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Mais de 1.400 servidores públicos do ES já podem se aposentar

Mais de 1.400 servidores públicos do ES já podem se aposentar

Somente no Executivo, 969 funcionários preenchem os critérios para receber o benefício

Publicado em 18 de março de 2019 às 13:55

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Dos quase 34 mil servidores ativos no Espírito Santo, ao menos 1.401 já podem se aposentar e não serão afetados pela reforma da Previdência. As informações foram repassadas pela Secretaria de Estado de Gestão e Recursos Humanos e pelos demais órgãos e Poderes. Apenas o Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) não respondeu.

Dos que já atendem aos critérios de aposentadoria, a maioria – 969 – atua pelo Executivo. São 327 na Polícia Civil, 253 na Secretaria de Estado da Saúde, 171 na Secretaria de Estado da Educação, e outros 218 espalhados pelos demais órgãos e secretarias.

“Esses servidores continuam trabalhando com abono permanência. Eles já estão aptos a se aposentar, mas continuam na ativa para melhorar a remuneração na aposentadoria”, explicou o subsecretário de Administração de Pessoal, Charles de Almeida.

“É interessante que essas pessoas continuem trabalhando. São servidores que já têm uma trajetória no serviço público e têm condições de continuar trabalhando, até para ensinar outras pessoas”, completou o subsecretário.

O Tribunal de Justiça informou que são 366 servidores trabalhando com o abono permanência. A presidente do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado do Espírito Santo (Sindijudiciário), Adda Lobato, diz que vê com preocupação as propostas apresentadas para a reforma da Previdência.

“Parece que a única categoria que causa prejuízo é a dos servidores públicos. Essa é a única categoria que está pagando a conta”, comenta Adda.

“Esperamos que a proposta mude. A gente está se preparando para discutir os pontos que já foram apresentados, mas vamos esperar começar a tramitação, quando devem começar a entrar as emendas e a proposta vai ficar mais clara”, completou.

Segundo o Tribunal de Contas do Estado, dos 291 servidores efetivos em atividade no Tribunal de Contas do Estado (TCES), 35 atendem às atuais regras para aposentadoria.

Já na Assembleia Legislativa, segundo a Secretaria de Gestão de Pessoas, em janeiro (último dado disponível), 84 pessoas estavam aptas a aderirem ao PAI – Plano de Aposentadoria Incentivada. Desse número, 53 pediram a adesão, restando 31 aptos para pedirem aposentadoria.

Sobre a reforma, o presidente do Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa e Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo (Sindilegis-ES), Leandro Machado, foi sucinto. “São tantos ataques aos servidores que fica difícil resumir”, comentou.

SAIBA MAIS

Quem já pode se aposentar?

Executivo

No total 969 servidores já podem se aposentar – a maioria na Polícia Civil, Saúde e Educação.

Judiciário

De acordo com o Tribunal de Justiça, 366 servidores trabalham com o abono permanência – dentro das regras para se aposentar.

Tribunal de Contas

Dos 291 servidores efetivos em atividade no Tribunal de Contas do Estado (TCE-ES), 35 atendem às atuais regras para aposentadoria.

Assembleia Legislativa

31 servidores estão aptos a pedir aposentadoria.

Ministério Público

O órgão não informou quantos servidores já podem se aposentar.

Gratificações não ampliam benefícios

A proposta de reforma da Previdência também altera a forma como são calculadas as incorporações e os benefícios dos servidores públicos de quem se aposenta pelo Regime Próprio de Previdência Social (RPPS).

A medida, caso a proposta seja aprovada, atinge diretamente o funcionalismo nos Estados e municípios. Os mais afetados serão os que entraram no sistema até 2003.

Atualmente, os servidores têm direito a se aposentar com o último salário da carreira. Com a mudança eles até continuam com o último salário, mas deixam para trás gratificações como as que recebem quando exercem um cargo de confiança, por exemplo.

Professores, médicos, enfermeiros e dentistas, por exemplo, que têm carga horária variada, também podem ser afetados pela mudança. Atualmente é comum os profissionais dessas áreas aumentarem a carga horária para terem um benefício maior na aposentadoria. Caso a reforma seja aprovada, o cálculo da aposentadoria será feito com base na carga horária dos últimos 10 anos.

Outro grupo afetado será o dos servidores que têm um salário fixo, mas remuneração variável – como acontece com fiscais e auditores, por exemplo. Assim como nos outros casos, a composição da aposentadoria levará em conta o desempenho do servidor nos últimos 10 anos.

Para o secretário de Relações Institucionais da ONG Transparência Capixaba, Rafael Simões, o que se espera com a reforma é a redução da desigualdade entre as aposentadorias do RPPS e do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) do INSS.

“Os números da aposentadoria do RGPS e do RPPS mostram claramente a desigualdade estrutural da sociedade brasileira”, comenta Rafael Simões.

“Como mudar isso? A gente precisa ter uma sociedade que aposte mais nos valores, no respeito a uma igualdade mínima entre as pessoas. Uma sociedade que não aceite uma desigualdade tão grande”, completou.

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“O Brasil sempre é destacado como um dos principais campeões em desigualdade no mundo e nós precisamos reduzir isso. Não é rápido, não é fácil, nem com passe de mágica. Mas, se a gente não se propõe a isso, nada vai acontecer”, concluiu o representante da Transparência Capixaba. (Com Agência O Globo)

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