Após um major da Polícia Militar, de 43 anos, fugir depois de se envolver em uma batida de carro, na Avenida Dante Michelini, em Jardim da Penha, Vitória, na quinta-feira (20), a Associação dos Oficiais Militares do Espírito Santo (Assomes) preferiu não comentar sobre o caso por enquanto.
De acordo com o Tenente Coronel Roger de Oliveira Almeida, vice-presidente da Assomes, a Associação não pode comentar sobre o caso no momento porque só tomou conhecimento dos fatos por Whatsapp e matérias jornalísticas. Informado que a reportagem foi realizada com base no registro feito pelo Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes), com o depoimento dos policiais que atenderam a ocorrência, o vice-presidente afirmou que só falará sobre o caso quando tiver informações oficiais.
A reportagem tentou contato com o dono do Ônix. Todas as ligações deram caixa postal e ele não estava no endereço informado à polícia. Também foi realizado contato com o Major Almir por dois números telefônicos. Um deles dava apenas caixa postal. Já o outro no outro número, após a identificação da reportagem, o atendente disse que era engano. Na casa do major, uma jovem que se identificou como filha dele informou que o militar não estava em casa.
PERGUNTAS NÃO RESPONDIDAS
Por meio de nota, a assessoria da Polícia Militar (PM) informou que as medidas penais e administrativas referentes ao acidente em questão, e à negativa do militar em submeter-se ao teste de alcoolemia, já estão sendo adotadas.
A nota também descreveu que a corporação não apoia a conduta do Major Almir Alves Barbosa da Cruz.
A Polícia Militar do Estado do Espírito Santo e a Casa Militar não coadunam a conduta do oficial e afirmam que irão apurar os fatos e suas circunstâncias de acordo com a legislação vigente e com a imparcialidade que o caso exige, descreveu a nota.
Indagada se caso não fosse um oficial da PM que tivesse saído do local da batida diante dos policiais sem fazer os devidos exames, se o acusado seria perseguido, diferente do que aconteceu com o major, a PM não respondeu.
A reportagem também fez outros questionamentos, como:
- Oficiais podem ir a qualquer lugar usando o carro oficial?
- Que cargo o major ocupa na Casa Militar?
- O major foi multado?
- Os policiais na ocorrência serão investigados também?
- O major continuará trabalhando normalmente?
- Quem pagará o prejuízo do carro do Estado?
Porém, nenhuma pergunta foi respondida.
Procurada, a Polícia Civil informou que o fato será investigado pela Delegacia Especializada de Delitos de Trânsito.
O CASO
Segundo o registro feito pelo Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes), o major Almir Alves Barbosa da Cruz guiava a caminhonete Fiat Toro de placas ORG5G39, cor branca, que pertence à Casa Militar do Espírito Santo. Ele seguia pela via no sentido Praia do Canto Jardim Camburi e colidiu na traseira do veículo modelo Chevrolet Ônix, cor preta, que estava à frente.
Policiais do Batalhão de Trânsito estiveram no local e reportaram ao Comandante de Policiamento da Unidade (CPU) do 1º Batalhão da Polícia Militar que o major aparentava sinais de embriaguez. O CPU do Batalhão de Trânsito foi ao local para averiguar os fatos.
No entanto, o próprio Major entrou em contato telefônico com Centro de Operações Policiais Militares (COPOM) e exigiu que um policial mais antigo acompanhasse a ocorrência do Batalhão de Trânsito, como descreve o registro do Ciodes: "Neste interim, o Major Almir realizou contato com o COPOM, aparentando voz alterada. Objetivando o acompanhamento da ocorrência por oficial mais antigo". Porém, o atendente não conseguiu contato com o Oficial Superior escalado de serviço.
O Ciodes entrou em contato com oficial a frente do Comando de Policiamento Ostensivo Metropolitano (CPOM) e da corregedoria da corporação. A determinação foi de que o Major Almir realizasse o teste do bafômetro e demais orientações da guarnição de Trânsito.
Contrariando a orientação, o major assumiu a direção da caminhonete e deixou o local. Após essa situação, o condutor do Ônix realizou teste do bafômetro que apontou negativo para a ingestão de álcool. Ele também deixou o local alegando que combinou com o Major Almir de que seria ressarcido dos danos ao carro pelo militar.
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