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Linhares: Kauã e Joaquim mudaram de comportamento, dizem professoras

Linhares: Kauã e Joaquim mudaram de comportamento, dizem professoras

Irmãos foram assassinados em 21 de abril; segundo a polícia, os dois foram abusados sexualmente e queimados ainda vivos

Publicado em 22 de junho de 2018 às 00:20

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(Gazeta Online)

A professora Keila Augusto Ferreira Agrizzi, que deu aula para Joaquim Alves por um ano e seis meses, informou à reportagem do Gazeta Online que, em alguns momentos, a criança tinha crise de choro.

“Joaquim chorava algumas vezes e tinha uns ataques de choro quando a mãe o deixava na escola. Ele dizia que queria ficar com a mãe. Já dei banho algumas vezes nele na escola junto da cuidadora, quando ele se sujava muito, e nunca percebi marcas de agressão”, disse.

IMITAVA O PAI

Keila Agrizzi disse que Joaquim era um menino extrovertido e popular na escola.

“Ele era muito extrovertido, gostava de cantar, dançar e jogar bola. Joaquim gostava de pegar os brinquedos para tocar bateria. Ficava imitando o pessoal da igreja. Às vezes ele orava e cantava os hinos da igreja. Eu achava que ele imitava o pai”, disse.

GEORGE E A TÚNICA

Questionada sobre o comportamento dos pais, Keila Agrizzi disse que pareciam ser um casal “normal”, mas chegou a estranhar algumas vezes quando George Alves chegava na escola de cabeça raspada, descalço e de túnica branca para buscar os filhos.

“Tínhamos aquele contato diário na porta da escola mesmo. Achava estranho algumas vezes em que ele se vestia diferente. Uma hora ele estava todo arrumado parecendo um playboy. Mas, algumas vezes, o George aparecia de túnica branca, cabelo raspado e descalço. Nunca questionei por respeito à religião, mas já chegaram a perguntar na escola até se ele tinha câncer. Eles disseram que não e eram da igreja Batista. Sempre que raspava a cabeça, ele usava a túnica. Era tipo uma penitência e um voto de pobreza. Lembro que a Juliana raspou a cabeça uma vez, depois que a filha morreu. Eles pareciam ser muito carinhosos, iam em todas as apresentações da escola, filmavam e tiravam fotos. Juliana até chorava. Foi um surpresa para a gente. Ele até chamava: ‘Filho, papai chegou, e pegava ele’”, disse.

QUADRO DE TRISTEZA

Já a professora Gilmara Conti Magescky, que deu aula para Kauã Salles no ano de 2017, informou que ele era uma menino alegre, muito inteligente e tranquilo. Porém, no final do ano passado, apresentou mudança no comportamento com um quadro de tristeza, dizendo que não queria ir para a escola.

“No final do ano ele apresentou um quadro de tristeza e não queria ficar na escola. Queria ficar só com a mãe. Ele abraçava a mãe e dizia que só queria ficar com ela. Kauã estava bem e depois deu uma parada. Era um menino muito inteligente. Já lia e escrevia, mas depois não estava tão entusiasmado e não queria fazer as atividades. A mãe disse que não estava acontecendo nada”, contou.

'NÃO POSSO CONTAR'

A professora disse que chegou a questionar a criança sobre o que estaria acontecendo, durante conversas que teve com Kauã, mas ele disse que não poderia contar.

“Ele dizia: ‘Eu não posso contar. Se eu contar, eu vou estar falando mentira e isso não pode, porque é pecado’. Aí os pais foram chamado na escola e disseram que estava tudo tranquilo e não sabia por que ele estava falando aquilo. Depois da conversa com os pais, ele logo voltou normal”, disse.

PREFEITURA DE LINHARES

Por meio de nota, a prefeitura de Linhares informou que “o município vai buscar acesso ao inquérito policial, que estava em segredo de Justiça para tomar as medidas cabíveis, como a abertura de procedimento administrativo, que pode resultar em exoneração.

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Quanto à eventual questão criminal por omissão cabe ao Ministério Público ou ao órgão competente.”

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