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Implantação do bilhete único no Transcol vai ser prioridade

Implantação do bilhete único no Transcol vai ser prioridade

Futuro secretário de Transportes e Obras Públicas promete melhorias no sistema de transporte coletivo, que no futuro vai agregar aquaviário e bicicletas compartilhadas

Publicado em 25 de dezembro de 2018 às 21:00

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Com o grandioso desafio de melhorar o transporte público, o trânsito e ainda dar fluxo à execução de obras viárias complexas, o futuro secretário de Transportes e Obras Públicas do governo do Estado, Fábio Damasceno, que ocupou a mesma função no governo de 2011 a 2014, volta à gestão estadual prometendo aplicar conceitos novos e modernos de mobilidade urbana, e que são possíveis de ser aplicados neste período de economia restrita.

Um dos destaques, que já seria possível de ser implantado no início do governo, e que teria baixo custo é o bilhete único no sistema de ônibus do Transcol, para a Região Metropolitana. Com ele, a ideia é que o passageiro possa acessar serviços de todos os modais – ônibus, bicicletas, e futuramente o aquaviário, com um mesmo cartão, que possa ser carregado diretamente pelo celular.

Para Damasceno, que desde 2016 atuava como secretário de Mobilidade do Distrito Federal, a integração no transporte público é urgente, para que haja a prestação de um serviço de melhor qualidade e agilidade.

CONFIRA A ENTREVISTA:

O futuro governo já indicou que as obras prioritárias já neste início de gestão são a conclusão da Avenida Leitão da Silva, a reforma e reativação do Terminal de Itaparica e a implantação da barreira contra suicídios na Terceira Ponte. O que os levou a escolher esses investimentos?

Foi pela questão da urgência. A Leitão da Silva foi um projeto feito no nosso governo anterior, a obra foi iniciada lá, até hoje não foi concluída, e precisa ser de uma vez por todas. O Terminal de Itaparica apresentou esse problema ao longo do ano, e que precisa ser solucionado. Ele é extremamente importante para a integração do transporte público, principalmente na região de Terra Vermelha, em Vila Velha. Esses passageiros estão muito prejudicados. Já a barreira é fundamental para evitar que toda a Região Metropolitana tenha o trânsito afetado por possíveis suicídios.

Para o médio prazo, o governo promete o aquaviário, BRT e a integração entre modais, ideias que já tinham sido postas na gestão anterior de Casagrande, mas que não tiveram avanço. Por que insistir nesses projetos?

Agora em janeiro faremos uma avaliação completa de tudo isso. Uma prioridade total é colocar o aquaviário para operar, mas não vamos dar prazo. No fim do nosso governo, o edital foi publicado, mas precisamos atualizar os estudos, ver os custos de operação, fazer uma adequação com a atual realidade econômica, do tráfego da Região Metropolitana, e a partir daí teremos condição de dar um prazo. Mas vamos começar a partir do 1º dia de governo. Em relação ao BRT, nós deixamos o projeto executivo feito. Hoje, a gente acredita que ele pode ser feito por etapas, não necessariamente precisa fazer todo o traçado dele. Podemos começar por alguns trechos, com uma mescla com faixas exclusivas, como a que tem em Vitória. E vamos avaliar os projetos que o atual governo deixa. Foram 4 anos de trabalho, não podemos jogar isso fora. Um exemplo do que terá continuidade é o projeto da quinta faixa da Terceira Ponte, que vamos analisar o custo, e trabalhar para a implantação dela.

Em 2014, a proposta para o aquaviário foi de uma parceria público-privada (PPP), com 80% dos recursos bancados pelo governo do Estado e 20% pela empresa contratada, a um custo anual de R$ 39 milhões. O projeto deve seguir esta linha?

Provavelmente vamos mudar alguns parâmetros, avaliar as novas demandas, a localização das estações, o projeto. Passaram-se quatro anos. Naquela época, o edital chegou a ser publicado, e a gente tem que reavaliar o projeto agora. Há novos conceitos de mobilidade que a gente traz, com mais integração, com o conceito do bilhete único metropolitano, da última milha, coisas que não tinham na época, e que também vão interferir no projeto do aquaviário. Vamos também avaliar a condição econômica do Estado, as tarifas possíveis, para definir se lançaremos uma nova concorrência, concessão ou PPP. Tudo vai depender do conceito da formatação da estrutura do novo aquaviário.

