coisas que podemos utilizar para fazermos outras que exercem funções diferentes. Podemos, por exemplo, usar garrafas pet para criarmos vassouras e poltronas ou dar ou vender às pessoas que o fazem. Reduzimos os resíduos descartados e ainda cooperamos com a renda familiar de alguém.

Reciclar: o nível mais complexo, mas nem de longe difícil de cooperarmos. Nós reciclamos algo quando processamos um material para que ele seja usado novamente, mesmo que seja para fazer algo diferente. Podemos ajudar àqueles que fazem isso só de separarmos os nossos resíduos.

O estudo sobre resíduos sólidos do Gazeta Lab ainda aponta como reciclar resíduo orgânico (compostagem) numa cartilha de orientações que está disponível para baixar aqui. Os alunos do laboratório são: Andresa Arpini, Cassio Quinelato, Cristiane Marcarini, Felipe Santos, Isla Rivero, Larissa Guardinier, Lorenzo Mariani, Lucas Passos e Taline Cordeiro. Eles foram orientados pela professa Maria Claudia Lima Couto, com participação de Otávio Lube dos Santos e Gabriela Bee Balista.