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'Dizia que ia furar a menina', diz mãe de bebê feita refém pelo pai

"Dizia que ia furar a menina", diz mãe de bebê feita refém pelo pai

Sem conseguir conter o choro, ela contou que o marido, o ajudante de pedreiro Adilcimar Ribeiro dos Santos, de 42 anos, fez a filha refém por não aceitar que a mulher pudesse pedir a separação

Publicado em 28 de julho de 2019 às 20:02

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A dona de casa Lucimara Pereira Falcão é mãe do bebê de dois meses feito refém no bairro Resistência, em Vitória. (Ricardo Medeiros)

Horas antes de conseguir recuperar a filha, a dona de casa Lucimara Pereira Falcão, de 44 anos, conversou com a reportagem do Gazeta Online. Sem conseguir conter o choro, ela contou que o marido, o ajudante de pedreiro Adilcimar Ribeiro dos Santos, de 42 anos, fez a filha refém por não aceitar que a mulher pudesse pedir a separação.

Como a discussão entre vocês teve início?

Ele tinha ido trabalhar e eu fui da casa da minha irmã, com minha filha no colo. Depois fui na casa do meu cunhado e no caminho encontrei o Adilcimar voltando do serviço. Ele perguntou se a porta estava aberta e eu respondi que sim. Mas não parei. Ele entendeu que eu não dei atenção a ele. Que saí falando... Aí ele foi beber no bar, voltou para casa umas 21 horas, nós discutimos porque ele se sentiu ignorado por mim mais cedo e saiu pra beber de novo. Quando ele voltou, por volta de meia-noite, ele me chamou pra abrir o portão. Aí ele achou ruim que o portão estava fechado. Eu falei que tinha deixado aberto, que ele que fechou o portão. Ele continuou dizendo que eu que tinha fechado. Eu disse que no dia seguinte a gente conversava, porque ele estava bêbado. Aí ele começou a alterar a voz e gritar.

O que você fez nesse momento?

Falei que os vizinhos não precisavam escutar aquilo. Que eu não aguentava mais discussão. Falei que daquele jeito não dava mais. Aí ele ficou nervoso e disse: "Se você me largar, nem eu e nem você fica com a  neném". E ainda falou: "Amanhã eu vou trabalhar e vou levar minha filha".

Eu falei que ele podia passear coma  filha dele quando quisesse, mas não levá-la ao trabalho, que não é ambiente para um bebê. Aí ele falou: "Eu sou pai, eu tenho direito de levar minha filha pra onde eu quiser, igual a você". Eu continuei falando que ele não a levaria para o trabalho, foi quando ele fez a primeira ameaça, dizendo: "Então eu vou acabar com ela aqui. Nem você e nem eu vamos ficar com ela". Eu disse que ele não era doido. Aí ele falou: "Você quer ver?".

Aí ele pegou a faca, pegou a menina - que já estava na cama, e começou a ameaçar esfaqueá-la. Ele fazia os gestos como se estivesse furando o bebê. Eu e minha filha de 9 anos, que não é filha dele, entramos em desespero. 

Adilcimar Ribeiro dos Santos faz bebê de dois meses refém em Vitória. (Reprodução)

Qual foi sua reação?

Eu fui pra cima dele e o segurei pela camisa. Ele tirou a minha mão e mandou eu ir embora com a menina de 9 anos. Ela estava em desespero, implorou para o padrasto não fazer nada com a irmã mais nova. Então eu mandei que ela saísse e fosse pra casa da irmã mais velha, de 20 anos, que mora aqui perto. Eu não queria que ela visse aquela cena. Ele me empurrou para fora, e eu disse que não ia sair sem o bebê. Aí ele disse que iríamos sair juntos e desceu. Foi quando ele saiu de casa com a menina e a faca pela rua. Eu fiquei do lado de fora e logo depois ele retornou. Aí ele já entrou na casa e se trancou por dentro, sem que eu tivesse tempo de entrar também. 

O que ele fez em seguida?

Minha filha já estava chorando muito. Aí ele subiu com o bebê, pegou a menina pelos pés e começou a sacudir da sacada do terraço, que fica no terceiro andar. 

Aspas de citação

Ele virava minha filha de cabeça pra baixo e dizia que iria jogá-la lá de cima (choro). Aí ele pegava a faca, passa pelo corpinho dela e dizia que ia furar a menina. Ele surtou. Ele nunca foi violento.

Aspas de citação

Ele fez mais ameaças?

Sem. E os vizinhos gritavam. Eu pedia para as pessoas ficassem quietas, porque quanto mais elas gritavam, mas o Adilcimar ficava agitado. Os vizinhos colocaram colchão e uma manta na direção da minha filha. Pra tentar salvá-la se ela caísse ou fosse jogada. Enquanto isso, meu genro chamou a polícia. Aí o Adilcimar desceu as escadas e já no térreo, pela grade, falou para minhas duas filhas de 9 e 20 anos darem um beijo na irmã como despedida, porque elas não iriam mais se ver. Eu pedi para ele não fazer nada, implorei. Aí ele dizia "Você não quer mais nada comigo, você tá me deixando de lado. Se for pra desgostar, eu desgosto mesmo. Agora você aceite as consequências. Sua filha você não vai ver mais (choro). Tá sendo muito difícil pra mim. 

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