Como pretendem modernizar o sistema de transporte coletivo, para que as pessoas reduzam o uso do automóvel?

São várias ações. Criar o bilhete único metropolitano, fazer a integração do Transcol com Vitória e Vila Velha, a reformulação dos terminais que estão sucateados, renovação de frota, criação e reconfiguração de linhas são propostas que a gente também traz a partir de estudos, em que fomos entender por que está perdendo passageiros, e como pode agregar. Há também o projeto da “última milha”, em que é feita uma relação de outros meios com os terminais, utilizando táxi, bicicleta. E daremos o incentivo para as prefeituras implantarem de ciclovias, ciclofaixas. Sabemos que o sistema passa por um processo de degradação, hoje a frota é de idade média de 6 anos, é envelhecida. Precisamos trazer uma renovação. Assim, pode haver a melhoria da imagem do sistema de transporte público.

Quais ideias ou inspirações o senhor vai trazer desta experiência na área de transportes no Distrito Federal?

Trabalhei pela consolidação do sistema tronco-alimentador, da integração entre os terminais de ônibus, e trazendo novas modalidades de transporte. No Distrito Federal, onde há metrô, integramos ao ônibus por meio do bilhete único metropolitano, que também serve para a bicicleta, fazendo um pacote só para o transporte público, inclusive nos terminais. O bilhete único pode ser comprado através de aplicativos, que é o que você tem de mais moderno hoje, para não precisar ir em um terminal para recarregar, reduzindo o dinheiro a bordo, o que aumenta a segurança. Isso aumentou 30% a integração do sistema de transporte público.

A bicicleta passou de 20 mil viagens por mês para 55 mil, ligando o transporte público a polos geradores de tráfego. Também implantamos a “última milha”, conhecida como “last mile”, para ampliar esse conceito de integração. A última milha são aqueles últimos 2 km, ou aquela curta distância, após descer do ônibus, que você pode fazer com o sistema de bicicletas compartilhadas, a pé, mas desde que tenha uma estrutura para isso, que se ofereça bicicleta, ciclovia, ciclofaixa. Oportunizar que a pessoa faça o trajeto de uma forma mais sustentável e até mais rápida.

O nome do senhor é um dos poucos que Casagrande está repetindo no primeiro escalão, em comparação à gestão anterior dele. O que pretende fazer de diferente?

Primeiro, quero agradecer a confiança do governador, e destaco que são anos de atuação na área, e a experiência que tive no Estado e no Distrito Federal me traz o conhecimento sobre uma série de inovações do que há de mais moderno na mobilidade, para acelerar a transformação do Estado. O que vemos é uma deterioração do transporte público nos últimos 4 anos, o aumento dos congestionamentos, e precisamos de soluções rápidas, econômicas, para que a população possa sentir logo a diferença.

No outro mandato em que atuei aqui, nós tínhamos uma realidade econômica diferente, tínhamos financiamentos, editais publicados, recursos para as obras serem feitas, mas eram licitações complexas, que exigiam tempo, e poderiam ter questionamentos, o que é normal em um programa de infraestrutura grande, como o que elaboramos. O que nos propusemos a fazer não se termina em quatro anos, é um programa de Estado, não é de governo. Em infraestrutura, o importante é ter sequência de trabalho. Hoje, a realidade econômica é outra, a necessidade de velocidade é outra, existem outras ferramentas de mobilidade, que foram desenvolvidas ao longo desses anos. As ações que estamos propondo trazem melhorias para a população a um custo mínimo. São de rápida implantação para que, enquanto isso, as obras grandes sejam feitas, apesar das dificuldades.

Quais medidas são consideradas de baixo custo?

Há medidas de mobilidade e conceitos mais modernos que não custam praticamente nada para o governo e a gente consegue implantar mais rápido: a reestruturação do bilhete único metropolitano, a integração do Transcol com Vitória e Vila Velha, a “última milha”, com bicicletas compartilhadas. Enquanto isso, nós vamos desenvolvendo obras que são extremamente necessárias, como a Leitão da Silva, o Portal do Príncipe, o viaduto próximo ao Vitória Apart Hospital, a quinta faixa na Terceira Ponte e o aquaviário, que levam um pouco mais de tempo.

Casagrande ainda diz ter algumas ressalvas sobre o projeto da quinta faixa na Terceira Ponte, por considerar que ela só se justifica se houver a ampliação da subida e descida em Vila Velha. Qual é a avaliação do senhor?

Eu vejo como positivo. Na outra gestão já tínhamos desenvolvido um projeto de ampliação da Terceira Ponte. Não precisa começar nada do zero. Vejo que ela precisa passar por uma solução imediata. Vamos ver o custo para se implantar, como seria implantado, com qual logística durante a execução das obras. Pois lá não tem como fazer intervenções ao longo do dia, por exemplo, pois traz transtornos no trânsito. Mas, de fato, é preciso mudar a chegada e a saída de Vila Velha, pois não adianta ter cinco faixas, sendo que em Vila Velha só serão duas, um alargamento precisa ser feito. Vamos olhar o projeto, custo, todas as interferências necessárias, para que traga benefício definitivo. Temos preocupação com todas as chegadas em Vitória. Como a da Serra, perto do Apart Hospital, e também na Ilha do Príncipe. Intervenções nesses locais melhoram tanto o transporte individual como o coletivo.

Técnicos apontam que na Segunda Ponte há problemas na estrutura de sustentação, e que se nenhuma grande intervenção for realizada, ela poderia ceder e levar à interdição para o tráfego. O governo vai tomar alguma providência?

Temos exemplos recentes no Brasil de quedas de viadutos e pontes, o que demonstra que essa manutenção de infraestrutura é fundamental. A gente já tem o monitoramento da Segunda Ponte, sabe quais são os problemas, pois foram apontados pelo Conselho Regional de Engenharia (Crea). Mas o DER só controla um pedaço da ponte, em Vila Velha. Vamos primeiro conversar com o Dnit para ver qual é a possibilidade de corrigir os problemas, qual é o custo, o que pretendem fazer, pois a manutenção não pode esperar. Também cogitamos a alternativa de estadualizar a Segunda Ponte, com o governo federal fazendo uma cessão, para que o governo mesmo possa fazer uma manutenção, implantar uma iluminação melhor. Vamos conversar com o governo federal, e o importante é que possamos ter o mais rápido possível uma manutenção.

As obras do Portal do Príncipe também serão retomadas?

Sim. Vamos priorizar o Portal do Príncipe, que foi uma obra que nós iniciamos, foi montado o canteiro, imóveis foram desapropriados e o contrato foi cancelado. A descida da Segunda Ponte é uma prioridade. Há todo um congestionamento que ocorre, prejudicando o transporte coletivo e o individual. São projetos que deixamos prontos e temos como prioridade a implantação. A intenção é licitar a obra.

Investimentos federais em infraestrutura também são muito esperados, e, se realizados, melhorariam a mobilidade e a malha viária estadual, a exemplo do Contorno do Mestre Álvaro, na Serra. No entanto, ainda estão a passos lentos. Como o governo vai lidar com isso?

O Contorno do Mestre Álvaro é fundamental. Nós licitamos essa obra, estávamos com recurso disponível, demos ordem de serviço, foi feita a contratação, e a obra era do governo do Estado e passou para o governo federal. Ele é prioritário, assim como as intervenções nas BRs 101 e 262. Agora, com o governo federal novo, vamos conversar, cobrar e exigir as melhorias na nossa infraestrutura. Não só de rodovias, mas como de ferrovias e portos.

Como será a montagem da equipe? Vai evitar interferências políticas?

Certamente. A engenharia não pode ser invadida pelas relações políticas. Eu, como secretário, sou engenheiro, especializado na área, então não seria diferente na equipe, que será muito técnica. O governador sabe dessa importância, e sempre priorizamos bons técnicos da área de engenharia e arquitetura.

CONFIRA OS PROJETOS

Início do governo

Obras

Avenida Leitão da Silva

Iniciada em 2014, passou por mudanças no projeto e terá prioridade. A previsão é de ser concluída em junho de 2019.

Terminal de Itaparica

Foi fechado em julho, e está sendo feito projeto para nova cobertura do terminal.

Barreiras na Terceira Ponte

Até janeiro, a Agência de Regulação de Serviços Públicos do Espírito Santo deve anunciar o modelo das barreiras de proteção da Terceira Ponte que poderá ser licitado.

Transporte público

Integração no Transcol

Integrar os sistemas de Vitória e Vila Velha ao Transcol.

Bilhete único

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Servirá tanto para pagar a passagem de ônibus quanto a do transporte aquaviário e das bicicletas compartilhadas, com um mesmo cartão.

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