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Um acidente de trabalho acontece a cada 45 minutos no Espírito Santo

Um acidente de trabalho acontece a cada 45 minutos no Espírito Santo

Em seis anos, 462 profissionais morreram em serviço

Publicado em 2 de abril de 2019 às 13:28

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Profissional de saúde: casos de acidente de trabalho com agulhas e ampolas são os mais comuns. (Divulgação)

O que pode acontecer em 45 minutos? É quanto dura cada um dos tempos de uma partida de futebol, um voo de Vitória para o Rio de Janeiro ou quanto muitas pessoas ficam presas em congestionamentos na Grande Vitória. Mas 45 minutos também é o tempo médio que separa os casos de acidentes de trabalho no Espírito Santo.

De acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT-ES), de 2012 a 2017 (último dado disponível), foram realizadas 69.939 Comunicações de Acidentes de Trabalho (CATs) em todo o Estado.

O número que já assusta poderia ser ainda maior, segundo avalia o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho no Espírito Santo, Valério Soares Heringer, devido aos casos que são subnotificados.

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A gente convive com um volume grande de subnotificações. Muitas empresas atendem esses empregados no próprio ambulatório e não fazem a comunicação correta

Valério Soares Heringer, procurador-chefe do MPT-ES
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Não bastasse a grande quantidade de acidentes, há também a gravidade das ocorrências. No período analisado (2012- 2017), houve 21.499 afastamentos e 462 mortes notificadas no Estado.

Para o procurador do MPT-ES e titular regional da Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho, Bruno Gomes Borges da Fonseca, os dados escancaram a violação de direitos trabalhistas no país.

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A maioria das ações trabalhistas pleiteiam direitos básicos que deveriam ser observados durante a relação empregatícia. A inobservância do Direito do Trabalho, portanto, parece ser um dos principais fatores justificantes desse número de acidentes do trabalho

Bruno Gomes Borges da Fonseca, procurador do MPT-ES
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Além dos prejuízos físicos, há também os financeiros. Somente no Espírito Santo, desde 2012 já foram 3.803.520 dias com afastamentos previdenciários – o equivalente a mais de 10 mil anos. As despesas com o INSS também somam mais de R$ 175 milhões de 2012 a 2017. Os acidentes mais comuns são cortes, fraturas e contusões.

Também há, na análise dos dados, o dia da semana em que os acidentes mais acontecem. O campeão é terça-feira, seguido pela quarta, segunda e quinta.

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Esse é um dado curioso que pode ser explicado pelo número de pessoas trabalhando. Muitos setores fecham as portas na segunda-feira, mas trabalham a todo vapor na terça e quarta, o que justifica essa diferença

Valério Soares Heringer, procurador-chefe do MPT-ES
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GÊNERO

Os dados do MPT-ES também apresentam um recorte por gênero. O estudo aponta que 80% dos afastamentos por acidentes são feitos por homens.

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Isso não quer dizer que o homem se cuida menos, ou que seja menos cuidadoso. Acontece que, na maioria das vezes, são eles que fazem os trabalhos mais pesados e com maiores riscos. Além disso, há um número maior de homens no mercado capixaba

Valério Soares Heringer, procurador-chefe do MPT-ES
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Os homens também lideram os afastamentos por doenças – 62% contra 28% das mulheres, e afastamentos com outros motivos não identificados – 76% contra 24%.

REDUÇÃO

Os dados, extraídos do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, apontam certa redução no número de acidentes do Trabalho no Estado. Porém, isso não significa dizer que tem havido conscientização das empresas, ou dos empregados.

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Os números registrados no Estado são altos. Mesmo que, de uma maneira geral, vejamos uma redução, acredito que ela seja explicada mais pelo aumento do desemprego

Edgar Alexandre Reis de Lima, coordenador do curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho da UVV
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O professor ainda destaca o baixo número de fiscais do MPT-ES.

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Embora eles sejam competentes, são poucos. E fiscalizar empresas demanda um efetivo muito grande situação que não vemos aqui. Os fiscais são poucos e centralizados na Região da Grande Vitória

Edgar Alexandre Reis de Lima, professor
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Tal fato, porém, não diminui a responsabilidade das empresas.

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A norma existe há 40 anos. É tempo de sobra para que os empresários se adequem, mesmo sem uma fiscalização forte em cima

Edgar Alexandre Reis de Lima, professor
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