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Efeito Brumadinho e burocracia causam queda da produção industrial no ES

Efeito Brumadinho e burocracia causam queda da produção industrial no ES

Segundo presidente da Findes, Léo de Castro, recuo de 17% em maio, em comparação com o mesmo mês do ano passado, também foi provocado por escassez de eucalipto e maturidade dos campos de petróleo

Publicado em 12 de julho de 2019 às 18:41

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Indústria teve crescimento na geração de empregos apesar do recuo na produtividade de alguns setores. (Carlos Alberto da Silva)

Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), ao analisar as possibilidades que levaram à queda na produção industrial do Estado em 17,4% apontou como causas a tragédia de Brumadinho, a escassez de eucalipto e a fase de maturidade dos campos de petróleo. Os índices de recuo foram apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tendo sido levada em consideração a produtividade do setor industrial referente ao mês de maio de 2019 em comparação ao mesmo mês do ano passado. 

De acordo com Léo de Castro, presidente da federação, a avaliação da queda da produção deve iniciar com o reconhecimento de que em maio do ano passado o Espírito Santo contou com base industrial mais forte que a do restante do país, mesmo diante da greve dos caminhoneiros. "O mês foi de confusão e ainda assim o Estado se manteve melhor que o restante do país à época", iniciou.

"No tocante à indústria extrativa, o índice de queda foi maior que a média de 17,4%, tendo alcançado redução de 18,3%. Aí é preciso levar em conta que a principal fonte de abastecimento da Vale no Estado é uma mina situada em Minas Gerais, chamada Brucutu, que ficou interditada com a tragédia em Brumadinho. Isso acabou afetando o abastecimento das usinas da Vale por aqui e os efeitos vêm se prolongando desde então", explicou.

Outro ponto destacado pelo administrador é o da indústria de papel e celulose, que, sozinha, caiu 28,1% em produtividade. Segundo ele, a unidade de Suzano, em Aracruz, sofre com a escassez de matéria-prima. "Em um raio razoável de distância da fábrica, falta eucalipto e a unidade foi de certa forma sacrificada por isso. Com a aquisição da Fibria, opção de fábrica para produzir não falta e acaba que são escolhidas as mais produtivas. A nossa está perdendo competitividade e tem trabalhado de forma mais ociosa", comentou.

A grande questão relacionada ao papel, apontada pela autoridade no ramo, não é o mercado, que está relativamente aquecido. A falta de eucalipto no Estado estaria ligada, na verdade, à dificuldade de licenciamento ambiental. Léo afirmou que tem sido debatida a pauta entre a Findes e o governo para tentar agilizar o processo de obtenção de licença para plantio da matéria-prima. "Faz tempo que o Espírito Santo cria dificuldades e a conta agora chegou", disse.

Sobre o petróleo, a explicação para o recuo na produção vem da análise de que o Estado tem campos de produção e extração em fase de maturidade, e que novos campos devem começar a produzir apenas em 2021. Até lá, de acordo com o presidente da Findes, a produção apresentará queda. 

GERAÇÃO DE EMPREGOS

A indústria, apesar de tudo, conforme narrou Leo de Castro, tem sido o setor que mais tem gerado empregos no Estado. "A produção física caiu em setores que não são os mais intensivos em mão de obra. Outros setores como o de alimentos, com crescimento positivo, são mais intensos nesse sentido. Estou otimista para o resto do ano, apesar de tudo, já que temos uma matriz industrial ampla, que compreende calçados, alimentos, bebidas, entre outras áreas, conectadas com a capacidade nacional. Haverá recuperação", projetou.

As ações que estão sendo tomadas, que vão ao encontro do otimismo demonstrado, são voltadas ao diálogo para aumentar o volume de licenciamentos ambientais e o enfrentamento, em conjunto com outras instituições, para que a operação das minas retome a condição normal, sem, no entanto, perder de vista a atenção aos padrões de segurança. "Além disso, com esse cenário de reformas enfrentadas no país, o consumo deve crescer e a indústria passa a reagir", finalizou.

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