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Vila Velha é a cidade onde mais se abrem pequenos negócios no ES

Vila Velha é a cidade onde mais se abrem pequenos negócios no ES

Em meio ao desemprego, ser empreendedor individual virou uma saída. Até agosto deste, Vila Velha está com um saldo de 4,3 mil negócios individuais abertos

Publicado em 23 de setembro de 2019 às 21:07

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Valéria Gonçalves Bastos e o marido Alessandro fazem bolos e doces para vender. (Arquivo Pessoal)

Ter um negócio próprio para alguns é um sonho, para outros uma oportunidade ou uma necessidade. No Espírito Santo, Vila Velha é a cidade que lidera o ranking de novos Microempreendedores Individuais (MEI) em 2019. Até agosto, o município está com um saldo de 4,3 mil negócios individuais abertos.

Vila Velha é a cidade onde mais se abrem pequenos negócios no ES

Em meio ao desemprego, ser empreendedor individual virou uma saída para quem quer achar trabalho. Prestação de serviços, estética, comércio de vestuário, lanchonetes e produção de acessórios são os que mais atraem os pequenos empreendedores.

De janeiro a agosto desde ano, segundo dados do Portal do Empreendedor do governo federal, em Vila Velha, foram criadas 4.374 MEIs a mais do que o saldo de cadastros fechados. Ao todo, o município tem mais de 21,9 mil negócios individuais.

Já a Serra, nesse mesmo período, soma 4.033 novos MEIs. Com isso a cidade tem o maior número total de empreendedores individuais  (33,5 mil). Outras cidades que aparecem entre as mais empreendedoras são Vitória e Cariacica com 2.798 e 2.475 criadas este ano, respectivamente.

De janeiro a agosto de 2019, mais de 37,4 mil pessoas decidiram abrir seus próprios negócios no Estado. Com isso, Espírito Santo chegou a marca de 229,1 mil microempreendedores individuais em atividade.

A analista do Sebrae, Renata Braga, explica que esse crescimento deve-se principalmente pela situação econômica do país. “Desde 2013, o Brasil vem passando por uma grande recessão. O número de postos de trabalho diminuiu e muitas pessoas capacitadas se viram desempregadas. Foi nesse cenário que um grande número de trabalhadores começou a retornar ao mercado como empresários, por oportunidade ou necessidade”, explica.

Em meio a tantas histórias está a da Valéria Gonçalves Bastos, 43 anos, e do marido, Alessandro Machado, 47 anos. Ela veio do Rio de Janeiro em 2013 para morar no Estado. Ele saiu em 2016, de Cachoeiro de Itapemirim para morar em Vitória.

“Ele achou que conseguiria um emprego aqui, mas não deu certo. Depois de um tempo ocioso decidimos tentar alguma coisa para ele fazer. Então, começamos a vender brigadeiro e depois bolos. Tudo produzido na nossa casa em Viana”, conta.

O casal começou a receber pedidos de empresas, mas, por não estarem formalizados, não podiam aceitar. Com isso, decidiram aderir ao MEI. De janeiro a agosto deste ano, 543 pessoas se tornaram microempreendedores na cidade de Viana.

“No início do ano meu marido fez o cadastro e, com isso, ficou assegurado caso algo ocorresse. Além disso, agora podemos emitir nota e atender empresas. Os pedidos estão crescendo e eu estou até pensando em deixar o emprego para me dedicar só aos doces”, comenta.

Rosi Barbosa o marido, Geovanni Cuzuol Ferreira, têm uma loja de roupas . ( (Foto: Arquivo Pessoal) )

OPORTUNIDADE

O professor e consultor de marketing e empreendedorismo, Henrique Hamerski, explica que para um negócio dar certo é preciso ter planejamento e aproveitar a oportunidade.

"Na hora de montar um negócio é preciso pensar em alguns fatores. Você precisa saber se gosta do que pretende fazer. Depois, se sabe fazer. E, realizar um estudo de mercado para saber se o que você planeja dará certo. Além disso, ter conhecimento e permanecer aprendendo é fundamental para melhorar o negócio”, explica.

Há cerca de um ano, a estilista Rosi Barbosa, 35 anos, e o marido, o advogado Geovanni Cuzuol Ferreira, 31 anos, aproveitaram da expertise que ela tinha na moda para abrir um negócio. Eles montaram, na Serra, uma empresa que trabalha com roupas de praia, fitness e masculina.

“Eu sempre trabalhei nessa área. Sou formada em moda e quis montar uma empresa. Nós planejamos por quatro ou cinco meses antes de abrir. Começamos com a loja e vimos que está dando certo. Com isso já estamos ampliando nossa produção de peças”, conta.

Quem já está há um tempo no mercado e começou como microempreendedora foi a Myrthes Loyola Muqui. Ela tem uma loja de roupas e acessórios em Goiabeiras, Vitória. “Eu e meu marido começamos com um showroom em casa, em 2012. Depois começamos a crescer. Passamos a ser microempreendedores (ME) e hoje temos uma loja mais espaçosa e com duas funcionárias”, lembra.

ANÁLISE: "HÁ UMA TENDÊNCIA AO EMPREENDEDORISMO"

Por Emerson Mainardes, Professor de Marketing da Fucape e doutor em Administração

"Quando falamos em empreendedorismo, podemos observar três tipos. O primeiro é aquele onde a pessoa desde muito jovem coloca na cabeça que quer empreender e montar o seu negócio. Essa pessoa é aquela que aproveita as oportunidades do momento e não desiste nos fracassos.

Esse é um tipo pouco comum na nossa cultura, mas ocorre. O segundo tipo é o empreendedor por ocasião, mesmo não tendo a característica do primeiro, e, normalmente, tendo um emprego e uma boa situação financeira, mas que vê uma oportunidade e corre atrás dela. Esse é o tipo mais comum do que o primeiro.

Já o terceiro tipo é o empreendedor por necessidade. Nesse caso, a pessoa perdeu o emprego e tem a necessidade de se inserir no mercado de trabalho de alguma forma. Ela precisa pagar as contas e sem ter um emprego vai em busca de criar um negócio. Esse tem mais chance de fracassar porque ele, normalmente, vai montar algo que já existe ou com pouca inovação.

Normalmente, quem traz mais inovação são os dois primeiros tipos. Por isso, eles têm mais chances de serem exitosos, porque inovaram.

O país precisa criar uma cultura empreendedora, e passar a gerar empregos, novidades e inovação. Trazer coisas para atender a necessidade das pessoas. Nós ainda precisamos aliar o conhecimento com as ferramentas que já existem para auxiliar o empreendedor a sair desse estágio inicial, que é o MEI.

Hoje, temos um crescimento na abertura de negócios por necessidade. Ele está relacionado à situação que temos no país, de desemprego. Ou seja, uma pessoa que trabalhou por muitos anos em uma empresa e foi despedida e passa a empreender por necessidade, cenário cada vez mais comum.

Há uma tendência onde as pessoas passarão a ser cada vez mais empreendedoras, mas é preciso lembrar que elas precisam se planejar e para criar um negócio com mais chances de ter sucesso."

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