Assaltada pela quarta vez, a garçonete Dara Matos Bezerra, 23 anos, conta que só reagiu porque viu a arma apontada para a cabeça do irmão e afirma que não se arrepende da decisão que tomou. Esse foi o quarto assalto sofrido por ela, na rua da casa da mãe, em um período de um ano.
A tentativa de assalto aconteceu no bairro Cocal, em Vila Velha, na noite desta segunda-feira (27). Dara e o irmão reagiram após perceberem que os criminosos estavam com uma arma falsa.
No vídeo, é possível ver que os criminosos encostam com o carro, um Renault Logan prata, em uma das ruas do bairro Cocal, por volta das 20h40. Do carro, descem dois homens. Um terceiro dirige o veículo. A garçonete corre para dentro da residência quando um dos ladrões chega apontando a arma.
O irmão dela é rendido e tem o celular tomado enquanto estava sentado em uma cadeira. Eu estava sentada na calçada, mexendo no celular. Não vi eles chegando. Quando ouvi eles dizendo que era para entregar o celular, levantei a cabeça e só tive a reação de sair correndo, relata a garçonete.
Dara correu para dentro de casa, mas ao escutar os gritos do bandido mandando ela voltar para fora, caso contrário atiraria na cabeça do irmão dela, a garçonete retornou para a rua. Porém, ao voltar, Dara - que já fez aulas de artes marciais - já chegou tentando tomar a arma de um dos criminosos.
A garçonete gritou para o irmão que a arma era falsa. Neste momento, os bandidos já tinham roubado o celular do rapaz e voltavam para dentro do carro. Quando os criminosos tentam fugir correndo, Dara e o irmão vão atrás deles.
O irmão de Dara dá um chute nas costas do assaltante que pegou o celular dele. O homem de desequilibra, mas consegue entrar no carro, junto com o comparsa. O rapaz dá um soco e quebra o vidro traseiro do carro. Ao mesmo tempo, Dara também corre em direção aos criminosos e dá um chute no vidro do lado do motorista.
Os bandidos conseguiram fugir e até o momento não foram localizados.
ENTREVISTA
Viu quando os bandidos chegaram?
Não vi. Estava sentada na calçada, em frente ao portão, de cabeça baixa. Olhava o celular quando eles pararam. Só ouvi um deles gritando, mandando a gente entregar o celular.
Por que correu?
Foi instinto. Levantei e corri para dentro de casa. Tinha acabado de ganhar o celular do meu marido, não ia entregar assim.
E por que decidiu voltar?
O bandido mandou eu voltar, senão ia atirar na cabeça do meu irmão. Minha mãe começou a gritar também. Vi que não precisava fazer alguma coisa.
O que fez?
Joguei meu celular no sofá e sai. Fui em direção ao bandido com a mão estendida, ele achou que eu fosse entregar meu celular. Quando ele veio pegar, puxei a arma da mão dele, que segurou para não soltar.
Por que fez isso?
Desconfiei que a arma era falsa, por isso tentei puxar da mão dele. Quando o carregador caiu no chão, tive essa certeza. Reagi porque vi meu irmão sob a mira da arma. Queria tirar ela da mão do bandido de qualquer jeito.
Quantas vezes já foi assaltada?
Essa foi a quarta. Todas aqui na rua. Reagi em todas elas. Na última, uma mulher me rendeu com uma faca. Não me arrependo do que fiz. A revolta é maior do que o medo.
POLÍCIA MILITAR: REAÇÕES SÃO PERIGOSAS
Procurada, a Polícia Militar informou que, nas situações de crise, como as de roubo, todos os envolvidos encontram-se em um estado alterado de emoções, no qual o nervosismo impera e qualquer reação súbita pode ocasionar uma tragédia e a perda de uma vida.
Portanto, o mais importante é manter o controle emocional e ficar atento às características físicas dos envolvidos e, tão logo seja possível, passar as informações, indispensáveis à captura dos criminosos, para a polícia.
Ao ligar para o 190, alguns fatores são fundamentais: o tempo e a calma para descrever as características físicas, o local onde ocorreu o delito, pontos de referência, direção para onde foram os criminosos e o meio utilizado para a fuga. Quanto antes essa informações forem passadas, maior a chance de captura.
Reações que intentem tomar armas utilizadas no delito são extremamente perigosas e desaconselháveis.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta